A Mulher Adultera

 

Uma passagem marcante do Novo Testamento encontra-se no apedrejamento da mulher adultera. Naquele tempo era comum as mulheres apanhadas em flagrante adultério, serem apedrejadas até a morte por causa desse crime. Assim está prescrito na Lei de Moisés.

 

Provocações a parte, os fariseus e escribas levaram para diante de Jesus um caso desse tipo. A multidão já estava pronta para a execução, bastava ouvir as ordens das autoridades. Mas Jesus não se abala com nada, pois conhece bem o que cada um traz em seu coração. Como insistissem em ouvir a sua posição sobre o caso Ele simplesmente disse :

 

  • Quem dentre vós estiver sem pecado, seja o primeiro a lhe atirar uma pedra !

 

E abaixou-se para, distraidamente, escrever no chão, pois sabia qual seria o resultado disso. E o que aconteceu ? Aos poucos, cada um foi saindo de fininho, a começar pelos mais velhos (significativo isso, não ?). Quando não tinha mais ninguém no local, apenas Ele e a mulher, o que aconteceu ? Jesus olhou em volta e perguntou para ela :

 

  • Mulher, onde estão eles ? Ninguém a condenou ?

 

Ela respondeu :

 

  • Ninguém, Senhor !

 

Disse Ele :

 

  • Nem eu a condeno. Vai, e de agora em diante não peque mais !

 

Ora, nem Jesus a condenou e por que ? Porque Ele não veio para julgar ninguém. Ele veio para anunciar a salvação que se encontra no Reino de Deus, que já está no meio de nós. Essa é a maior expressão de amor. É um amor acima de qualquer suspeita, nós “ainda” não aprendemos a amar dessa forma, infelizmente.

 

Essa mensagem edificante nos mostra que a maior condenação está dentro de nós mesmos. Quando acertamos, ficamos em paz; quando erramos um sentimento de culpa nos consome. E isso acontece independente de sermos cristãos ou não. Por que ? Porque trazemos de berço uma "consciência" natural : sabemos o que é certo e o que é errado.

 

Ainda no Evangelho de João, Jesus nos deixa um novo mandamento : - Amai-vos uns aos outros como eu vos amei. Nesta frase o mais importante é a segunda parte : - … como eu vos amei. E como é que Ele nos amou ? Com toda a Sua vida. O amor em plenitude, o amor que se preocupa com o “outro”, pois deu a vida por todos nós, sem exclusões. O amor “alteridade”.

 

Aliás, um pequeno parênteses, a língua portuguesa é fascinante. Ela tem pequenos detalhes significantes. Vejamos as palavras : autoridade e alteridade. O que é autoridade ? Pessoa que tem poder, que olha para o próprio umbigo, que dá ordens sempre de cima para baixo. O que é alteridade ? Qualidade do outro. É colocar as outras pessoas em primeiro lugar. É olhar para o nosso semelhante em nível de igualdade, é ter consciência de que somos todos iguais. Esse era o amor que Jesus nos deixou em um novo mandamento.

 

Mas isso é terrível para algumas pessoas, elas não se conformam com esse tipo de sentimento : que somos todos iguais. Elas se julgam melhores, superiores e diferentes. Onde ? Como ? De que forma ? 

No decálogo existente no Antigo Testamento, qual é o segundo mandamento ? Amar ao próximo como a si mesmo. Portanto, para nós cristão, o amor é a chave de interpretação de toda a nossa vida espiritual. E esse é o problema maior que enfrentamos nos dias de hoje. Como viver esse amor jesuano em pleno século XXI, onde impera o egoísmo, o individualismo, o consumismo e o pior de todos estes : o narcisismo ?

 

Fica como reflexão o seguinte : é possível amar e odiar ao mesmo tempo ? Claro que sim :

 

 

 

AMAR O AMOR E ODIAR O ÓDIO !

 

 

 

Leandro Cunha

 

 

 

Leandro Cunha
Enviado por Leandro Cunha em 07/06/2011
Reeditado em 04/08/2013
Código do texto: T3020441
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