" O Sinhô Deus i a enxada do Sertanejo "

Ô Pai Deus

Olha pelas nossa criança

I não me deixe faltá a força

Porque da enxada é qui vem o pão

Qui mata a fome e dá esperança

Antônio, o primeiro di nosso filho

Filho d'eu e de Terezinha

É bom menino, sabe...é um sonhadô

Diz que vai ser doutô quando crescê

I que desse sertão vai fazê até flor florescê

Camila, é boazinha feito um anjo

É a menina mai linda qui eu já vi em todo nordeste

Terezinha diz qui si os olho dessa nossa filha falasse

Ia sê pura poesia

Qué sê professora, Sinhô...qué ensiná todo o nosso povo

Luizinho, essi menino é teimoso

Sei mais o qui fazê com ele não, Meu Deus

Ô Pai, o "bichinho" é travesso por dimais

Essi qué sê carpintero qui nem o paizinho, ele diz

É baguncero, mais tem coração bonito, cheio de paz

Meu sinhô, si o primeiro num fô doutô, num ligo não

Si Camila num pudé ensiná nosso povo, ainda vô sê feliz, Meu Pai

Luizinho, deixa ele sê carpintero não, já sofro por dimais na roça

Mas meu sinhô, num deixa faltá na mesa nada não

Nem farinha, nem feijão, nem água nessi nosso sertão

Mas si nada tivé na mesa sinhô

Sei que é porque o Pai é qui qué assim

I serei o mesmo Severino, bom pai prás criança

I devoto ao Sinhô

Mas ti peço Sinhô, não me deixi faltá a força nos punho

Qui a minha enxada seja levantada por tuas mãos

I que dessa nossa terra jorre água do teu pranto de alegria

Qui Terezinha seja sempre essa mulhé boa qui só eu sei qui é

I se não fô pedi muito, Pai Deus

Num deixa as criança chorá di fome mais não

Paulo Hirami
Enviado por Paulo Hirami em 27/05/2011
Reeditado em 27/05/2011
Código do texto: T2997639
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