Réquiem
Não se preocupem agora em chorar por mim,
Pra que isso?
Não me questionem pelo que fiz, e também pelo que eu deixei de fazer.
Nenhum de vocês têm culpa alguma, nem mesmo eu.
Trilhei os caminhos orientado pelo meu livre arbítrio, me apaixonei, amei, chorei, sorri muito, gargalhei à beça, deixei alguns cavalos arreados passarem por mim e não os montei, mas me aventurei cavalgando alguns outros alazões que me deram prazer.
Não quero que se recordem de mim pelos meus erros, e deixem mais distantes ainda as lembranças por algum mérito que tive, isso seria pura hipocrisia nesse instante.
Se quiserem, vocês podem fazer algo, não por mim, não preciso de mais nada, mas por vocês mesmos. Visitem o velho parente no asilo de vez em quando, não esqueçam de vez ou outra ligar para aquele amigo de outrora que não se deu muito bem na vida e se distanciou, talvez ele nem precise de coisas materiais, e sim só de palavras amigas para poder sobreviver. Conversem com seus parentes, nem que seja por telefone, sejam menos exigentes com a vida de vocês e menos ainda com a vida dos outros, deixem os rancores e os ranços pra lá, brindem sempre os bons momentos, pois eles são breves.