VIA SACRA DA CONSCIÊNCIA ATORMENTADA
Tomara Deus, eu não seja
um amigo fingido e traidor
o qual, sem piedade, venda-Te
por moedas sem algum valor.
Tomara Deus, eu não seja
o falso e frio beijo em Tua face;
tão pouco, a voz entre os lábios
que pelo Teu nome, entregaste-Te.
Tomara Deus, eu não seja
um covarde a negar Tua amizade
e, por três vezes, questionado
que assuma em mim Tua bondade.
Tomara Deus, eu não seja
o insensato Pilatos que Te julgou,
trocando-Te pela barbárie que,
sob tentação, a multidão aceitou.
Tomara Deus, eu não seja
a mãe consternada em dor
vendo-Te, perseguido e torturado,
pelas mãos tiranas do aniquilador.
Tomara Deus, eu não seja...
o chicote que marcou o Teu corpo
de traços de sangue coagulado,
fazendo-Te morrer, pouco a pouco,
Nesta via, em vermelho molhado.
Tomara Deus, eu não seja
o peso que Te desequilibrou,
nem mesmo, o chão tão ríspido
que os Teus joelhos, machucou.
Tomara Deus, eu seja
um cireneu, por acaso, a passar.
Ajudando-Te a carregar a cruz
para, do teu peso, Te aliviar.
Tomara Deus, eu não seja
em Tuas mãos um prego fincado;
nem em Teus pés sobreposto,
algum pedaço de carne arrancado.
Tomara Deus, eu não seja
a cruz que sustentou a Tua mágoa;
nem mesmo, este amargo vinagre
que Te deste quando pediste água.
Tomara Deus, eu não seja
em Tua cabeça um espinho a ferir;
nem em Teu peito ofegante de dor,
uma lança pontiaguda a Te atingir.
Tomara Deus, eu não tenha
nenhuma dor em minha alma,
nenhuma chaga em meu corpo,
nenhum cravo em minhas palmas.
Tomara Deus, eu me arrependa
de todos os meus vários pecados.
pois vale mais a alma fervorosa
do que um pérfido, por Ti revelado.
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®
Giovanni Pelluzzi
São João Del Rei, 03 de abril de 2011.
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Agradeço a todos, poetisas e poetas, pelos gentis comentários e pela apreciação!
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