CHUVA NA MEDIDA
O céu negro e cinza,
já persiste a semanas
a tua face tão ranzinza
pelas mazelas humanas.
Hoje chove, o verde belo,
amanhã charcos funestos
e um céu musgo-amarelo,
nas vozes dos meus protestos.
O que vale na noite o grilo,
ou no alvor o imenso frio,
e um luar com mais sigilo,
se tudo é tão sombrio?
Mande D´us um forte vento
dissipando as nuvens cinzas,
só um bem e um pensamento
traga o sol as flores lindas.
Veja a chuva aonde molha,
aonde vão as suas vagas?
Arrastando casas, desfolha,
é com as vidas que pagas?
Um pouco de piedade,
um sinal de compaixão,
chuva jorra a fertilidade,
mas estenda também a mão.
Espero do alto uma balança,
justa na sua boa medida;
com a chuva, a bonança,
com a bonança, viva a vida.
(YEHORAM)