Culto a morte
Hoje gostaria de morrer um pouco. Gostaria de ver sangue vivo escorrendo dos meus pulsos. E ver o encontro da vida, que suplica por seu último suspiro, com a morte que vem soberana angariar o que é seu por direito. Sentir-me vivo e sentir-me morrer no mesmo instante. Só assim privo-me da frialdade lacônica das relações pífias humanas.
Para viver é preciso sentir-se vivo. A morte, presente em cada milésimo de segundo de nossas vidas, vem trazer a dor para livrar-nos da anestesia de nossos sentidos.
Quero morrer, sim. Mas que seja só por um segundo. Tu és bem vinda, cara morte. Trazei-me vida!