Reflexão
Vinhateiros
A parábola dos “vinhateiros homicidas” é uma das mais expressivas narrações alegóricas que Jesus nos deixou quando de sua visita há dois mil anos atrás. Profunda, ela desce às entranhas da sociedade da época e identifica, claramente, as ações de cada membro da comunidade e descreve o seu respectivo papel.
Mas encontramos nessa parábola, uma questão de interpretação a ser esclarecida. Afinal, a parusia será o retorno de Jesus ou não ?
Na parábola encontramos os seguintes personagens :
O “dono da vinha”, que nada mais é do que Deus ou Javé, como reverenciado pelos judeus e, hoje, não só por eles mas por todos os cristãos, também;
A “vinha”, representada por Israel, povo eleito pelo Senhor e acusado de não produzir “os frutos” que Javé desejava;
Os “vinhateiros”, são as classes dominantes do povo de Israel, a quem o Senhor retirou da escravidão no Egito e conduziu pelo deserto para a terra onde “brota leite e mel”, para a liberdade, uma nova vida;
Os “servos do dono da vinha” são os diversos profetas que o Senhor enviou ao longo dos tempos para “recolher” dos vinhateiros a sua parte nos frutos da vinha, mas que foram mal tratados ou mortos por eles em suas missões;
E por último, temos o “filho do dono da vinha”, que nada mais é do que o próprio Jesus, narrando aos fariseus e saduceus essa maravilhosa parábola, que ainda hoje, encontra-se “viva”, pois temos muitos “vinhateiros” espalhados pelo mundo afora;
Ao ouvirem essa parábola, os judeus entenderam, perfeitamente, que Jesus falava deles, da dureza de seus corações, do apego à Lei e às tradições. Jesus mandava um recado claro e direto aos sacerdotes, aos escribas, aos anciãos e aos doutores da Lei.
Ao longo da história Jerusalém ficou conhecida como “assassina” de profetas. E isso fica muito bem registrado nessa passagem, uma vez que a “vinha” é representada por aquela cidade. A Galileia é a terra do “acolhimento” e Jerusalém, a terra da “rejeição”.
Ao relatar essa passagem, o evangelista Marcos comete um pequeno engano. No versículo oitavo ele diz :
E agarrando-o (a Jesus), o mataram e o lançaram fora da “vinha” (Jerusalém);
Mas foi o contrário o que aconteceu. Primeiro, eles o lançaram para fora de Jerusalém e depois o mataram, crucificando-o no Gólgota.
Mas você deve estar se perguntando:
O que tem a “parusia” a ver com toda essa história ?
Primeiro, vamos lembrar o que significa a “parusia” :
“A segunda vinda de Jesus Cristo à Terra, conforme textos do Novo Testamento, mormente as cartas de Paulo.” Mas em nenhum dos Evangelhos encontramos essa informação dita pelo próprio Jesus !
Nessa parábola dos vinhateiros homicidas, encontramos um sinal de divergência. No versículo nono, o Evangelista Marcos nos pergunta :
Que fará, pois, o Senhor da vinha ? Virá, e destruirá os lavradores, e dará a “vinha” a outros.
Ora, quem é o dono da vinha ? O Senhor ! Então, é o Senhor que, em algum momento,“virá” e não Jesus ? Encontramos essa mesma testificação no três Evangelhos sinóticos ! Todos falam exatamente assim. Dando margem ao entendimento de que na parusia, quem virá será o Senhor, nosso Deus.
Mas, não podemos nos esquecer do que disse Jesus em João 10, 30 :
Eu e o Pai somos um ;
Portanto, quem virá, sem a menor sombra de dúvidas, é o Pai, o Filho e o Espírito. Como diria Santo Agostinho : o Amor, o Amado e aquele que Ama !
A benção será T R I N I T Á R I A .
Leia : Mc 12, 01 – 12; Mt 21, 33 – 46; Lc 20, 09 – 19 e Isaías capítulo 5;
Meditando :
Quem são os vinhateiros homicidas dos dias de hoje ?
Onde você se enquadra nessa parábola ? Seja sincero !