MEU JEITO DE ORAR.

Meu jeito próprio de Orar.

Quem souber rezar reze. Se "rezar conforme" lhe conforta, reze! Esta forma de comunicação com DEUS é particular, mais partícula, do que do ar; mais no éter do que do mar; mais do alto do que do altar.
"Como eu não sei rezar, só queria mostrar meu olhar, meu olhar,  meu olhar"... Então irrompo à noite olhando estrelas e elas me entendem e conduzem ao infinito minhas finitudes. Meu encontro com Deus é único porque é só meu; é plural porque não vivo só e meus sonhos devem ser de muitos, minha reza deve ser de tantos quanto eu queremos ser felizes.
Neste momento em que a madrugada se entrega ao dia, Virgem Maria me ilumina a alma, pois o corpo o tempo se encarrega de polir, de somar e diminuir quando é preciso. Não quero da vida além do que preciso, mas não posso permanecer entregando ao vento angústias descabidas de hábitos antigos desprotegidos dos meus viveres.
Cada entardecer não se justifica em cada anoitecer. Na verdade o dia de amanhã não nos deve pertencer, assim diz o Senhor. Mas como igualmente nos diz Ele, "fazes que te ajudarei", ajuda-me a compreender sempre mais os percalços da caminhada; acima de tudo os caminheiros que não pedimos para nos acompanhar, mas nos seguem por obstinação.
Concede-me Senhor, a paz que eu não preciso, mas a quero para dividir com inimigo. Dai-me abrigo sob as verdades absolutas, porque relativa não pode ser minha crença, nem minha vontade. Invade meus aposentos nesta noite para que ao amanhecer o despertar me cubra com os raios de sol e de sal. O sol da esperança e o sal da vida para que nada se perca e nada se transforme, mas tudo se forme segundo merecimentos reais.
Adianto o relógio do tempo, mas ponteiros não há. Há o atlântico em minha frente como que me dando lições de grandeza sendo eu tão pequenino. Mar, misterioso mar! No conchavo com a madrugada, não olvides nem te queixes. Apenas conceda-me a canção do vento assobiando nos cabelos da morena, enquanto eu me encontre comigo e com meus poemas de além mar. Além do mar, Deus não é outro, nem eu o serei igual em pecado. Não me vejo empreitando novos rompimentos éticos, no sentido de que minha conta com Deus não pode mais ser soma. De Deus quero as possibilidades todas de divisão: dividir perdão, amor, compreensão. Somar atitudes positivas, disseminar a paz, alinhavar novos "ais".
Acoberto-me no escuro que o milagre da vida concede todo dia: entra noite sai o dia, madrugada não urgia no meu farfalhar.
Se amanhã não puder; se a tarde não vier; se a noite não acasalar, praza Deus que eu esteja lá onde o bonde da eternidade só passa uma vez, no viés da translação da felicidade...