Reflexão


Palavras


O que é a palavra ? É o modo de se comunicar, de falar, de escrever, de se fazer entender, manifestação verbal ou escrita entre as pessoas para o belíssimo exercício da comunicação, do entendimento e das relações interpessoais. Sem as palavras caímos no vazio, perdemos boa parte da nossa inteligência, do nosso poder. Perdemos a graça.


A palavra é algo espetacular e encontra-se entre as “obras-primas” do ser humano, sem que este se dê conta disso. Tente imaginar o mundo atual sem as palavras, sem os idiomas, sem os verbos, sem os dicionários, sem as traduções, sem a grafia e as gráficas; enfim sem os meios de comunicação, sem a faculdade de expressar ideias através do som articulado: pela fala. Você consegue imaginar isso? E damos muito pouco valor a ela!


Fico imaginando como deve ter sido difícil e complicado para o homem os primeiros passos nas articulações da palavra, da fala. A angustia, a ansiedade, a irritação pessoal em querer se comunicar e/ou se fazer entender e não saber como proceder e não obter sucesso. Devia ser mesmo desesperador. Percebemos isso, hoje, quando as crianças começam a falar.


Entretanto, séculos e séculos se passaram, a evolução do homem é algo fenomenal e indiscutível. O vernáculo de cada país, também cresceu e se desenvolveu, já temos línguas mortas, temos idiomas “internacionais”, que aproximam os povos e costuram relações: anos atrás o francês era a língua da diplomacia, o latim da religião e hoje o inglês abre portas pelos 4 cantos do globo. Mas adquirimos um vício singular nessa história toda.


Em determinados momentos nossa linguagem é riquíssima e em outros de uma pobreza decepcionante. Quando o tema é carnaval, futebol ou política o vocabulário é enorme, farto e as ideias borbulham em nossas cabeças de uma forma fantástica. Somos capazes de descer a detalhes para expressar corretamente o que queremos “dizer”, para dar a nossa opinião.


Quando é para criticar, falar mal dos outros, fazer juízo de valores das pessoas que nos cercam, então, somos de uma riqueza verbal impressionante. Quando é para falar de solidariedade, de compaixão, de compreensão, de partilha, de contribuição, de ajuda, de caridade, de doação, somos de uma pobreza verbal assustadora. E não perdemos tanto tempo falando disso como perdemos horas e horas quando falamos de futebol, carnaval, política ou de outros temas apaixonantes. Estou exagerando?


Então, vejamos :


Pergunte para o marido/esposa de alguém quais são os três “defeitos” que o parceiro(a) possui e que lhe desagrada? Não se surpreenda caso sejam citados mais do que os três “defeitos” que você pediu, isso é muito comum. Ao terminar, sem deixar espaço para reflexões, pergunte para a mesma pessoa: “- agora me diga quais são os três defeitos que você tem”? Não se assuste se a pessoa engasgar e ficar alguns segundos constrangedores olhando para o teto e, de repente, dizer a seguinte frase: “- é difícil falar dos seus próprios defeitos, né”? Óbvio, não ?


Já reparou na pobreza de nossas palavras quando temos que falar de amor, de afeto, de carinho, de reconhecimento, de gratidão, de ternura? E quando é justo elogiar, então? Quanta dificuldade! Algumas pessoas chegam a ficar com vergonha, nesses momentos. Já reparou a dificuldade que temos em abraçar as pessoas, acariciá-las e tocá-las com o mais puro sentimento de amor? Por que tanta dificuldade?


Por que será que somos assim? O que nos leva a tender, na maioria das vezes, para o lado negativo e a ter sérias dificuldades em conduzir-nos pelo lado positivo? O que existe dentro de nós que provoca essa barreira horrível? De onde surgiu isso? Por que somos tão frios com as palavras que expressam sentimentos de amor e reconhecimento? Será por que nos julgamos perfeitos?


Vivemos tempos difíceis e por essa razão precisamos expressar nossa sensibilidade, nossa delicadeza, nosso afeto, nossa capacidade de amar, de agradecer, de reconhecer, de elogiar, de ser solidário, caridoso. E isso é uma avenida de mão dupla, é preciso dar e receber.


Há 2.000 anos previu-se o seguinte perfil para os homens :


Os homens se tornarão egoístas, avarentos, fanfarrões, soberbos, rebeldes, ingratos, malvados, desalmados, desleais, caluniadores, devassos, cruéis, inimigos dos bons, traidores, insolentes, cegos de orgulho e amigo dos prazeres, não de Deus”. (Segunda Carta de Paulo a Timóteo 3, 2-4).


Vamos mudar? Vamos enriquecer o nosso vocabulário? Vamos valorizar as palavras dando-lhes uma nova roupagem? Só depende de nós. Ou você prefere carregar o fardo pesado do perfil acima?


Leia: Jo 15, 12; Rm 13, 10 ; 1Cor 13, 1- 4; 2Ped 1, 7; 1Ped 4, 8; Lc 10, 37 ;


Meditação:


  • Faça um exame de consciência onde você se enquadra nesta reflexão?





Leandro Cunha
Enviado por Leandro Cunha em 26/05/2010
Código do texto: T2281528
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