MINHA MÃE.

MINHA MÃE.

Não tenho palavras para expressar o que sinto por você. É muito maior que o maior sentimento de amor por algém. Lembro-me de você, como se fosse hoje, a me chamar de "Pituca". Lembro-me de você a sair para trabalhar, após a morte de meu pai, com um lenço na cabeça, lenço este que voltava todo cheio de poeira branca dos azulejos com os quais você trabalhava. Lembro de você ajudando a todo mundo que precisava de moradia e não tinha, naquela época difícil para as pessoas de baixa renda. Lembro depois de um português que gostou de você e foi morar lá em casa. Lembro de você voltando às suas origens em Araruama e vivendo por lá até sua passagem. Lembro da casa que a família construiu em Araruama, mas que não deu tempo de você morar. Lembro-me dos patos que comprei e você criou com carinho, mas que deram muito trabalho, extinguindo toda plantação que você tinha, derrubando até bananeiras, para saciar a fome voráz que aqueles simpáticos animais tinham. E finalmente, lembro-me dos seus últimos dias de sofrimento com o câncer de intestino que tirou sua beleza física mas que jamais tirará sua beleza interior. Choro sempre de saudades de você, de meu pai e do meu irmão Jair. Lembro-me das festas em casa, você dançando à moda caipira do interior do Rio. Lembro de você levando os filhos para passear na Zona Sul, no Flamengo, cujo clube era e é do coração da família. Lembro dos dias difíceis que passamos após à morte de papai, quando fomos ajudados pelos vizinhos mais chegados. Lembro do Jair, cabo do Exército, trazendo mantimentos para o nosso sustento premente. Lembro de como você ficou orgulhosa quando casei e quando me formei. Enfim, o que eu queria lhe dizer é que gostaria de estar com toda a família viva, todos velhinhos à recordar os bons e os maus tempos, mas sei que isto não é possível, restando apenas recordações. Beijos e que Deus lhe proteja onde estiver.

Saudades mãe querida.

Por: Jaymeofilho.

07/05/2010.