Utopia

Das muitas coisas do meu tempo de criança;

Guardo vivo na lembrança o aconchego do meu lar.

No fim da tarde, quando tudo se aquietava,

A familía se juntava lá no alpendre a conversar.

Meus pais não tinham nem escola, nem dinheiro,

Todo dia, o ano inteiro, trbalhava sem parar,

Faltava tudo, mas a gente nem ligava,

O importante não faltva, seu sorriso seu olhar.

Eu tantas vezesvi meu pai chegar cansado,

Mas aquilo era sagrado, um por um ele afagava

E perguntava quem fizera estripulia

E mamãe nos defendia e tudo aos poucos se ajeitava.

O sol se punha, a viola alguém trazia,

Todo mundo então queria ver papai cantar com a gente.

Desafinado, meio rouco e voz cansada,

Ele cantava mil toadas, seu olhar no sol poente.

Correu o tempo e hoje eu vejo a maravilha

De ter tido uma família quando tantos não a têm,

Agora falam do desquite e do divórcio,

O amor virou consórcio, compromisso de ninguém.

Há tantos filhos, que bem mais que um palácio,

Gostariam de um abraço e do carinho de seus pais.

Se os pais se amassem, o divórcio não viria,

Chame a isso de utopia, eu a isso chamo paz.

Para todos àqueles que têm filhos, lembrem-se que quando colocamos um filho no mundo, não nos pertencemos mais!

JARDIM AZUL
Enviado por JARDIM AZUL em 02/05/2010
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