Somos o que não podemos ser
Somos o que não podemos ser
Ouço as pessoas que não me conhece bem
Tentam fazer de mim uma notável criatura
Tentam fazer de tudo, mas continuo esse!
Cedo o bastante para não desapontá-las
Cedo o possível para logo retornar a mim
Ouço as pessoas sem medo, não morro
Na verdade não desejam me matar
Na verdade não sabem, mas matam a si!
Contradição muito bem encoberta
Contradição que rege a vida!
Guerra!
Que causa destruição, provoca dor
Se alguma pessoa me ouvisse também
Não morreria nem mataria, viveriamos juntos...
Cedo a parte que não sou eu
Cedo a parte que o Outro não consegue ser
Mas um dia essa fome abstrata há de ter fim
A fome de ser exatamente aquilo
[que não podemos ser, em paz.