Sobre o que eu falo
Os Juizes falam de leis, os mortos de silêncio, os da televisão falam muito e falam de nada. Todos falam daquilo que sabem. Sobre o que mais eu poderia falar? Falo aqui de sofrer, não por que não conheço a felicidade, mas por que falo do que cultivo: cultivo dores, poderes, amigos, amores. Falo do que impressiona: a mediocridade humana, as ausências divinas, a semi-infinita presença da morte. Faço a dualidade, a infibiguidade, a loucura uivante dos desiludidos.