O RESPEITO À VIDA, DA CONCEPÇÃO À MORTE NATURAL

O RESPEITO À VIDA, DA CONCEPÇÃO À MORTE NATURAL.

(Aborto, violência, assassinato, eutanásia).

O respeito à vida começa pela paternidade e maternidade responsáveis. O casal se prontifica a colaborar com a realização do plano divino, deixando, porém, o planejamento da quantidade de filhos confiados a eles ao próprio Deus Criador.

Planejamos nossa educação, a formação do patrimônio, o crescimento econômico e intelectual, a realização de importantes eventos, como a festa de casamento. São atividades dependentes da vontade e do trabalho humano.

O número de filhos, no entanto, extrapola a competência humana: o dom da vida é atributo divino.

Quem ama, espera o momento de exercer a paternidade e maternidade responsáveis.

“O gravíssimo dever de transmitir a vida humana, pelo qual os esposos são os colaboradores livres e responsáveis de Deus criador, foi sempre para eles fonte de grandes alegrias, se bem que, algumas vezes, acompanhadas de não poucas dificuldades e angústias.” (Paulo VI – Carta Encíclica Humanae Vitae - 25 jul 1968).

A carta circular do saudoso pontífice (HV 9) permanece atual e esclarecedora para orientar o casal sonhador que busca participar ativamente do Reino dos Céus pelo chamado à paternidade responsável.

O mesmo respeito à vida termina pela inexorável ocorrência da morte: “és pó e em pó hás de tornar (Gn 3,19)”.

Neste breve intervalo, um “vapor que aparece por um instante” (Tg 4,14), no qual a alma imortal anima o corpo perecível, que faz o homem senão ameaçar a vida pelo aborto, pela violência, pelo assassinato e pela eutanásia.

A rigor, o termo grego eutanásia significa a busca por uma morte serena, sem sofrimentos, enfim uma boa morte. É o que queremos e pedimos a Deus. Quando o homem incorre no erro, mesmo que bem intencionado, de abreviar uma vida de sofrimento sem esperanças de cura, usurpa a atribuição divina. Não são raros os relatos de involução de doenças diagnosticadas como incuráveis ou de estados clínicos irreversíveis. Caridade mesmo é auxiliar o próximo a concluir sua hora derradeira na graça e na amizade de Deus. Antístenes , embora pagão, sabia ser a boa morte a maior dita deste mundo. Para São Bernardo do Claraval, a morte é preciosa porque é o termo dos trabalhos, a coroa da vitória, a porta da vida.

A morte é paz, posto que a vida é guerra contínua contra o inferno, na qual se corre o risco de perder Deus e nossa alma, como escreveu Santo Afonso Maria de Ligório.

Este risco é representado pela violência, pelo crime e pecado de assassinato, tanto da vida física, como da vida social atingida pela calúnia e pela difamação. Os crimes contra a vida provocam a imediata separação entre o pecador e o Criador. Como o amor de Deus é maior que a tentação do demônio, o Sacramento da Penitência, precedido do reconhecimento, da acusação e do desejo sincero de emenda, permite a restauração da graça desprezada.

Devemos temer e evitar, portanto, não a morte, mas seu causador, o pecado.

Santo Agostinho concluía: “Não pode morrer mal quem tenha vivido bem”.