Aceita-me, Pai 


Pai, que eu renuncie aos desejos 
de meu ego orgulhoso, 
que lute contra meus velhos instintos
com os quais o antigo ego amadureceu. 
Luto para falar-Lhe de modo menos rude, 
mas em meu íntimo é a franqueza que prevalece.
Não quero desrespeitar-Te, 
mas confesso que brigo e discuto Contigo.  
Meu respeito por Ti é profundo e não blasfemo.
Sei que é intensa a minha rebelião, 
mas sei que Te amo acima de tudo,
em cada minúscula partícula de minha alma.
Não sei ser doce, mas sei ser leal,
não sei gostar dividido, sou intenso, 
afeiçoei-me a Teu Ser
pelo meu desejo de justiça. 
E então, meu coração quis
fazer parte do seu Afeto Divino,
sentiu sede de Teu Justo Amor.
Não me bastou suprir-me
apenas de Tua Justiça,
almejei o Teu Amor.
Talvez por isso
tema Tua reprovação.
Temo ser rejeitado
por minha estúpida impulsividade.
Sinto que sou como
que teu filho pródigo, lutando 
pelo mérito de Tua misericórdia. 
Almejo erguer-me de minhas trevas, 
não por querer alturas iluminadas,
mas por querer compartilhar 
de Teu reino de verdade.
Não quero fugir de algo,
mas desejo libertar-me
como alma, para existir
em plano onde me adapte melhor.
Falo de mim, embora em parte creia 
que me conheces melhor que eu mesmo.
Sou de natureza simples, 
embora, pelas linhas tortas do destino ,
às vezes pareça um tanto complexo.
Apenas quero a felicidade 
em conformidade com Tua Lei, 
pois sei que nela existe paz e harmonia 
que há de serenar os conflitos 
de minha velha guerra íntima. 
Seja possível alcançar a Tua Alegria 
e nela terei a capacidade de entendê-Lo,
de sentir o Teu amor,
esse sagrado remédio 
que há que cicatrizar e consolar 
as dores de meu velho coração.

Gilberto Brandão Marcon
Enviado por Gilberto Brandão Marcon em 17/07/2009
Reeditado em 10/08/2009
Código do texto: T1705402
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