Esperança

Novos enganos, 
crescimento da consciência, 
imensa culpa
e o remorso imobilizante.
E ao julgar-se, descobrir
que os supostos méritos
serão sempre menores
que a misericórdia divina.

Verificar que a força impulsiva
da compaixão humana
é ínfima ante o amor divino.

Ter a noção de ainda
ser escravo da impulsividade
da violência, embora desejoso de paz.

Avaliar que não basta a retidão,
mas deve-se adquirir a paciência
para evitar que o correto se torne tirânico.

A educação das almas demanda tempo.
E ao ser tocado pelo recurso da humildade, 
sentir-se pequeno demais,
de tamanho tão reduzido
que parece incapaz de algo fazer.

E então a chegada da solidão.
Não querendo a si,
não querendo aos outros
e fingindo não querer-Te.

Impossível abrir mão de Teu afeto
que determina a existência.
Como viver sem tal estímulo?
Como não pressentir amar a Ti,
e temer não ser correspondido?

E são tantas as dúvidas no homem,
justamente quando o espírito
parece tão cheio de certezas.

É preciso confiar apenas em Ti.
Justamente quando
não se quer confiar em ninguém.
Mais fácil é amar-Te
do que entender-Te,
na intensidade de Teu amor divino.
Como não desconfiar,
se é a razão
que questiona os enganos da fé?

É essencial entregar-me a Ti.
Como realmente Te encontrar?
Em sendo ativo,
não se quer mera passividade... 
Resta a intuição,
resta o caminho interno.
E como não enlouquecer
com a própria subjetividade?
Por que não me satisfazer
com a fé dos acomodados?
Por que insistir em querer verdade?
Por que ir tão longe?
Não tenho respostas, antes
outras tantas perguntas.
Talvez seja na dúvida que Te encontro.
Pois se há certeza em mim,
é que Te busco,
como que filho pródigo
em busca do lar paterno.
Gilberto Brandão Marcon
Enviado por Gilberto Brandão Marcon em 05/07/2009
Reeditado em 07/07/2009
Código do texto: T1684267
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