Meditação


Liberdade


Qual é o bem mais precioso que recebemos de Deus quando nascemos? A liberdade. Viemos da casa do Pai com objetivo definido, mas perdemos a noção de direção sufocados nas paixões desse mundo de fantasias.


Qual será a grande prova a ser vencida nessa vida? É preciso refletir sobre isso, pois uma coisa é certa: não estamos preparados para o exercício da liberdade. Não respeitamos limites e queremos sempre mais. Na verdade, se pararmos para pensar com muita atenção, entenderemos que só existe um pecado. E qual é este pecado?


O único pecado é quando interferimos na liberdade do nosso semelhante! Deus nos deu a vida e nos presenteou com a liberdade. Mas gananciosos, não nos contentamos com isso e queremos a independência, também. Toda vez que interferimos na liberdade do outro, fazemos isso porque nos julgamos deuses. Queremos tomar o lugar dEle. Queremos subjugar o nosso semelhante. Queremos mostrar poder. Um dos maiores problemas do ser humano é a inveja que tem de Deus.


Ora, se sou livre pela graça divina, com que direito interfiro na liberdade do outro? Ele também é livre. E fazemos isso a toda hora. O marido intervem na vida da esposa, a esposa na vida dos filhos, os filhos na vida dos irmãos, os netos na vida dos avós; a professora na vida dos alunos; o patrão na vida do empregado; o namorado na vida da namorada; o político na vida do cidadão; o padre e o pastor na vida dos fiéis e assim por diante. E a liberdade como fica? É Deus quem define a liberdade e não nós!


Como disse São Paulo: “- … podemos tudo, mas nem tudo nos convém …” . Isso significa que somos inteligentes, o suficiente, para estabelecermos as nossas próprias fronteiras e compreender que a nossa liberdade tem limites sim. A nossa liberdade se encerra quando e onde começa a liberdade do outro. Pois ele também é filho de Deus e foi presenteado da mesma forma. Não seria essa uma das lições a serem aprendidas? A alteridade? Tem gente por aí que nem sabe o que isso significa.


No livro do Genesis, na fábula de Adão e Eva, encontramos a definição divina sobre o limite da liberdade. Somos livres? Sim, somos. Mas há fronteiras, há consequências para o desrespeito à liberdade. No Jardim do Éden o Senhor colocou tudo à disposição do homem e da mulher: os rios, as árvores, os frutos, os animais, mas apontou para uma certa árvore e disse:


  • mas não comerás da árvore do conhecimento, pois desse dia em diante, tua morte estará marcada … “.


Pronto, ali estava marcado o limite. E a consequência do desrespeito era grave: a morte. Ora, então quer dizer que além da liberdade também eramos eternos e que a partir daquele momento passamos a morrer?


Percebe a mensagem inserida nesta fábula maravilhosa? É preciso ler esta história com os olhos da época. Naquele tempo, há mais de 3.000 anos, era preciso contar as histórias dessa forma para que as pessoas pudessem entender a profundidade de cada mensagem divina. Caso contrário, teriam enorme dificuldade em compreendê-las.


A liberdade, entretanto, é um estado difícil e complicado de se alcançar. A maior dificuldade não está na liberdade em si e sim na capacidade de concedê-la, de admití-la nos outros, em aceitá-la nas pessoas que amamos, pois amamos da forma errada. Amamos com o sentimento de posse, entendemos que o outro nos pertence. E ninguém pertence a ninguém. Não somos criadores somos criaturas. O máximo que atingimos é a criatividade.


Qual a diferença? Simples. Deus é o único ser que cria do nada. Do nada Ele faz tudo. Nós, quando muito somos criativos. Do nada não fazemos nada, para fazermos algo precisamos transformar. Do barro fazemos o tijolo, do tijolo fazemos a casa e assim por diante.


Quando aprendermos a importância da liberdade na alteridade e tivermos capacidade de colocá-la em prática estaremos respeitando os 3 preceitos divinos:


amor, justiça e misericórdia.


A liberdade recíproca é fundamental no amor, caso contrário sufoca. A liberdade é fundamental na justiça para não ser confundida com a vingança ou a impunidade. A liberdade é fundamental na misericórdia, pois a misericordia é a essência do amor.


Leia: Gn 2 e 3 ;


Meditando:


  • faça um exame de consciência e seja sincero: você respeita a liberdade dos outros?



Leandro Cunha
Enviado por Leandro Cunha em 04/07/2009
Código do texto: T1682030
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.