O Olhar do Cristo
Por vezes, na labuta do dia a dia,
nos embates da vida cotidiana,
mesmo quando temos em nós
os mais elevados e sublimes ideais,
mesmo quando educamos
com nosso esforço e dedicação a razão,
nos sentimos vulneráveis,
como que frágeis crianças perdidas dos pais.
Queremos ter força
e apenas conseguimos reconhecer
a própria fraqueza.
Queremos crer,
nos deixamos levar pela desilusão
e pela amargura.
Ansiosos por viver
nossas esperanças de felicidade,
nos curvamos às dores.
E então nos invade
o inimigo silencioso da solidão.
Quando assim sentir,
utilize o seu impulso de vontade,
alimente a sua fé.
Lute para não duvidar da misericórdia.
Lute para sentir a bênção da vida.
Olhe para a promessa de vida
que é o esplendor da aurora do dia.
Abra sua audição à sinfonia dos pássaros
que encantam o nascer do dia.
Lembre da divina brisa fresca
das manhãs a lhe acariciar a face.
Lembre das chuvas finas
que acalentam os nossos corações cansados.
Sinta o afetuoso calor do sol
que nos toca, sem contrapartida, a pele.
Olhe para a magia artística
dos dourados crepúsculos dos finais de tarde.
Compartilhe dos raios azul-prateados
da encantadora lua a vagar pelo céu.
Pois lembremos sempre:
somos criaturas em meio à criação.
E nela devemos nos inspirar,
descobrir o afeto oculto em meio à lei divina.
Inspirar-nos no elevado,
quando impulsionados às nossas quedas,
permitindo que nosso ser a isso tudo consiga sentir.
E, assim, descobrir
que por detrás disso tudo
existe um terno olhar.
Olhos onde brilha o amor
de quem venceu as amarguras terrenas.
Olhos que guardam
uma velha e sagrada promessa,
um pacto de esperança
que nos dá a força que por vezes nos falta,
O firme e doce olhar do Cristo,
a inquietar nossa razão,
a consolar os nossos corações.