CASAL CRISTÃO

CASAL CRISTÃO: DISCÍPULO E MISSIONÁRIO

O discípulo estuda a doutrina e o missionário a divulga: uma ação decorre da outra. “Discípulo e missionário, duas palavras diferentes, mas exatamente com o mesmo sentido. Ninguém pode ser discípulo e não ser missionário nem ser missionário sem ser discípulo” (Dom Eduardo Koaik, bispo emérito de Piracicaba in Discípulos e Missionários).

A “Imitação” nos ensina (livro III, X) a servir a Deus ─ discípulo ─ e desprezar o mundo e, também, como nos devemos nos aplicar ─ missão ─ às obras (livro III,LI).

Como nem a todos foi dado tudo deixar, renunciar ao mundo e abraçar a vida monástica, buscamos o sacramento do matrimônio, recebemos o acolhimento merecido e, portanto, devemos nos engajar na comunidade.

A paróquia é a “comunidade de comunidades” onde podemos partilhar a vida crescendo como discípulos e progredindo como missionários.

Nossa participação como casal cristão pode não parecer grande coisa, mas é grande e admirável saber como somos recebidos no serviço ─ missão ─ associando-nos aos servos prediletos do Pai. Quem dera pudéssemos, como casal, servir a Deus por todos os dias de nossa vida conjugal, ou, pelo menos, por um único dia, realizarmos um serviço digno.

Que grande liberdade de espírito teríamos se caminhássemos juntos, marido e mulher, pelo caminho estreito e desprezássemos todos os cuidados humanos.

Cristo, porém, como mestre perfeito, compreende nossa impossibilidade de permanecermos na “melhor parte” em contemplação. Quem dera pudéssemos dizer como Pedro na transfiguração do Senhor: “Como é bom estarmos aqui” (Mt 17,4). Convém, portanto recorrermos a ocupações humildes e a alegrarmo-nos na prática das boas ações. É necessário descer do Tabor e subir ao Calvário, conservando a paz e abstendo-nos das murmurações.

Essa paz se conquista quando, primeiro nos recolhemos em nossos problemas conjugais e, posteriormente, buscamos as relações exteriores.

Primeiro somos discípulos e depois missionários (Imitação, livro I, XI). “Quem me ama não anda nas trevas”, diz o Senhor; sejamos discípulos e missionários para ouvir, viver e proclamar o Evangelho.

Não basta enriquecermos nosso currículo com estudos bíblicos, canônicos e teológicos: é preciso honrar a Trindade.

Quanto maior for o recolhimento e simplicidade do coração, tanto mais elevadas coisas penetrará o casal iluminado pela luz que do alto receberá.

O humilde conhecimento de seus problemas conjugais é o mais curto caminho para Deus: mais importante que os mais profundos estudos sobre o relacionamento humano.

O casal discípulo tem melhores chances de bem evangelizar pelo exemplo, atitudes e ações que o casal apenas erudito e estudado em ciências humanas, como a Psicologia, a Antropologia a Sociologia, a Teologia, o Direito e outras tantas.

O estudo é necessário ao discípulo, mas é imprescindível a vida reta e virtuosa. Ler versus fazer, falar versus viver: eis a cobrança no dia do juízo final.

O casal discípulo de Cristo se coloca em missão considerando-se menor que os pobres a evangelizar. A humildade os faz desfrutar da paz, mesmo nas mais árduas missões: pastorais da saúde, vicentinos, prisões, idosos, órfãos, etc.

O casal discípulo e missionário vive na obediência, às ordens do pároco, do religioso, do coordenador. É melhor obedecer que mandar. Cumpre sua missão em paz, seja a maternidade e paternidade responsáveis, seja o sustento do lar, seja a evangelização dos filhos e, também, a missão comunitária que lhe for atribuída.

Se, contudo, essa obediência for apenas por necessidade ou conveniência, logo murmuram, sofrem e enfadam; o amor (caritas) deve nortear a missão.

O casal discípulo de Cristo renuncia seu parecer por amor à paz e prossegue humilde na sua missão orientada pelo sacerdote. É mais seguro tomar bons conselhos do que os dar. O Cristo foi obediente até a morte, e morte de cruz. Por isso o casal é primeiro discípulo e depois parte em missão para anunciar e viver o Evangelho.

A missão açodada, sem o alicerce da obediência do discípulo ode desviar-se da caridade e buscar a vontade humana do casal em detrimento da vontade divina.

O casal discípulo de Cristo evita o bulício do mundo que leva à vaidade e à tentativa vã de satisfazer os sentidos: vigiar e orar contra o ócio. Conversar, sim, mas sobre temas edificantes para a missão de evangelizar.

Os maus costumes e a negligência no aperfeiçoamento do casal discípulo e missionário concorrem para a desenvoltura da língua: buscar antes as coisas do alto.

“Ide missa est” ─ Os catecúmenos, após a liturgia da palavra eram estimulados a sair em missão para evangelizar: entravam para orar e saiam para servir. São Bento de Núrcia resumiu sua regra: ora et labora.

Destarte, o casal discípulo de Cristo, purificado pelo perdão, iluminado pela palavra catequética e fortalecido pela Eucaristia é instado a ser missionário em sua vida conjugal, familiar, profissional e social.

O amor ─ Deus caritas est ─ deve resplandecer em todos seus pensamentos, palavras e obras. Quem os observa deve pensar “─ vejam como se amam!”

O exemplo vem de São João Evangelista, que na sua velhice, quando perguntado sobre o que ensinava Jesus, resumia simplesmente: “Amai-vos!”.

Portanto o casal discípulo e missionário deve praticar o amor. O exercício diário do perdão, do desprendimento, do anúncio do Evangelho, da denúncia do erro logo os distinguirá como modelo de força, união, serenidade e felicidade.

Dom Geraldo do Espírito Santo Ávila, saudoso Arcebispo Militar do Brasil, assim resumia essa piedosa prática: oração, leitura da Bíblia, jejum e esmola.

A oração a dois demonstra que o casal aceita viver como um só corpo e um só espírito. Movimentos como o Encontro de Casais com Cristo, as Oficinas de Oração e Vida, dentre outros ensinam a didática da oração de marido e mulher.

A leitura e meditação de trechos da Bíblia, incluindo-se, também a participação em cursos bíblicos, estudos do Catecismo da Igreja Católica e seu compêndio, a leitura de livros e revistas edificantes e a participação nos ciclos de estudos de documentos da Igreja promovem o crescimento espiritual e conjugal mediante exercícios de atividades a dois.

O jejum e a abstinência de prazeres comuns, com a doação do valor economizado, aumenta a caridade, ou seja, o amor.

A esmola, finalmente, beneficia muito mais o casal doador do que o pobre que a recebe. É oferta ao próprio Cristo na pessoa do pedinte humilhado. O “óbolo da viúva” é o exemplo maior de solidariedade.

─ O que Deus uniu, o homem não separe. A proclamação do assistente eclesiástico ecoa nos ouvidos do casal discípulo e missionário enquanto viverem.

A cada dia, não importa o passar dos anos de vida em comum, o casal descobre novos carismas e talentos a serem desenvolvidos nas missões em comum: Como Maria, o casal também diz o seu “sim”.

A comunidade, de maneira natural, vai agindo como que desconhecendo a individualidade dos cônjuges, chamando-os, por exemplo, de João da Maria ou de Maria do João: um não existe sem o outro. Mas, um não é o outro; um ama o outro. Cada indivíduo é único, estando sim, unido um ao outro através do amor-entrega, sem, contudo, perder as características que formam o caráter de cada um.

A missão é consequência do discipulado. O sacramento recebido e vivido é o Matrimônio. Que nada separe o casal, nem mesmo a prática de missão individual. Não será agradável a Deus a oblação que provoque a separação do casal. Antes, permaneça o casal em oração velada aos olhos do mundo, tal como Santa Terezinha do Menino Jesus que do seu leito de enferma percorreu o mundo inteiro em missão, que a realização de importantes eventos pelo cônjuge isolado.

O casal é discípulo em união conjugal.

O casal é missionário em união conjugal.

Ana e Lidercio Januzzi (MESCE)

Referências bibliográficas

1. CELAM – Documento de Aparecida nº 44 e 45.

2. Evangelizando com Aparecida – artigo 01/04/2008 internet: www.maedaigreja.org.br.

3. Kempis, Tomás de – Imitação de Cristo, Paulus, 1979 Sp.

4. Koaik, Dom Eduardo, bispo emérito de Piracicaba SP artigo: Discípulos e Missionários, 19/04/2007 internet www.cnbbsull.org.br.

PARÓQUIA N. SRA. DO ROSÁRIO – QI 26 LAGO SUL – BRASÍLIA –DF.

CURSO DE NOIVOS – 21/03/2009