Meditação
José, pai de Jesus
Nós cristãos adoramos um Deus cujo pai adotivo se chama José e a mãe Maria, nasceu em um estábulo e sua primeira cama foi uma manjedoura. É o cúmulo da simplicidade, não? Se isso acontecesse nos dias atuais, você aceitaria essa criança como o seu Deus e largaria tudo por ela? No mundo de hoje, com toda a “globalização” que nos sufoca, Jesus teria alguma chance de “sobreviver” no meio de tanta presunção, arrogância e preconceito?
Mas por que será que Deus em toda a sua grandeza precisava de Maria e de José para trazer o seu filho amado ao mundo? Afinal de contas, Ele não é Deus? Então Ele pode tudo.
É importante entender que Deus age no mundo por nosso intermédio e respeita todo o contexto social de cada época e de cada lugar. Ele não impõe nada! Deus precisava de Maria para trazer Jesus ao mundo usando os meios naturais que o ser humano tem para gerar os seus filhos. Deus queria que Jesus vivesse a plenitude da natureza humana para poder sentir, perceber e entender a nossa vida.
E precisava, também, de José para ser o pai de Jesus e dar a este todas as condições naturais de um filho normal dentro de qualquer familia da época. Naquele tempo, uma criança que não tivesse pai, simplesmente, não tinha direito jurídico algum. A sociedade repudiava, marginalizava, não admitia em hipótese alguma. Além da mãe sofrer as humilhações de uma comunidade que jogava duro em razão da força religiosa que existia, seu filho também sofria outras tantas humilhações.
Assim, Aquele que tudo pode veio ao mundo de forma bem simples, sem apegos, sem medos e demonstrando uma obediência jamais vista: “…Eu vim fazer a vontade de meu pai e não a minha...”.
Mas quem foi José e por que foi o escolhido? É preciso ler os Evangelhos e perceber o porquê. José era um homem constituído, pronto para a vida. Ele não precisava de nada daquilo. Ora, qual a necessidade de José se comprometer com uma menina que já estava gravida, cujo filho não era dele e que não cansava de repetir a mesma história: que o filho era “obra do espírito santo”? Conversa mais sem pé e sem cabeça. Naquela época esse discurso não convencia ninguém...
E o que José fez? Mesmo assim José resolveu preservar Maria, pois ele sabia o que a sociedade faria com ela se soubesse que o filho não era dele. Maria estava prometida à ele em casamento. E aquilo tudo era um terrível problema. José resolveu abandoná-la e assumir a responsabilidade sozinho.
Foi então que o Anjo Gabriel lhe apareceu em sonho e explicou-lhe tudo. José poderia ter dito ao Anjo:
Sinto muito, mas não tenho nada com isso, não é problema meu.
Mas, ao contrário, no dia seguinte ele se levantou e foi buscar Maria tomando-a como esposa. Sem perguntas, sem dúvidas, sem medos e sem receios. José simplesmente confiava no Senhor e ponto final. Depois desse sim, outros vieram e cada um mais complicado que o outro. Ele era carpinteiro e tinha a sua vida estabelecida. Mas teve que refazer tudo novamente por mais duas vezes para atender ao Pai.
José é o único personagem bíblico para quem o Anjo Gabriel apareceu três vezes. A primeira, narramos acima. A Segunda foi para alertá-lo para fugir com Maria e Jesus para o Egito, pois Herodes queria matar a criança. Lá foi José, enfrentar uma viagem enorme e recomeçar a vida em terras estrangeiras. E por lá ficou mais ou menos dois anos. Ao final, o Anjo surge mais uma vez para orientá-lo a voltar para a Palestina, pois não havia mais perigo para o menino. Lá veio José de volta, deixando para trás uma vida reconstituida e, agora, abandonada novamente. Iria recomeçar tudo outra vez em Nazaré.
É preciso amar a Deus na plenitude e colocá-lo presente no coração não permitindo espaço para mais nada. Entregar-se a missão tão complexa e perigosa, só mesmo sendo São José.
Você seria capaz de desempenhar tal encargo sem jamais reclamar de alguma coisa e confiando totalmente em Deus? Reflita sobre isso.
Leia: Mt 1, 18 – 25; MT 2, 13 – 23;
Meditando:
Se você tivesse vivido na época de Jesus, você teria sido um dos seus seguidores ou teria sido um dos seus detratores?
(obs. : correção, José ficou com a Sagrada Família, no Egito, por mais ou menos 2 anos e não dez anos como dito anteriormente. Desculpe a falha ! Um cuidadoso leitor me chamou a atenção para o erro. Obrigado !).