Meditação

A Pipa

Você já assistiu alguém empinando pipa? Ah, você não tem tempo a perder com isso? Eu sei como é, também pensava assim até descobrir que as coisas mais simples da vida são recheadas de espiritualidade. Pequenos detalhes significam muito!

Semana passada fui passar uns dias em uma pousada em Angra dos Reis. Local aprazível, natureza abençoada e aquele delicioso cheiro de mar. Levantei no sábado e tomei um gostoso café da manhã. Depois, vesti minha bermuda favorita e fui para a varanda do chalé, a beira da piscina, deitar em uma confortável espreguiçadeira.

Levei o meu exemplar surrado do livro A Cabana, de William Young, para ler pela enésima vez o capitulo 11 que é simplesmente fantástico. Como diz um grande amigo meu, o livro é uma quebra de paradigmas e mexe com a alma. Contudo faço um alerta: nem todos estão preparados, ainda, para entender esse livro.

Mas voltemos à pipa! Estava lendo o livro quando algumas vozes desviaram a minha atenção. Levantei e fui ver o que era. Atrás do hotel, no alto do morro, estavam várias crianças correndo, rindo, brincando, dando gargalhadas e felizes da vida empinando suas pipas. No ar tínhamos um ballet deslumbrante de dezenas de pipas e suas rabiolas fazendo um zig-zag maravilhoso de cores e feitios. Encantado, encostei-me na parede do chalé e fiquei namorando aquilo tudo por mais de meia hora.

Observei que a beleza do voo da pipa está vinculado diretamente ao comando das mãos de quem a empina. Pipa e mãos ligados por uma tenue linha. Quanto significado em uma ação tão singela e infantil. Fiquei olhando e logo entendi tudo.

Cada um de nós é como uma pipa! A mão que nos guia, é a mão de Deus. A linha da pipa é a nossa crença no Pai que nos orienta pelos caminhos da fé, da esperança e da caridade. Ligados à Ele desenhamos no ar a nossa liberdade, as nossas vontades, os momentos de alegria e de tristeza. Quando cortamos a linha da pipa, perdemos o rumo!

Você já viu uma pipa com a linha cortada? Ela perde a graça, perde a beleza, fica pálida girando sem rumo ao sabor do vento e quando não há vento a pipa simplesmente cai no chão enroscando-se na rabiola. Somos exatamente assim quando cortamos a nossa “linha” com Deus, perdemos o rumo, o estimulo, a vida e nos afastamos da graça, apesar de alguns acreditarem que podem viver sem Deus.

Jesus é a mão de Deus empinando a nossa vida e quando Ele “dá linha na pipa” corremos pelo mundo saboreando o seu comando, as suas palavras, o seu exemplo de vida, mas reconhecemos as nossas fraquezas, os nossos pecados e humildemente confiamos na Sua misericórdia, pois sem ela não chegaremos a lugar algum.

Sem esperança somos como sacos vazios: não paramos em pé. O nosso verdadeiro alimento não é a comida do dia a dia e sim a fé que nos sustenta a alma e irradia os nossos corações. É como a pipa sem linha que segue vagando desengonçada e cheia de medo e ansiedade, pois não sabe onde irá parar e nas mãos de quem cairá.

No mundo de hoje, as pessoas tem grande dificuldade em “entender” Deus, pois elas buscam um deus intervencionista, alguém que esteja sempre à disposição para resolver os seus problemas de acordo com os seus desejos. Como “esse” deus simplesmente não existe, as pessoas ficam frustradas e descrentes.

Deus não intervem nesse mundo, Ele age por nosso intermédio. Deus fala em nossos corações e nos mostra os caminhos, mas respeita a nossa liberdade integralmente. Quem tem que fazer acontecer somos nós e não Deus. Caso contrário seriamos marionetes em Suas mãos. E não é isso que Ele espera de nós.

Da próxima vez que você ver alguém empinando pipa, pare e observe. Preste atenção na importância dos movimentos das mãos e entenderá o significado do que comparamos aqui. Mas cuidado, tem gente que passa “cerol” na linha e isso arruína o maravilhoso ballet das pipas.

Leia:

Meditando:

• Faça um exame de consciência e veja em quais momentos da vida, você cortou “a linha” da pipa e desligou-se de Deus;