Meditação


Solidão


Se fizermos uma pesquisa e perguntarmos:


  • o que você mais deseja na vida?


A resposta, invariavelmente, será:


  • ah, eu desejo a felicidade!


Todos nós estamos em busca da felicidade. Mas a definição de felicidade varia muito de pessoa para pessoa. Para uns, a felicidade encontra-se nas realizações materiais ou profissionais, para outros nas realizações sentimentais e para poucos, nas realizações espirituais.


Contudo, atualmente, o que mais encontramos são pessoas infelizes, tristes e deprimidas. Chega a ser paradoxal, buscamos, avidamente, algo e sempre esbarramos exatamente com o seu oposto. E por que? Porque sempre queremos alguma coisa, mas olhando para nós mesmos. Uma visão egoísta, pessoal e excludente.


O casamento é uma das instituições mais importantes da humanidade e encontra-se em crise e a beira da falência total. Um amigo nosso que é coordenador de uma pastoral de noivos nos conta que toda vez que ele pergunta para o noivo ou para a noiva:


  • por que você quer se casar?


A resposta, em sua grande maioria, é:


  • quero me casar porque eu quero ser feliz!


Visão pessoal, excludente, não se preocupa com o outro. Poucos dão a resposta certa:


  • quero me casar para fazê-la (o) feliz!


A vida a dois requer algo que a maioria das pessoas, hoje, não está disposta a abrir mão: ceder, doar, partilhar, tolerar, compreender, amar e perdoar. Para colher a felicidade conjugal, é preciso plantar tudo aquilo antes. É uma avenida de mão dupla, vale para os dois lados, ou melhor, para o casal. O nível de tolerância entre as pessoas é muito pequeno. A impaciência predomina e por qualquer razão os casais se separam. O imediatismo e o individualismo tomaram conta de nós.


Por que será que a solidão tornou-se um grande bicho papão para a humanidade? Porque a solidão conduz a uma auto análise, uma reflexão profunda dentro de si mesmo. E pouca gente quer fazer isso. As pessoas não se toleram. E se você não consegue suportar a si mesmo, como poderá suportar os outros?


Ao longo dos anos o homem abandonou uma prática salutar: a solidão. Não estamos falando da solidão do abandono. Estamos nos referindo à solidão para o autoconhecimento, para a autocrítica e para o crescimento espiritual. As pessoas não dedicam mais tempo para si mesmas. Não se dão o direito a auto analise, porque isso requer coragem!


Coragem para enfrentar os seus defeitos, as suas fraquezas, os seus fantasmas, os seus demônios. Coragem para tirar o cisco de seus próprios olhos antes de achar que tem competência para tirar o cisco dos olhos dos outros. A auto intolerância é um instrumento doentio que nos conduz a transferir para os demais tudo aquilo que não suportamos em nós mesmos e acreditamos serem qualidades dos outros e não nossas. É sempre mais confortável criticar as pessoas e fugir de si mesmo ...


A solidão nos dá essa maravilhosa oportunidade: termos a tranquilidade de nos conhecermos melhor, mergulhando em nossa alma e descobrindo o que temos de positivo e o que temos de negativo. Aprendemos a deixar a vida dos outros em paz e a cuidar mais da nossa própria vida; aprendemos a respeitar os nossos próprios limites; a aceitar as nossas mazelas; aprendemos a respeitar os nossos semelhantes como eles são e paramos, então, de querer ensinar aos outros como devem ser, como devem viver. Aprendemos a respeitar a liberdade e o direito dos demais. Aprendemos a importância da alteridade!


A solidão é conselheira. É pela solidão que alcançaremos a libertação e desabrocharemos para a vida.


Leia: Rm 15, 1 - 13 ; 2Cor 11, 1 ; 1Pd 2, 19 – 20 ;


Meditando:


  • Você dedica tempo para se conhecer profundamente?

  • A solidão é sua amiga ou lhe assusta?

  • Você é tolerante com as pessoas?

  • Você é tolerante consigo mesmo?

  • Você tem personalidade ou é escravo da sociedade?




Leandro Cunha
Enviado por Leandro Cunha em 16/02/2009
Código do texto: T1443008
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