Contemplação


O Diabo


Marcelo tinha 35 anos de idade era e é muito religioso, mas naquela época passava por momentos difíceis na sua vida. Estava desempregado há mais de 6 meses, os pais tinham morrido recentemente em trágico acidente de carro, seu irmão mais novo não largava a bebida por causa disso e o seu casamento balançava perigosamente.


Certo dia, Marcelo estava sozinho em uma igreja e tentava se concentrar para colocar as idéias nos seus devidos lugares. Queria meditar e conversar consigo mesmo e, quem sabe, obter ajuda do Espírito Santo para abrir os seus caminhos e lhe mostrar uma saída para todas as suas aflições.


De repente, senta-se ao lado dele um homem muito bem vestido, olhos claros e cativantes, sorriso impecável e carismático, dentro de um terno de corte italiano, gravata de seda pura lindíssima, sapatos brilhando e diz para Marcelo:


- Boa tarde, como vai?


Marcelo mal respondeu, afinal igreja é lugar de silêncio e ele queria paz, muita paz mesmo para poder buscar uma boa solução para os seus problemas. Mas o “cavalheiro” foi insistente e disse:


- Eu posso lhe ajudar a resolver todas as suas inquietações.


E se apresentou:


- Eu sou Lúcifer e estou aqui para ajudá-lo.


Marcelo tomou um susto, ficou todo arrepiado e disse:


- Nós estamos dentro de uma igreja, isso não é ambiente seu, essa não é a sua casa. O que você está fazendo aqui?


Lúcifer deu uma sonora gargalhada e respondeu:


- É aqui que venho recrutar os meus “discípulos”. Não há melhor lugar para o meu trabalho do que esse local.


E continuou:


- Ou você pensa que vou buscar os meus adeptos nos presídios? A maioria dos que estão lá já me pertence;


- Ou você pensa que vou subir os morros em busca de traficantes? Todos eles já trabalham para mim;


- Ou você pensa que vou correr atrás de empresários sonegadores de impostos e corruptores? Eles já venderam suas almas para mim;



- Ou você pensa que vou perder tempo com políticos corruptos? São meus escravos fiéis;


- Você acha que servidores públicos corruptos, juízes venais e tantas outras hienas trabalham para quem? Para mim, é claro.


E finalizou:


- Costumo agir nas igrejas, nas sinagogas, nas mesquitas, nos hospitais e nos templos, pois é aqui que encontro pessoas aflitas, carentes, descrentes, hesitantes, aquelas que estão vivendo momento de fraqueza espiritual;


- É o momento ideal, propício para a minha abordagem. Os corações estão abertos, enfraquecidos, em dúvidas e estou sempre pronto para oferecer os meus préstimos em troca de uma boa alma;

- Você, por exemplo, é um candidato potencial para mim. Tenho observado você ao longo dos tempos e acredito ser um grande esperdício toda essa juventude jogada fora, quando o mundo lhe oferece prazeres maravilhosos, poder e dinheiro. E eu posso lhe proporcionar tudo isso. Basta você me seguir. Vem comigo, vem!


Marcelo, realmente, vivia um momento delicadíssimo, mas a sua fé era inabalável e ele respondeu para Lúcifer:


- Não, obrigado pelo convite. Mas nos momentos de sofrimento e de angústia eu busco o caminho, a verdade e a vida. E isso você não pode proporcionar para ninguém.


Lúcifer levantou-se e foi embora. Provavelmente, em busca de alguma alma fraca, carente e de pouca fé. Se o diabo teve a coragem de atentar Jesus, o que dirá de nós, então?


Leia: Mt 4, 1 – 11; Lc 4, 1 – 13;


Meditando:


Leia novamente esta contemplação e reflita sobre ela:


  • Se fosse com você, como reagiria?

  • Você sabe distinguir as tentações?

  • O que é hedonismo? Como você lida com isto?













Leandro Cunha
Enviado por Leandro Cunha em 04/01/2009
Código do texto: T1367168
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