Pai Nosso – Uma reflexão poética sobre a oração

Pai e Mãe do céu e da terra na ‘orgia amorosa santa e trinitária avesso ao moralismo desvirtuado’. Criador das volúpias elétricas, magnéticas, poéticas e proféticas que desperta os sentimentos mais apaixonados e faz pousar o beija flor nas janelas e o rouxinol a cantar nos jardins em construção.

Que Teu nome permaneça neste recanto, mesmo quando chorar o pranto, que estejas tatuado em todos os espaços de dentro e de fora do nosso corpo.

Que o Teu reino invada o nosso ser e habite por inteiro saciando a fome de amor e de justiça ao nos fazer cúmplices dos Teus mistérios e desígnios.

Que a Tua confecção de beleza, da arte e da pureza, se expanda pelos atos e poemas e faça com que todos reconheçam neles a existência do Teu Reino, sem as vãs tristezas e desolações a tentar ocupar os nossos pensamentos.

Que nós compartilhemos tudo que for necessário à solidariedade, sem o egoísmo sovina de buscar guardar tesouros materiais num solitário cofre.

Preencha com Teu amor os buracos negros da solidão e do desamor que muitas vezes querem invadir o ser e desgovernar a própria existência serena. Nessas horas impiedosas de vacilos queremos que grites a Tua palavra de ordem para destruir o veneno da hipocrisia com suas máscaras enganadoras e dissimuladas em virtude.

Faça nos amantes florescer o amor pulsante e ofegante para saciar os aflitos e famintos pela fúria das loucuras em que estiveram envoltos no vendaval das paixões desenfreadas, travestidas de brisa, mas abrigando furacões de inconfessáveis tempestades.

Tanto na terra quanto no céu promova o espírito soberano a vencer o consumo da ganância pela matéria fria e calculista, dos prisioneiros do dinheiro e do acúmulo de riquezas, fazendo com que eles se apiedem dos menos favorecidos que estão virando dessemelhantes da própria natureza humana.

Que não falte em nossos lábios o néctar do Teu vinho a escorrer em nossas gargantas, como a sentir a doçura da vida e da transfusão do Teu próprio sangue, que tudo purifica e nos faz renascer o ser criança, deixando-nos profetas destemidos e vestidos da mais singela e viril esperança.

Não nos deixeis à mercê do ódio e do ressentimento, obstruindo a acidez da nossa língua felina. Perdoe as nossas tolas idiossincrasias que levam ao erro das interpretações e em juizos maldosos e invejosos.

Faça-nos simples e puros, não só no sentir, mas no falar, no agir e que nossas mensagens calem fundo nos corações sofridos dos enamorados pela vida, alterando o curso e mudando o rumo de um mundo que beira à uma crise profunda de identidade.

Resumindo numa só e simples palavra tudo isto: AMEMOS!

Nota: Oração Toda inspirada na mesma versão do Pai Nosso escrita por Frei Betto para grupos de retiro de oração.

Navegando Amor
Enviado por Navegando Amor em 11/12/2008
Reeditado em 11/12/2008
Código do texto: T1329778