Meditação
Daniel Duque
Em 2008, Daniel Duque, um jovem de 18 anos morador da cidade do Rio de Janeiro, foi brutalmente assassinado por um policial militar travestido de agente de segurança e que se escondeu atrás da legitima defesa. Daniel estava desarmado.
A justiça, que normalmente é lenta e preguiçosa, nesse caso, surpreendentemente, tornou-se rápida. Não houve julgamento, pois o promotor pediu arquivamento do processo, cuspiu na cara da sociedade, banalizando a vida e enaltecendo a morte.
Esse policial militar certamente cometerá outros delitos, pois ele saboreou o gosto da impunidade: matou e nada lhe aconteceu. Neste país não há paz porque não há justiça. A justiça é vaidosa, prepotente e arrogante, mas tem os pés feitos de barro. Se dermos um chute em seus calcanhares, eles quebrarão e a justiça cairá ao chão deixando à mostra a podridão de suas entranhas.
Não houve justiça. Mas um dia esse policial morrerá e fatalmente estará diante do Senhor quando será julgado de forma verdadeira, longe da hipocrisia dos homens. Deus olhará profundamente em seus olhos e dirá:
- Eu dei a vida para Daniel Duque, com que autoridade você o matou?
Então, ele chorará lágrimas de sangue. Não será tarde demais?
“Pequei contra ti, e somente contra ti,
fiz o que é mau diante dos teus olhos;
por isso serás justo quando falares,
irrepreensível quando julgares”.
Sl 51(50)
A mãe de Daniel é uma mulher abençoada. Ela sentiu na carne e na alma as mesmas dores que Maria, mãe de Jesus, sentiu há 2.000 anos. Ambas tiveram seus filhos covardemente assassinados. Mulheres como as mães de João Hélio, João Roberto, Daniel e tantas outras reencontrarão seus filhos, brevemente, na Ressurreição e, obviamente, viverão juntos a felicidade eterna.
Esse policial militar, em seu gesto tresloucado, não percebeu o tamanho do estrago social que fez e quantas pessoas ele atingiu. Inclusive os seus. De agora em diante, para sempre, os seus pais serão os pais de um assassino. Os seus filhos, os filhos de um assassino. Os seus netos, os netos de um assassino. O sangue de Daniel Duque será uma mancha eterna em suas mãos.
Mas alguém poderá perguntar: - e a misericórdia onde fica?
A misericórdia de Deus é infinita. Mas, para que haja compaixão é preciso, primeiro, que haja justiça! A misericórdia é inepta sem a justiça. Quer um exemplo? Você tem uma fábrica de vidros especiais e frágeis. Um de seus empregados deixa cair uma caixa de vidros e todos se quebram e são destruídos para sempre. Você chama o empregado, conversa com ele e decide puni-lo: cobrará em seus salários o prejuízo causado. Quando chega o dia do pagamento, você chama o emprego e diz para ele:
- depois do incidente você se tornou muito mais cuidadoso. Portanto, vou cobrar apenas 50% do prejuízo causado e você pagará em duas vezes.
Houve, então, misericórdia. Sem castigo o que existe é a impunidade, um câncer que corrói as entranhas e que vem matando a nossa sociedade lentamente e o que é pior, patrocinado pela justiça.
Os casos de Daniel e João Roberto só vieram à tona pela força da imprensa. Quantas mães que moram em morros, favelas e na periferia das grandes cidades tiveram seus filhos covardemente assassinados e as autoridades esconderam isso debaixo do tapete? Mas essas autoridades também terão o seu dia diante do Senhor!
Leia: Sl 51(50); Mt 7, 18 – 20; Mt 7, 23; Lc 3, 14
Meditando:
- Você é justo?
- Você é misericordioso?
- O que é a vida para você?
- O que é a morte para você?
- Você crê na Ressurreição?