Oração Meditativa
Esperança
Falar de Deus em nossos grupos comunitários que estão voltados para uma ação pastoral e que se encontram ao redor da Palavra de Jesus, de sua mensagem, de suas parábolas e de seu exemplo, é fácil. Afinal de contas, estamos ali exatamente com esse objetivo e o nosso estado de espírito está voltado para isso.
Falar de Deus é falar de amor, de caridade, de solidariedade, de justiça e de misericórdia. Falar de Deus é falar de esperança.
Mas como falar de esperança para uma criança violentada pelo pai, abandonada pela mãe, jogada em uma creche onde sofre outras terríveis agressões?
Como falar de esperança para um jovem que fica no sinal de transito limpando parabrisas e esperando a nossa esmola? Esperança é futuro e que futuro pode esperar esse jovem se ele não sabe nem se terá o que comer no dia de hoje?
Como falar de esperança para uma garota de 15 anos entrevada em uma cadeira de rodas vitima de bala perdida? Que futuro ela pode esperar?
Como falar de esperança para um presidiário que está enjaulado em uma cela com mais 50 pessoas onde deveria ter somente 4? Como a sociedade espera reabilitar esta pessoa quando ela, a sociedade, rouba desse jovem o respeito e a dignidade humana?
Como falar de Deus para os poderosos soberbos, presunçosos, arrogantes e que acreditam que são os donos do mundo e que estão acima do bem e do mal? Que não medem esforços para humilhar os seus semelhantes?
Como falar de Deus para um chefe de família desempregado há mais de ano, despejado de sua casa e morando com a mulher e os filhos debaixo da ponte, sem ter o que comer e o que vestir? Que esperança ele pode vislumbrar?
Somos uma sociedade contraditória, fazemos transplantes de coração, de fígado, de rins e muito mais. Mas não sabemos ainda transplantar amor ao próximo, respeito ao ser humano, justiça e principalmente dignidade. Somos uma sociedade pobre de espírito e não pobre em espírito.
Tudo isso me angustia, me afoga e fico pensando se tudo mais que eu escrevi faz sentido diante de todas essas aflições que citei acima. Não seria uma grande hipocrisia?
Com toda essa angústia na alma, eu entro no Instituto Benjamin Constant, na Urca, no Rio de Janeiro, instituição voltada para os cegos. E o meu espírito vai se acalmando e a “minha” esperança vai se renovando.
Pelos corredores do Instituto vejo dezenas de jovens que estão nas “trevas” e que tinham tudo para viver na desesperança e na depressão. Mas estão felizes, alegres, correm, dançam e brincam. Eles andam de mãos dadas, agarradinhos, pois uns guiam os demais. É uma maravilhosa lição de vida, de amor e de solidariedade. Eles são cegos! Por que nós que enxergamos não conseguimos agir assim? Será preciso perder a visão para descobrir o óbvio?
Eles estudam normalmente todas as matérias de um curso comum e ainda aprendem atividades que os colocarão no mundo profissional. Andam pelas ruas guiados apenas pela conhecida bengala branca e carregam dentro de si uma dose de confiança simplesmente invejável e cheios de esperança.
Evangelizar é muito difícil e complexo. Evangelizar é alimentar, curar e reviver a esperança na alma de seres humanos, resgatando, em alguns casos, o brilho nos olhos daqueles que perderam a fé em função das adversidades da vida. Mas esse é o grande desafio e para tanto devemos seguir as palavras de Jesus:
- “... não são os sadios que precisam de médico, mas os doentes...”
E a palavra chave, também, vem da boca de Jesus: generosidade! O crescimento espiritual passa, obrigatoriamente, pela generosidade, que é sinônimo de amor ao próximo. Sabemos, mesmo, o que significa isso?
Leia: Lc 5, 31 e 32; Lc 6, 36 – 38 ;
Meditando:
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Como você fala aos outros sobre esperança?
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O que significa esperança para você?
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O que significa fé para você?
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Quais são as doenças da alma que lhe afligem?
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Qual é o futuro da humanidade para você?