Oração Contemplativa
A Festa
Alberto é um destes jovens de hoje, cheio de energia, ansioso por viver, afoito e imediatista. Seus pais têm enorme dificuldade em controlá-lo e não sabem impor limites e responsabilidades em sua vida. Alberto está deslumbrado e cheio de desejos materiais. Quer abraçar o mundo com os braços e as pernas.
Dias atrás, Alberto foi convidado para uma festa na casa de uma pessoa muito importante. Ficou contente e no dia da festa arrumou-se no maior estilo, pois queria impressionar. Vestiu sua melhor roupa, calçou o melhor sapato, passou o melhor perfume, colocou o melhor relógio e pediu ao pai o carro emprestado, claro.
Chegando à festa, Alberto foi muito bem recebido e percebeu que rolava um maravilhoso coquetel com aperitivos, canapés, boa música e gente muito bonita. Alberto, como todo afoito e imediatista, não perdeu tempo e mergulhou nos prazeres da festa, comeu todos os salgadinhos e canapés oferecidos e bebeu todos os aperitivos e drinques que passavam à sua frente. Dançou, brincou, pulou. Enfim, Alberto se esbaldou!
Lá pelas tantas, o dono da festa, um senhor muito simpático, alegre, carismático, apareceu e interrompeu a música. Dirigiu-se ao microfone e disse:
- Eu gostaria de convidá-los a passarmos para o outro salão, onde iremos desfrutar de um delicioso banquete, com muito churrasco, comidas típicas regionais, saladas diversas, vinhos deliciosos, cerveja importada, doces finos, música de primeira qualidade e muitas outras surpresas agradáveis para todos vocês. A única dificuldade é que cada um terá que localizar, na grande mesa de banquete, o lugar que lhe foi reservado. Obrigado, sejam bem-vindos e divirtam-se!
Alguns convidados, então, começaram a se dirigir para o outro salão e buscavam, alegres, os seus respectivos lugares. Alberto e vários outros convidados, infelizmente, não conseguiam se mexer, pois tinham exagerado nos aperitivos, nos “comes e bebes”, passaram do limite em todos os sentidos durante o coquetel e estavam sem condições de andar e ir para o grande banquete. Ficaram para trás!
Alberto e tantos outros convidados afoitos, imediatistas, consumistas e individualistas agora estavam tristes e surpresos, pois não iriam participar da grande festa. Acreditaram que tudo se resumia aos aperitivos. Não agiram com sabedoria. Só pensaram no momento. Não procuraram conhecer a “programação toda”. E o melhor estava exatamente no “depois”.
Somos assim, hoje em dia a nossa fé é apenas superficial. Não tem a profundidade do oceano, tem somente a superficialidade das ondas do mar. A nossa fé está limitada aos “aperitivos”, não compreendemos que depois do coquetel teremos um grande banquete.
Eu era um dos garçons daquela festa magnífica e quando vi aquela cena toda, meus olhos se encheram de água. E pensei que nos dias de hoje a sociedade age da mesma forma no plano espiritual. Mergulhamos de cabeça em busca dos bens deste mundo e acreditamos que estes bens nos farão felizes e realizados. Doce ilusão!
Quantos Albertos encontramos, hoje, pelas ruas da cidade afogados no álcool, nas drogas, nos vícios e nas mazelas do mundo que se diz moderno? E muitos estão se suicidando assim.
A vida neste mundo é rápida e passageira. Dizem que o planeta Terra tem 7 bilhões de anos e a nossa média de vida aqui é de apenas 70 anos. Faça as contas e veja se não vivemos apenas em um piscar dos olhos de Deus?
Aqui, a bem da verdade, nada mais é do que o “coquetel” de recepção para uma grande festa no Reino de Deus. Estamos nos “aperitivos”. Quem for sábio aguardará com alegria e paciência o convite para “passar para o outro salão”. Muitos tombarão no meio do caminho. Será que você chegará lá?
Leia: Mt 13, 44-50 ; Mc 4, 26-32 ; Mc 8, 36-37; Mc 9, 41; Lc 12, 13-15 ; Lc 13, 25 ;
Meditando:
-
O seu filho(a) também é um Alberto?
-
Você faz parte da turma do Alberto?
-
Você controla os seus filhos?
-
Ou os seus filhos dominam você?
-
Você costuma se esbaldar no coquetel?