Capítulo 63: A CONFISSÃO DO CAOS.(ÚLTIMOS CAPÍTULOS) O SEGREDO DO PORTA-MALAS

No último capítulo..:

Red cruza os braços, seus olhos deixam transparecer a dúvida e a raiva ao mesmo tempo, mas ainda sim se mantém firme no seu desafeto.

__ E acha mesmo que vai funcionar! Que linda cena, mas não posso simplesmente apagar tudo isso e fingir que nada aconteceu. Desculpe, mas eu não sou como você. – Desdenha ele da garota.

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Sara o olha nos olhos, segurando seus braços e com olhar desafiador responde:

__ Não se trata de apagar Red. É sobre lidar com isso, são sentimentos e deve seguir em frente. Não tem que deixar se dominar pelo seu passado.

O silêncio paira, e por um instante, algo humano parece transparecer nas feições de Red. Mas ele rapidamente retoma a pose defensiva, quase desprezando a tentativa de conexão.

__ Deixe essa conversa de sentimentalismo pra lá. Eu não preciso de você. Tenho coisas mais importantes para cuidar. Agora vá, antes que eu mude de ideia.

Sara se despede, mas deixa uma porta entreaberta. Ela sabe que não é o fim, mas um novo começo para ambos.

__ A escolha é sua, mas se mudar de ideia estarei aqui. – Se afasta Sara, o deixando sozinho.

Red observa Sara se afastar, enquanto conta os passos que ela dar, um sorriso cínico se forma em seus lábios, balançando a cabeça, rindo de si mesmo, debocha.

__ Que heroína, não é? “Se mudar de ideia, estarei aqui” (barulho de enjoo), como se eu fosse correr atrás dela. Não sou um brinquedo e ninguém pode me consertar, e a esperança, ah que bosta, não?

Andando de um lado para o outro, sua risada se torna mais sombria lentamente, enquanto isso na sua mente as dúvidas o consomem.

“Vilão? Herói? Que diferença isso faz? Não posso ser o que quiserem que eu seja. Um monstro?”

Ele ergue a cabeça, tentando se convencer, mas a insegurança ainda é palpável.

__ E se ela estiver certa? Se eu estiver apenas me enganando. Oh, Red por favor, olha o que está dizendo! Como se fosse capaz de ser algo além de vilão. – Ele se agride um pouco, onde o riso se transforma em risadas nervosas, encostando a mão na cabeça pensando.

Asena marca um encontro com alguém pelo telefone em um posto de gasolina afastado da cidade, ao anoitecer ela está encostada na bomba de combustível olhando o horizonte, o som distante de carros passando na estrada e o leve farfalhar de folhas ao vento. A luz do posto ilumina o local, enquanto a outra pessoa se aproxima ajustando a jaqueta, com o olhar intenso, como se estivesse prestes a revelar algo importante.

__ Obrigada por ter vindo, ontem a noite não consegui parar de pensar em tudo o que fizemos para acabar com essa história de terror. Parece que o nosso plano surtiu efeito, pronto para o próximo passo? – Pergunta Asena confiante.

__ Tudo depende do que você entende por está pronto. Pensei muito o quanto esperamos por esse momento. Ver esse jogo sujo acabar será histórico, estar chegando a hora de contar tudo. – Responde a pessoa com um olhar enigmático

__ Tempo até demais, não acha? A sensação é que estávamos rodando em círculos, agora é diferente, vamos finalmente dar a direção desse jogo. – Responde Asena brincando.

__ Tem toda razão. A cada dia que passa as cartas estão na mesa, só precisamos tomar cuidado com como vamos jogá-las. – Responde a pessoa em tom de pensamentos a mil.

__ Exato e é por isso que marcamos esse encontro. Vamos discutir com detalhes tudo e muita atenção. Estratégia é fundamental. – Responde Asena se aproximando com sorriso.

__ E se eu te disser que já tenho em mente ideias fervilhando na minha cabeça? Mas quero ouvir tudo de você primeiro. – Encara a pessoa Asena olho no olho.

__ Imagine tudo como um tabuleiro, todas as peças se movimentam calculadamente e tudo certo, a vitória é nossa! – Explica Asena seu ponto de vista.

__ E essa vitória para nós significa exatamente o que? Estamos buscando algo? – Pergunta a pessoa confusa.

__ Significa que buscamos colocar tudo em pratos limpos. Isso é a liberdade, talvez. O controle sobre quem nos cerca, LV. Sinto que estamos perto de conseguir algo grande, certo? – Pausa Asena para refletir sobre o questionamento da pessoa.

__ Falamos sobre o plano, mas não me contou o que fez Asena. Estou curioso! Qual foi a genialidade dessa vez? – Pergunta a pessoa que está ajudando-a.

__ Primeiro escrevi uma carta, me passando pelo pai adotivo de Red, meu tio Antônio, onde criei uma história que os avós dele eram fascinados por relógios antigos e que também criavam relógios novos, mas que um em específico era especial. – Começa Asena explicar seu plano.

__ Especial em que sentido? Estou gostando disso tudo, e qual foi a reação dele? – Se interessa ainda mais a pessoa.

__ Coloquei nessa carta que o relógio não é só um simples objeto, mas que ele tinha algo além, o poder de manipular o tempo. Por que eu fiz isso? Porque eu sei que ele teme que todos descubram seu crime do passado, assassinou sua família adotiva, jogando os corpos em um porta-malas. E só agora entreguei a carta, dizendo que tinha algo do passado que ele pensou ter enterrado, mas não, não enterrou. Voltou para assombrá-lo, bastou dizer isso que ele se espantou. – Detalha Asena seu plano até então impecável.

__ Está brincando! Que loucura, mas isso é genial, ele vai fazer de tudo para não descobrirem o tal relógio e tentar voltar no tempo, o que é impossível. Que piada ele é. Perfeito, arrasou. – Parabeniza a pessoa a Asena.

__Exatamente consegui fazê-lo acreditar e ficar na dúvida que ainda tem chance de se salvar. É um completo imbecil, só vai se enforcar cada vez mais, pois nenhum crime é perfeito. Nem sonha que tudo não passa de um plano meu para pegá-lo de vez! – Confessa Asena com um sorriso debochado no rosto.

__ Já imagino a cara dele, como um palhaço ao saber que caiu numa história tão fantasiosa como essa. Magia existir? Patético não acha? Vai cair e bem feito, como uma jaca podre no chão. – Debocha também a pessoa do vilão.

Os garotos marcam uma reunião no grupo Só bombinhas e Sara os alerta que precisam ter uma conversa decisiva, O encontro é marcado as 15 horas, no clube particular entre eles.

__ Meninos que bom que marcaram esse encontro! Imagino que todos devem ter se preocupado com o meu sumiço, mas aconteceu tanta coisa que vocês nem acreditam. – Revela Sara em um tom mais sério.

__ Sara, a gente sabe que precisávamos mesmo ter essa conversa. Quero deixar claro, que Duda e eu, sempre soubemos que tinha algo errado entre alguns aqui do grupo, descobrimos recentemente o bullying que eles fizeram com Red. – Relembra Bia os fatos, respirando fundo e aliviada.

__ Calma Bia, está tudo bem. Quer dizer algo Duda? Vi que levantou sua mão. – Compreende Sara, que estava atenta a Duda.

__ Sim, na verdade eu sempre soube. Eu não contei, mas o plano que levou a suspensão de todos na escola foi por minha causa. Sempre defendi Red, mas todos me ameaçavam na época. O Red, nunca teve culpa de nada. – Intervém Duda tendo a palavra dada por Sara.

__ É verdade Sara, elas souberam porque ouviram uma conversa entre Roberta e eu aqui mesmo no clube. As duas conseguiram nos mostrar que estávamos errados, todos nós que participamos. Vimos o quanto fomos malvados, estamos mal com tudo isso. – Conta Maria Luiza aos prantos.

__ Sara... Lembra quando eu desapareci por todo aquele tempo? Então, foi por vergonha de tudo que eu e os meninos fizemos. Pelo meu irmão que também participou e não está aqui, peço desculpas. Tentamos evitar que soubesse desses eventos trágicos mantendo segredo, mas tivemos medo, medo da sua punição, de você. – Desabafa Rafa também mostrando sua dor.

__ Gente! Estou chocada... Mas por que não me disseram tudo desde o começo? Medo de mim, punir vocês? Não caberia a mim, mas fiquei sim decepcionada. O que eu queria dizer é que soube disso tudo também, pior pela delegada Gabriela, Deivid confirmou tudo. – Conta em detalhes Sara olhando para cada um deles, ainda perplexa.

__ Minha amiga... Entenda todos nós só queríamos te poupar de mais esse desgaste. No fundo todos aqui sabemos que deveria ter sido a primeira a saber. Não sabíamos como iria lidar com tudo isso, eu juro. – Defende Bia a todos com a voz trêmula.

__ É perceptível nos olhos de vocês que se arrependeram, mas isso mostra que não confiaram em mim né? Sempre precisaremos ser honestos uns com os outros. Mas muito obrigada por me contarem isso assim de coração aberto, significa que aprendemos algo juntos, não é? – Confessa Sara dando uma lição em todos, com o coração apertado, que ficam surpresos com a reação dela.

__ Estamos aqui por você, sabe disso né? – Emociona Duda.

__ Sempre, como verdadeiros amigos. – Completa Roberta

__ E se veio à tona agora, é porque fortalece a amizade. – Brinca Maria Luiza.

Quando todos estão se recuperando da conversa com Sara, Diana chega ao clube respirando ofegantemente.

__ Desculpem meu atraso! Não consegui chegar a tempo, já acabou a reunião?

__ Sem problemas Diana, ainda temos algo mais sério para discutir. – Dispara Sara olhando para a amiga.

__ O que houve? – Pergunta Diana nervosa.

__ Resumindo Sara soube pela delegada tudo que aconteceu com Red e agora todos contaram sobre o que fizeram com ele, bullying é o segredo de alguns de nós. – Explica Bia, um pouco tensa.

__ Na verdade, o bullying foi só a ponta disso tudo. Preciso que todos saibam de algo. – Pausa Sara, olhando para cada um dos meninos. – Red deixou a máscara cair, eu sei sobre ele, mentiu. Pasmem, ele deu a entender que ele é ninguém menos que LV.

O grupo fica em silêncio, tamanho choque, a tensão se espalha pelo ar.

__ Ouvimos bem? Mas eu acho que faz sentido. – Responde Duda incrédula.

__ Não pode ser! Assim, do nada? – Questiona Roberta também descrente.

__ Isso explica tamanha implicância de meu irmão. Sem palavras. – Completa Rafa.

__Claro gente! Estava na cara o tempo todo, esqueceram que descobri que o nome não tinha registro no cartório. Só podia ser ele, mas e o nome por trás dele? – Levanta Bia uma suspeita curiosa.

__ Bia boa, mas essa é fácil, com certeza aquele garoto e ele são a mesma pessoa. Lembram da ameaça de chamar o garoto que fizemos bullying de volta? É isso gente, ele não chamou porque é ele o tempo todo, voltou para se vingar e estava conseguindo. – Deduz Roberta se atentando para um detalhe importante.

__ Exatamente Roth, ele esteve ao nosso lado o tempo todo. Se fez de amigo, mas agia nas sombras. – Conclui Maria Luiza.

__ E agora Sara, que sabe que na verdade Red é LV, o que pensa em fazer a respeito? Acha que conseguimos provar que ele é o culpado por tudo? – Pergunta Diana preocupada com a amiga.

Sara deixa todos espantados mais uma vez a todos com sua resposta sobre Red/LV.

__ Vocês ainda não entenderam? Não temos provas concretas sobre ele, apenas ouvimos dele. Poder ser o LV, mas não o vejo como vilão, vejo como uma pessoa que foi esmagada pelas palavras maldosas, cruéis, também pela dor e pelo sofrimento. Não pensaram no desprezo? Creio que no fundo o que ele carrega seja um grito de socorro.