O CLUBE DA LULUZINHA, Introdução: Jornada tenebrosa

 

 

Com prefacios de Leti Ribeiro e Aparecida Ramos (Ísis Dumont), recantistas. 

 

Recomeçamos hoje a contar a saga de Fátima, Andréia e Carol, três jovens inocentes que se vêem de repente envolvidas numa intriga de caráter internacional: a guerra entre dias sociedades secretas, a Liga Mundial e a Rede. No entanto, o interesse delas é se defenderem da ameaça representada pelo psicopata assassino, o Conde Haroldo Bruxelas, membro da Rede mas que executa crimes por conta própria. Após a fuga do Conde, que teve um olho vazado após uma luta encarniçada com Fátima (na novela anterior, "O Fantasma do Apito"), as garotas aceitam se ausentarem do Colégio Modelo da Serra dos Órgãos para acompanhar a policial Irina (que é agente da Liga Mundial) numa caça ao conde. Assim começa a história dupla TEMPO DE CAÇADORAS, sendo a Parte 1 O CLUBE DA LULUZINHA, à qual se seguirá O OLHO MORTAL.

Lembrando que estamos num mundo paralelo, onde a tecnologia avançou mais devagar e no Século 21 ainda não se chegou à Lua e ainda se viaja de carruagem e dirigível. Assim acompanhamos o quarteto numa jornada por um Estado de São Paulo retrô, onde não faltam estalagens misteriosas como num filme de Hitchcock. 

 

 

 

PREFÁCIO PARA O CLUBE DA LULUZINHA

 

Por Leti Ribeiro ( Elieti Mendes R. Estevão)

 

Mais uma vez Miguel Carqueija com seu talento impressionista, desenvolve uma nova aventura que não decepciona seus leitores que já possuem em sua biblioteca obras marcantes como: “A Esfinge Negra”, “O Despertar das Bruxas”, “Farei meu Destino”. Foi no ano de 2007 que teve a brilhante ideia ao criar a série da Liga Mundial com dois volumes já lançados pelas edições Scarium - “O Fantasma do apito” e “O Tempo das Caçadoras”.

No primeiro episódio O Fantasma do Apito - Três estudantes calouras chegam num colégio interno modelo, onde tradicionalmente seus familiares estudaram no passado e as mesmas não poderiam quebrar a tradição. No educandário ocorre uma série de assassinatos em que elas estarão no meio deste círculo de fogo sentindo cada movimento do assassino – vêem seus nomes na lista deste serial killer como sendo as próximas vítimas. Antes de o assassino agir elas desvendam todo o enigma e surpreendem o bandido, neste momento acontece o esperado combate com a protagonista principal Fátima e o temido Conde de Bruxelas.

Confronto que deixa a todos os leitores em grande suspense e expectativa para saber quem será o vencedor da batalha. Na luta o grande vilão é ferido, mas ele não se dá por vencido e foge covardemente jurando voltar para vingar-se das garotas.

Miguel sempre é surpreendente com suas criações, seja em ficção científica ou fantasia, com um curriculum imbatível onde tem destaques conhecidos no mundo literário com contos, novelas, romances fantásticos em que assume sempre um papel de valorização e exaltação à força feminina e suas personagens agradam cada vez mais seus seguidores; assim, de tempo em tempo cria novas séries que encantam os públicos jovens e adultos que gostam deste universo de personagens fantásticos – seus novos lançamentos sempre o colocam em lugar de destaque dentro do cenário brasileiro de ficção científica e fantasia.

No mundo FC&C, seus fãs com certeza seguiram prazerosamente a série LIGA MUNDIAL e se surpreenderam com a aventura deste novo episódio onde as amigas saem à caça do assassino fugitivo do Fantasma do Apito. As aventureiras decidem viajar à procura do bandido; no trajeto desta viagem são surpreendidas por um novo criminoso que mata ninguém menos do que o motorista que estava conduzindo o transporte do grupo.

Assim, Miguel deu continuação à série LIGA MUNDIAL, trazendo para o mundo literário “O CLUBE DA LULUZINHA”, é uma grande criação do autor com novos acontecimentos. Miguel já é conhecido por utilizar recursos de algumas figuras que atraem o leitor em suas criações. Como: Fadas, bruxas, videntes ou semelhantes.

Nessa história, presenteou seu leitor com uma linda bruxinha do bem – Fátima, que com um instrumento para ajudar na previsão do futuro – o caleidoscópio, ela junta-se com a detetive Irina que também tem poderes de clarividência, onde ambas têm a maior preocupação de proteger suas amigas e desvendar os mistérios dos crimes que na trama se revelam. Podemos até chamá-las de quarteto fantástico feminino – Onde a detetive Irina e as estudantes – Fátima, Andréia e Carol unem-se em uma amizade sincera e com força astral de uma dimensão surreal, estarão cada dia mais unidas e dispostas a lutar contra o crime e o Conde de Bruxelas que é o grande vilão da história.

Uma trama que será desvendada em cada página desta nova série, forma que o autor arquitetamente fez que prenderá o leitor com doses de suspense juntamente com sobrenatural. Uma leitura que vale a pena, além da interessante história, o autor utiliza um vocabulário rico que valoriza a literatura brasileira e enriquece sobremaneira nossa linguagem e cultura.

 

 

LETI RIBEIRO (Belo Horizonte - MG) é poetisa, contista, trovadora e cronista no Recanto das Letras, tendo participado das diversas antologias poéticas “Flores do Recanto” e “Flores de Natal”.

 

 

Algumas palavras

(Prefácio)

 

ÍSIS DUMONT

 

Escrever, mesmo sendo apenas algumas palavras para a Obra “O Clube da Luluzinha”, a convite do Autor, exímio Escritor Miguel Carqueija, é por demais desafiador. - Consagrado por seu admirável talento, estilo próprio e versatilidade, é também dotado de muita sensibilidade e invejável capacidade de pensar e criar. Vejo um homem apaixonado pela vida, de grande coração e alma generosa, além de pensador. É preciso não conhecer nada sobre o mesmo para não enxergar a beleza (interior) sutil que possui, talvez debaixo da segunda ‘pele’ que veste sua alma de escritor. Digo assim porque não o conheço pessoalmente. Apenas somos amigos virtuais, não de muito tempo, penso que faz menos de dois anos. Apesar de não visitar sua escrivaninha com tanta frequência (reconheço), sou admiradora de seu talento e fã de seu trabalho literário e poético.

Além de uma gama ‘quase’ inominável de trabalhos publicados na internet e impressos, Miguel Carqueija possui em seu acervo no Site Recanto das Letras mais de 800 publicações, em destaque: terror, diversos tipos de minicontos, policial, de ficção científica de cunho social e satírico, divididas entre várias modalidades: Artigos, Cartas, Contos, Crônicas, 28 E-livros, Entrevistas, Gramática e Ortografia, Mensagens, Novelas, Pensamentos, Poesias, Prosa, Resenhas, Sonetos etc.

Em “O Clube da Luluzinha”, confesso que em alguns momentos parei e respirei fundo... Foi como se eu tivesse acompanhado pessoalmente aquelas cenas no castelo e nos caminhos percorridos pela detetive e suas amigas. Em outros momentos senti como se tivesse ‘incorporado’ e vivenciado as experiências de Irina que, conjuntamente com as três jovens universitárias recém chegadas à Faculdade Modelo, munidas de muita coragem e determinação, formaram um quarteto e, após alguns assassinatos nas imediações que envolvem o castelo misterioso, partiram em uma ‘Jornada Tenebrosa’ na caça ao Conde Haroldo Bruxelas, proprietário da Escola.

A partir das leituras, análise e reflexão, é possível perceber os personagens do bem, (naturalmente) travando uma batalha contra o mal. A detetive Irina, ao conhecer as três estudantes, descobriu os poderes sobrenaturais de Fátima (uma das três amigas) e fez questão de usar esse ‘dom’ na tentativa de descobrir e combater os criminosos que aterrorizavam através de assassinatos misteriosos, aquele sinistro local. A Novela, em suas entrelinhas traz vários olhares a serem desvendados por cada leitor. O que mais chamou minha atenção foi, inicialmente a relação amistosa e de confiabilidade, construída entre a policial e as três jovens, a ponto de se empenharem ainda que somente Irina fosse policial, na luta contra as injustiças cometidas a mando do Bruxelas. Uma missão que passou a ser ‘questão de honra’ para as quatro mulheres. Por outro lado, a cumplicidade, o silêncio e subserviência dos funcionários, o uso da instituição “Faculdade Modelo” para a prática de crimes, possível lavagem de dinheiro, abuso de autoridade, ineficácia/omissão aventados na apuração dos fatos, impunidade e corrupção, me fez pensar e correlacionar com os fatos que acontecem em nossa sociedade. Apesar de forças ocultas ‘inexistirem’, as forças visíveis utilizam-se de toda influência e poderio acessível para oprimir, explorar e assassinar os mais fracos, mesmo sendo os mesmos, maioria, em função de interesses pessoais, de status, dinheiro e/ou poder. Refiro-me à morte não apenas no plano físico... Quando funções e recursos públicos são desviados ou mal empregados pelos governantes e seus funcionários, os que dependem dos serviços ficam entregues à própria sorte e à morte de diversas formas. Morre-se pela falta de cultura, de educação de qualidade, pela falta de assistência adequada à saúde, pela falta de segurança. Morre-se pela falta de consciência cidadã e política, pela falta de perspectiva. Pessoas perdem a vida ou vivem ameaçadas quando decidem lutar e defender ideais, principalmente em favor de seus semelhantes.

Assassinam-se os sonhos, a esperança daqueles que esperam pelos que não agem efetivamente e de acordo com a lei e a justiça. Nem todo grande homem possui um grande caráter.

Em “O Clube da Luluzinha” os leitores irão, na certa se surpreenderem com os acontecimentos impactantes dessa Novela recheada de surpresas. Uma novidade à cada passo na ‘velha escada de pedra, estreita, úmida e mal- cheirosa’. O leitor irá precisar de uma pausa para respirar e aguentar o suspense a cada capítulo, onde o sobrenatural não fica de fora.

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Por: Maria Aparecida Ramos da Silva

(isisdumontprosaeverso.net)

 

ÍSIS DUMONT (Aparecida Ramos) de João Pessoa – PB, é poetisa, contista e cronista no Recanto das Letras, assídua participante das antologias “Flores do Recanto” e “Flores de Natal”.

 

INTRODUÇÃO

 

 

 

 

JORNADA TENEBROSA

 

 

 

 

A carruagem seguia pela estrada escura e deserta, povoada pelos sons da noite. Fátima, encapotada e sonolenta, sentia-se tensa e não se decidia a dormir. Até a próxima estação de troca, haveria tempo suficiente. Bocejante, ela girou o olhar em volta, fitando as amigas Carol e Andréia que se haviam esparramado pelas poltronas do veículo, erguendo as lonas de apoio para não caírem pelo chão.

— Você deve dormir — disse Irina. — Eu estou acordada.

—- E quando você dorme, afinal? É uma sensação esquisita, ficar viajando com uma vampira...

— Poupe-me dessas piadas, Fátima. Parece até que estou falando com a Carol.

— Você às vezes é mal-humorada, Irina. Eu só estava brincando.

— Bom, para os nossos propósitos basta que uma de nós fique acordada. Quando eu dormir uma de vocês permanece de vigília. É simples, não?

— Eu estou morta de medo. Nunca na minha vida me envolvi em aventuras desse tipo, não era o meu feitio.

— Na verdade você está começando mais cedo que eu.

— O que você quer dizer com isso? Ou você acha que eu vou querer ficar nessa vida?

— Isso eu não sei. Há coisas que é fácil entrar, mas difícil sair.

Fátima silenciou e procurou se acomodar, afastando um pouco os pés de Carol, envolvidos por um cobertor. A noite estava fria e hostil. Fátima cerrou os olhos e buscou na memória a estranha sequência de acontecimentos que a haviam colocado naquela situação. Recordou a terrível lista de Bruxelas, a lista do serial killer, que incluíra o seu primeiro amor, George, a ela própria e às amigas Andréia e Carol. Relembrou o chocante assassinato de George, num ataque covarde no bosque por trás do Colégio Modelo. Lembrou-se, também, da dura refrega travada com o assassino, que saíra da luta com o olho direito vazado. E da ameaça deixada pelo Conde Bruxelas em sua fuga: “Eu voltarei para me vingar de vocês todas”.

E agora o destino das três amigas estava ligado — por quanto tempo? — à misteriosa Detetive Irina, única do quarteto que detinha os meios necessários para o enfrentamento do temível inimigo.

Mas quem era Irina, de fato? Fátima tinha consciência de que não conhecia o suficiente a sua nova amiga. Irina era estranha e reservada. No restaurante onde haviam comido, fizera algumas perguntas de atualização:

— Como está a situação de vocês no colégio?

— Horrível – respondera Carol, de forma completamente sucinta.

— É mesmo? Como está sendo o relacionamento de vocês com os diretores?

Foi Andréia quem “esclareceu” o assunto:

— A coisa está desse modo, Irina: eles fingem que não sabem que nós sabemos, e nós fingimos que não sabemos que eles sabem.

Irina mordeu o lábio inferior e comentou simplesmente:

— Entendi.

Era terrível saber que toda a diretoria do colégio tinha sido conivente com as atividades clandestinas do Conde Bruxelas no bosque e no terraço do colégio, assassinando três pessoas (dois estudantes e o inspetor Aristeu) e tentando matar mais quatro, a troco de nada. Que essa diretoria fizera vista grossa à instalação de um dirigível no imenso terraço, e às demais irregularidades e a todos os crimes praticados por Bruxelas. Que, em suma, os seis membros da diretoria certamente sabiam que as três moças eram ainda visadas e que elas conheciam a identidade do assassino, e que elas sabiam de toda aquela conivência, mas continuavam tacitamente a guardar silencio. Era o tabu que envolvia o nome de Bruxelas.

- Na minha modesta opinião — fizera ver Irina — eles não são cúmplices. São apenas covardes. Não moverão um dedo contra Bruxelas e farão de tudo para ocultar o seu envolvimento.

“Está bem, iremos com você. Até o fim do mundo, se for preciso, para esclarecer essa história. Mas eu queria saber, Irina, quanta coisa você sabe que nós não sabemos...”

— Eu vou dormir então, Irina. Por favor... vele por nós... eu não quero que aconteça nada com as minhas amigas. O que aconteceu com George, na minha frente... e eu já o amava... me marcou pelo resto da vida. É muito doloroso, presenciar o assassinato de alguém a quem nós amamos. Muito doloroso, mesmo.

Irina afagou-lhe os cabelos longos.

— Você não deve chorar agora, senão não vai conseguir dormir. George está vivo em algum lugar, e nós que ficamos neste mundo, vamos lutar para que aquele homem não mate a mais ninguém.

Fátima enxugou as lágrimas, um lindo estilicídio a escorrer por seu rosto angélico. Era preciso ser forte, como ela já provara ser. Com um suspiro, cerrou os olhos e pousou o rosto na almofada, buscando se cobrir bem.

“Quem tem a Deus no coração não deve temer a morte... e eu não temo.”

 

 

(Na sequência uma nova "pessoa" surge na história e terá um papel importante. 

Vejam a seguir:

CAPÍTULO 1

O DÁLMATA)

 

 

(Imagem Freepik)

 

Miguel Carqueija e Prefacios de Leti Ribeiro e Aparecida Ramos
Enviado por Miguel Carqueija em 15/12/2024
Código do texto: T8219782
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