Enigma dos estigmas - capítulo 5
D Maria estava em seu pequeno altar, cercada por velas acesas que lançavam sombras dançantes nas paredes da casa. O cheiro de incenso de arruda e alecrim preenchia o ar, criando um ambiente sagrado e acolhedor. Seu filho, Manoel, estava deitado em uma cama improvisada, com o rosto pálido e os olhos cerrados. A febre o consumia, e a angústia de D Maria era palpável.
Com as mãos trêmulas, ela ajeitou as flores frescas que tinha trazido do mercado — girassóis para Xangô, rosas para Oxum e folhas de guiné para Ogum. Cada oferenda era um pedido silencioso de ajuda, uma súplica direta aos orixás que sempre estiveram presentes em sua vida.
“Ôh, meus queridos orixás”, começou D Maria, a voz firme apesar da preocupação que a apertava o coração. “Hoje venho até vocês com toda a minha fé e amor. Meu filho precisa de vocês. Ele é jovem e cheio de sonhos; não deixem que a dor o leve embora.”
Ela ergueu as mãos para o céu, fechando os olhos enquanto se concentrava. A atmosfera ao redor parecia mudar, como se os próprios orixás estivessem ouvindo suas palavras. D Maria invocou cada um deles com devoção:
“Xangô, senhor da justiça! Que seu trovão faça ecoar minha súplica! Traga força ao corpo do meu menino e afaste toda a doença que o aflige!”
A luz das velas tremulou como se uma brisa invisível passasse pelo ambiente. Ela sentiu um arrepio na pele, como se algo estivesse respondendo ao seu chamado.
“Oxum, mãe das águas doces, que seu amor envolva Manoel! Traga-lhe saúde e serenidade; cure suas dores com seu carinho maternal!”
As flores no altar pareciam brilhar mais intensamente sob a luz suave das velas. D Maria sentia a energia crescendo ao seu redor, uma presença forte e protetora.
“Ogum, guerreiro destemido! Que sua espada corte as correntes da enfermidade! Proteja meu filho com sua bravura e traga-o de volta à vida!”
Com cada invocação, D Maria se sentia mais conectada aos orixás, como se eles estivessem reunidos ao seu redor. As lágrimas escorriam por seu rosto enquanto ela continuava a rezar, pedindo não apenas pela cura de seu filho, mas também por força para enfrentar aquele momento difícil.
Dos pulsos e dos pés do jovem vestia sangue e em sua camisa uma mancha de sangue crescia abaixo do peito.
De repente, uma brisa suave passou pela janela aberta, trazendo consigo o cheiro doce das flores do campo. D Maria sorriu entre as lágrimas; era como se os orixás estivessem respondendo a suas preces.
Ela se aproximou da cama do filho e segurou sua mão delicadamente. “Sinta a energia deles em você”, sussurrou. “Estamos juntos nessa luta.”
Enquanto as horas passavam lentamente, D Maria permaneceu ali, envolta em suas preces e na esperança renovada pelo poder dos orixás. E mesmo no silêncio da noite que começava a cair, ela sabia que não estava sozinha — os orixás estavam ao seu lado, guiando-a e protegendo-a em cada passo daquela jornada de amor e fé.
Com devoção retirou as atadura, refez os curativos, em prece pelo desconhecido .