O enigma dos estigmas - capítulo 2
Manoel estava deitado em sua cama, o sol da manhã filtrando-se pelas cortinas de pano colorido que sua mãe havia escolhido com tanto carinho. O cheiro do incenso e das flores do terreiro invadia o ambiente, trazendo uma sensação de paz. Mas, naquele momento, ele não conseguia relaxar. Uma pressão estranha começava a se acumular em seu peito, como se algo estivesse tentando emergir de dentro dele.
Ele se levantou, sentindo um leve formigamento nos braços. Ao olhar para os pulsos, ficou paralisado: marcas vermelhas começaram a aparecer, desenhando linhas que pareciam pulsar junto com seu coração. A dor era intensa, mas não insuportável; era uma sensação de calor e peso ao mesmo tempo. Ele levou as mãos aos pulsos, tocando as marcas com os dedos trêmulos. Era como se uma força invisível estivesse ligando-o a algo muito maior do que ele mesmo.
Com um esforço, Manoel desceu da cama e caminhou até um pequeno espelho empoeirado na parede. Ao olhar para o reflexo, suas pernas tremeram quando viu também as marcas em seus pés — duas feridas abertas que pareciam sangrar levemente. Ele sabia que não poderia ignorar aquilo; precisava entender o que estava acontecendo.
O coração batia acelerado enquanto ele tentava respirar fundo. A dor no peito aumentava, como se algo estivesse tentando se libertar dentro dele. Ele colocou a mão sobre o coração e sentiu uma pulsação forte sob seus dedos. Era um ritmo quase sagrado, um chamado que reverberava em cada parte de seu ser.
“Meu Deus,” murmurou Manoel, sentindo lágrimas escorrem por seu rosto. “O que está acontecendo comigo?”
A dor misturava-se com uma sensação de clareza crescente. Ele fechou os olhos e permitiu-se sentir cada batida do seu coração e cada respiração profunda. As imagens de pessoas que ele ajudara passaram pela sua mente — os velhinhos do bairro, as crianças na rua, aqueles que sempre vinham até ele buscando consolo em tempos difíceis.
E então, como um relâmpago em um dia claro, Manoel compreendeu: aquelas marcas não eram apenas feridas; eram símbolos de sua empatia e compaixão pelo sofrimento alheio. Ele estava sendo chamado para algo maior.
Com determinação renovada, ele olhou novamente para os pulsos e pés marcados. A dor era intensa, mas havia uma beleza nas feridas — um lembrete físico de sua capacidade de amar e aliviar a dor dos outros. E ao sentir essa conexão profunda com o sofrimento humano e divino ao mesmo tempo, Manoel percebeu que não estava sozinho.
Ele respirou fundo mais uma vez e decidiu que enfrentaria o que quer que fosse com coragem. Naquele instante, a luz do sol parecia brilhar ainda mais intensamente através da janela, iluminando não apenas seu corpo marcado, mas também seu espírito determinado a seguir adiante na missão que lhe fora confiada.
Amanhã segue o Capítulo 3 ...
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