O FANTASMA DO APITO, episódio 12: Armadilha
CAPÍTULO 12
(No capítulo anterior pudemos ler que a Detetive Irina finalmente se abriu com as três garotas e revelou sua condição de agente secreta da Liga Mundial, organização misteriosa que, segundo ela, luta para por ordem no mundo; e o assassino do apito é o Conde Haroldo Bruxelas, milionário e dono do colégio, além de inventor de robôs, que estaria executando vingança contra familiares de pessoas que no passado o prejudicaram de alguma forma. E Irina convoca as três para uma incursão noturna ao sótão, reduto do inimigo. A sequência será dramática, como veremos.)
ARMADILHA
A proposta de Irina provocou afobação nas garotas. Realmente a hora era apropriada: o pessoal do pavilhão feminino não era dos mais beneditinos, e pouca gente se levantava antes das nove da manhã. As faxineiras sem dúvida estavam lá por baixo, e quem sabe em que outros aposentos, mas agora Irina estava disposta a tudo, mesmo preferindo evitar que os movimentos do quarteto fossem percebidos.
Conseguiram chegar sem incidentes na passagem secreta do relógio, e Andréia, sempre meticulosa, lembrou-se de indagar:
- Mas afinal, meu amor, você não deixou muito claro... a sua Liga Mundial lhe forneceu tantas informações... em tão pouco tempo? Vocês são tão poderosos assim?
Irina deu um sorriso de Mona Lisa:
- Para conseguir que o meu amigo da Europa me agilizasse as informações, exagerei um pouco, melodramaticamente. Dei a entender que se tratava de uma conspiração tremenda... e o caso não é tão carbonário assim. O Bruxelas faz parte da Rede, mas esses crimes não têm nada a ver com a Rede, acho eu. É pura psicopatia do conde.
- Parece um Conde Drácula! – desabafou Carol.
- Vamos falar pouco agora, pois as paredes podem ter ouvidos. Estejam prontas para o que der e vier.
Tendo feito referencia a Drácula, Carol, por associação de idéias, lembrou-se de outras coisas assustadoras, como o monstro de Franckenstein, e observou:
- Irina... você não nos disse como vamos enfrentar o golem de Bruxelas, se ele aparecer...
- Eu estou com a minha pistola.
- E que adiantará ela, contra um monstro mecânico?
- Não, garota, você está enganada. O robô enxerga de algum jeito. Se eu estilhaçar os cristais que lhe fazem de olhos, ele estará derrotado. Dois balaços bem colocados... vocês saiam da frente.
- Mas é claro! – concordou Fátima.
A jovem vidente adiantou-se ao grupinho, suas lorés pisando silenciosamente aquele chão encardido e empoeirado, e chegou finalmente à porta de acesso ao sótão sinistro.
- Schiu!!! – recomendou.
Mas passaram sem problema algum para a alameda de painéis artísticos, e o foram percorrendo até chegarem à pintura que representava o Conde Haroldo Bruxelas. Irina apressou-se em analisá-lo:
- Sem dúvida é ele – sussurrou.
- É um tipo assustador – murmurou Carol. – Não gostaria de me ver sozinha com ele.
- Estou pensando nesse robô... – observou Fátima, preocupada. – Que espécie de cristais podem dar visão a um autômato? São diamantes?
- Não, é claro que não – esclareceu Irina, que já empunhava a sua arma, uma negra pistola. – É cristal líquido, uma espécie de plasma dentro de um envoltório de plástico. Deve ser isso. Que o robô enxerga, isso é óbvio, pois ele matou gente, atacou a olhos vistos...
- É claro que a coisa enxerga, Irina. Eu a vi avançar direta para George. O pobre George...
- Onde é a escada, Fátima? Quero ver se o apito está onde vocês viram.
- Por ali.
Dobraram o corredor-galeria de arte e se viram numa divisão feia, que cheirava a barata.
- Lá em cima tem mais luz natural – esclareceu Andréia. – Por causa de alguns vitrais e lanternas do teto...
Com Irina à frente do grupo, subiram a encarquilhada escada e se viram no depósito de quinquilharias. Fátima procurou logo o apito, pendurado na parede.
O apito não estava.
Alarmada, Fátima voltou-se para Irina, sem ligar para a fuga de alguns ratos e camundongos.
O apito estava ali... – sussurrou. – Ele o pegou. Isto quer dizer...
Não completou a frase. Naquele exato momento o apito soou, estridente, naquele ambiente opressor.
Aparentemente vinha de outro aposento, além de uma porta encardida. Irina engatilhou sua arma:
- Carol, Fátima, protejam Andréia, ela é a próxima da lista!
As quatro avançaram, ultrapassando a mesinha onde a lista já não se encontrava (e as garotas repararam nisso de passagem), a detetive disposta a forçar a porta...
Subitamente o chão pareceu fugir de seus pés. As quatro mulheres sentiram-se repentinamente içadas com brutalidade, e gritaram de susto, com exceção da própria Irina que sabia controlar muito bem as emoções. Fátima, com grande presença de espírito e uma parcela de sorte, extrapolou da rede e estatelou-se no chão sujo do sótão. As outras três foram erguidas até quase o teto, quatro metros acima, presas numa fortíssima rede de nylon que seguraria até um urso ou um leopardo.
A porta se abriu e a ominosa figura do Conde Haroldo Bruxelas apareceu.
Fátima, ainda caída no chão e apoiando-se nos braços para levantar, reconheceu-o imediatamente.
- Você!
- Já deve saber quem eu sou, minha querida. Mas você cometeu um erro crasso, não devia ter caído fora da minha rede.
- Como assim?
- Porque você é a sexta da lista, quem tem que morrer agora é a Andréia. Mas ela está misturada com as outras lá em cima, acho que terei de alterar a seqüência! E eu detesto fazer isso! Sou um homem metódico!
- Você é louco!
Fátima se levantou. Lá em cima, Irina tentava pegar a outra arma, já que a sua havia caído no erguer da armadilha. Mas as três estavam apertadíssimas, comprimidas uma contra as outras, era difícil mexer com os braços. E Fátima reparou na arma no assoalho, correu e pegou-a.
- Isso, Fátima! – gritou Irina. – Vá com cuidado agora, ele é perigoso!
- Não adianta –escarneceu Bruxelas. – Quem vai cuidar de você não sou eu, é o Adamastor aqui!
- Quem?
- Você já o viu, mas não foi apresentada a ele. Adamastor, apresento-lhe a Fátima – sua próxima vítima!
E assim dizendo o conde se afastou, dando passagem... ao robô.
As meninas se debateram furiosa mas inutilmente nas malhas da arapuca.
- Fátima, se cuida! – gritou Carol, aflita. – Eu mato esse sujeito! Deixa só eu sair daqui...
Andréia alarmou-se:
- Carol, vai com calma, pelo amor de Deus! Se a gente rompe essa rede, vamos é nos arrebentar todas! É muito alto!
- Atire nessa coisa! – instruiu Irina. – Vai, Fátima! Você pode!
Fátima recuou, horrorizada. A abominável criatura avançou, com as garras de aço cromado estendidas na direção da garota. Ela nunca tinha antes disparado uma arma de fogo, mas tentou. Fez fogo duas vezes – e as balas ricochetearam na armadura de aço do monstro, um autômato cor de vinho, de quase dois metros de altura.
- Mate-a – ordenou Bruxelas.
O robô continuou avançando sobre a jovem.
E Fátima gritou... um longo grito de terror.
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(A trama chegou ao seu ponto crucial. O inimigo apareceu e ataca de forma brutal. Com Irina, Andréia e Carol neutralizadas pela rede, Fátima se vê sozinha diante de um robô programado para matar e um psicopata assassino.
O que poderá ela fazer?
Não percam de maneira nenhuma a sequência:
CAPÍTULO 13
A REAÇÃO HERÓICA DE FÁTIMA)