O FANTASMA DO APITO, capítulo 9: O Fantasma ataca novamente

 

CAPÍTULO 9

 

O FANTASMA ATACA NOVAMENTE

 

(Neste mundo paralelo, onde o avanço tecnológico foi mais lento, sociedades secretas lutam subterraneamente pelo poder. Uma delas é a Liga Mundial, à qual pertence a Detetive Irina. Quem será o inimigo que ela combate? No momento ela se encontra ausente do Colégio Modelo, pois precisou efetuar algumas pesquisas e passar em casa para ver sua filha de nove anos. O Detetive Anselmo chega no colégio na hora em que mais um ataque do Fantasma acontece...)

 

As três tinham descoberto a capela católica e assistido à missa matinal, como era de seu hábito (era mais um ponto em comum que descobriam) quando ao saírem veio-lhes ao encontro um moço de aspecto masculinamente sedutor. Aproveitou, porém, quando Fátima, meio afastada das outras, tomava um pouco d’água num bebedouro.

- Oi, queria falar um pouco com você.

- George, que prazer em vê-lo! Já brigou por nós duas vezes.

As outras duas se aproximaram e o cumprimentaram.

George foi gentil com elas, mas não deixou de observar:

- Será que eu podia conversar um pouco a sós com a amiga de vocês?

Andréia sorriu e contornou a timidez de Fátima:

- Vá, Fátima. Em princípio nós apoiamos.

George deu o braço a Fátima e os dois se afastaram, conversando animadamente, quando Carol segurou o braço de Andréia e exclamou:

- Não está certo! Irina nos recomendou, lembra-se? Que não nos afastássemos mais que a distância de um grito!

- Mas não podemos ser tão paranóicas, Carol. A menina não tem o direito de iniciar um namoro?

- É claro que tem, mas mesmo assim... as circunstâncias são especiais...

- Acho melhor nós seguirmos a distância. Tem muita hostilidade por aqui e eu não quero ficar com remorsos por ter sido negligente.

George conseguiu conduzir Fátima até o pequeno bosque, o que parecia natural já que os românticos de todas as épocas sempre buscaram a natureza.

- Pessoas como você são raras – ia dizendo ele. – A sua postura sempre tão digna...

- Eu te agradeço estes elogios, mas afinal eu vejo isso nas minhas duas amigas...

- As três são legais, mas você é muito especial. Você tem algum namorado?

- Não, eu não tenho. Olha só, George, quanto bem-te-vi! E quanta andorinha... aquelas papoulas, copos-de-leite, orquídeas...

- Mais adiante é mais agreste... por aqui ainda tem quem cuide...

- Bem, mas você dizia...

- Não quer namorar comigo? Eu estou sozinho...

- Isso é tão inesperado. Você é muito legal, mas...

- Mas o que? Algo errado em mim?

Ele segurara as mãos dela. Fátima olhou em volta, percebendo, espantada, que estavam a sós em meio a árvores, grilos e samambaias. Macaquinhos podiam ser avistados ao longe, pulando em galhos altos.

George olhava-a de forma quase hipnótica e aproximava os seus lábios.

Fátima, fascinada, não sentia forças para resistir. Ele era muito sedutor...

Então o apito se ouviu, novamente...

Um farfalhar de folhas se fez ouvir, e na semi-obscuridade da mata repentinamente apareceu uma coisa estranha... um vulto coberto por um casacão de grandes botões, a cabeça oculta por um chapelão e máscara negra, além de cachecol de lã... e o vulto avançou.

- George, cuidado! O que é isso?

O rapaz tentou se defender, mas a aparição atacou sem dó nem piedade, acertando um golpe fortíssimo em sua fronte. George resvalou pelas plantas e se estatelou no chão de

terra e folhas secas, em convulsões. O sangue jorrou em profusão e o atacante investiu sobre a garota, que recuou apavorada. Foi quando se ouviu uma ríspida voz masculina:

- Não! A vez dela não chegou!

O assassino se afastou rapidamente, sumindo-se no mato na direção da voz que o chamara, enquanto Fátima tentava socorrer George. Vindas de outra direção, Carol e Andreia acudiram aos gritos da amiga.

Encontraram-na em desespero, tentando erguer o corpo ensangüentado de George.

As três meninas o ergueram e quando iam transportá-lo, um homem jovem, de terno, apareceu de repente:

- Parem! O que pensam que estão fazendo?

- Como parem? – gritou Carol, exasperada. – Não está vendo que ele está gravemente ferido?

- Eu sou o detetive Anselmo. Vou ajudá-las.

Transportaram a vítima o mais rapidamente possível, mas o Dr. Eurico, interrompendo alguns drinques, foi impotente para salvá-la. O golpe atingira gravemente o cérebro.

Já três mortes assombravam a Faculdade Bruxelas.

 

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Numa sala da ala feminina, próxima aos gabinetes da diretoria, que se situavam no pavilhão de ligação que ocupava um só andar, uma garota em prantos era consolada por outras duas, enquanto uma discussão se travava no gabinete da diretora-adjunta.

Eduarda Andrade já caminhara em círculos tantas vezes que só faltava fazer aquele sulco no chão, como nos quadrinhos do Tio Patinhas.

- Já temos uma policial esquisita mexendo no caso e protegendo aquelas pestes! O senhor vai fazer isso também?

Anselmo acendeu um cigarro e lembrou-se de Fátima Montese em seus braços, chorando pela perda de George. A comoção fôra verdadeira, disso ele tinha certeza.

E Fátima era uma garota tão bonita e sensual que as suspeitas de Eduarda tornavam-se importunas. O pior é que Lowenstein dava apoio:

- O senhor deveria prendê-las por suspeita de assassinato.

Cosme alisou os bigodes brancos e obtemperou:

- A garota nunca teria a força física necessária para aquele golpe...

- Isso é verdade – disse o Dr. Eurico. – Ainda não quiseram me ouvir...

- Eu ouvi o que o senhor disse – falou o detetive Anselmo. – O senhor disse que o golpe foi dado por um instrumento metálico. Só que Fátima não viu nenhum instrumento na mão do atacante. E isso, combinado com a estranha agressão que Irina sofreu antes, me leva a uma conclusão surpreendente, mas perfeitamente possível: o assassino tem uma mão metálica.

- Isso é fantasia! – explodiu o diretor.

- Não seria um caso único, senhor diretor. Pessoas aleijadas, que puseram mãos mecânicas, existem, e algumas delas praticaram agressões com suas mãos de plástico ou de ferro. Mesmo assim, o assassino me parece excepcionalmente forte.

- Não há ninguém com mão mecânica aqui no colégio.

- Certamente que há, mesmo que esteja escondido. – Anselmo se levantou – Comunicarei à chefia esta minha descoberta, para que procurem alguém com esta característica. Precisava eu ter entrado no caso há mais tempo, já se vê... e agora me dêem licença... aconselho-os a deixarem a garota em paz, ela já teve um choque muito grande.

- Que sujeitinho fátuo – comentou Eduarda, depois que os policiais saíram.

Ao sair, Anselmo aproximou-se das garotas e dirigiu-se à chorosa Fátima:

- Não se preocupem, nenhuma de vocês. Estão perfeitamente livres, aqueles dois malucos não podem fazer nada. Vou pedir cachorros para passar a mata a pente fino, coisa que a Irina deveria ter feito se fosse inteligente como eu sou. Não quero mais que vocês pisem a mata, pois é lá que o assassino se esconde. Fui bem claro, Fátima?

Ela ergueu o olhar para o detetive, surpreendida, e fez que sim com a cabeça. As outras também concordaram.

- Vou deixar o meu cartão com você. Se precisar de alguma coisa me telefone a qualquer hora. Agora tenho de ir, se me dão licença...

- É claro – balbuciou Carol, embasbacada.

Depois que ele se afastou, Andréia observou séria:

- E essa! Você conquistou mais um coração, em tão pouco tempo... desculpe, sei que está sofrendo...

Carol acrescentou: – Mas o que a Andréia disse é verdade! Ele também está caído por você, Fátima. Que pena... ele é muito convencido, não creio que valha a pena.

Fátima se levantou, tendo enxugado as lágrimas.

- Vamos para o quarto.

- Que pretende? – indagou Carol.

Ao responder, Fátima estava mortalmente séria:

- Vamos agir. AGORA eu vou agir.

 

(Fátima sofreu um grande trauma com a morte de George, de quem ela já gostava! E agora ela parece decidida a tomar uma atitude drástica. Mas o que poderá fazer uma colegial?

Mas nem todas as colegiais podem descobrir coisas ocultas com um caleidoscópio...

A intromissão de Anselmo no caso, que consequências terá?

Brevemente:

CAPÍTULO 10

A DESCOBERTA)

 

imagem de caleidoscópio: freepik 

Miguel Carqueija
Enviado por Miguel Carqueija em 06/11/2024
Código do texto: T8190622
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