O FANTASMA DO APITO, capítulo 6: Mistérios
CAPÍTULO 6
Atenção: lembrando que esta novela não se passa no nosso mundo mas numa realidade paralela, onde a tecnologia do século 21 está menos adiantada.
MISTÉRIOS
(A situação se complica a cada passo. Um agressor misterioso, que não chegou a ser visto, acertou Irina no bosque e agora chegou a notícia da morte do Inspetor Aristeu. Isto vai provocar ainda mais hostilidade contra Andréia, Fátima e Carol.)
Nos fundos da faculdade, um rasgo de mata representava um esquecido quintal, uma nesga que escapulia entre formações rochosas, como um prolongamento do bosque lá embaixo.
E lá, num limoso poço, estava o corpo de Aristeu. Cosme já descera por uma escada de corda e verificara a morte por fratura craniana. O médico de plantão da faculdade, Dr. Eurico, fôra chamado e atestara a hora da morte em coisa de meia hora antes.
- Ele teve morte instantânea – observou. – A queda foi violenta.
- E porque ele teria caído aqui dentro? – quis saber Carol. – Não acredito que um homem tão mal-humorado fosse sentar no muro de um poço, para apreciar a natureza e ouvir o canto dos bem-te-vis!
- Tem razão. Mas três mulheres juntando as forças conseguiriam jogá-lo, não é mesmo?
Carol se voltou. Lá estava Casimiro, um dos inimigos da sopa de tomate.
- O QUE VOCÊ DISSE?
- Vocês têm que ir embora daqui. Ninguém gosta de vocês. E se mataram o Thiago e agora esse infeliz, vão pagar por isso.
Irina se voltou, assim como Cenira. Mas antes que pudessem interferir, outro rapaz se acercou de Casimiro e interpelou-o:
Acho melhor se calar.
- Ah, é? Me dê uma boa razão.
- George!
A exclamação partira, uníssona, das três garotas.
- Vou lhe dar uma excelente razão.
Ergueu o punho, mas o policial Cosme segurou-lhe o braço.
- Nada de violências, mocinho!
- Eu não suporto idiotas!
Irina achegou-se:
- Acho melhor vocês dois irem embora daqui. Ninguém os chamou e estão atrapalhando a investigação.
Casimiro afastou-se primeiro, resmungando:
- Falei o que tinha que falar. Aqui não é lugar para assassinas.
Como tem maluco aqui... – comentou Cosme, entediado.
Mas Irina não prestava atenção. Perdia o olhar na continuação do quintal, sabia que de lá se passava para o bosque. A ameaça viera do bosque, portanto era preciso passá-lo a pente fino.
Mas ela não poderia, de per si, mobilizar uma equipe suficientemente numerosa para isso, com cachorros e tudo. Teria de falar com o Chefe de Polícia. E seria complicado convencê-lo.
Andréia confidenciou a Carol:
- Os dois se afastaram. O que você acha que poderá acontecer mais adiante?
- Imagino. Vamos até lá, o George pode precisar de ajuda.
Chamaram Fátima discretamente e se afastaram do grupo. Afinal, o exame legístico não era coisa das mais agradáveis de se ver.
Foram as três caminhando vagarosamente na direção dos almoxarifados dos fundos, paredes mofadas e mambembes, pisando nos nateiros que a chuva contínua deixava, atravessaram um arco de botaréu e então escutaram o tumulto mais adiante, como se houvesse uma torcida de futebol ali perto. Elas se entreolharam e saíram correndo.
Num dos pátios, uma briga furiosa dividia os “torcedores”. George e Casimiro rolavam pelo chão, enlameando a roupa.
- Está brigando por nossa causa - disse Fátima. – Vamos fazer alguma coisa!
Naquele momento, ninguém do corpo docente, da administração ou do funcionalismo do colégio aparecia; as três amigas, vendo que ninguém interferia, aproximaram-se para tentar separar os oponentes, porém de repente uma voz forte se ouviu:
- Parem vocês dois! Ficaram loucos?
Era o próprio diretor do colégio.
- E pelo jeito – disse Curt Lowenstein – vocês estão metidas de novo!
George levantou-se, apoiando a mão esquerda na cara do Casimiro, como se distraidamente, comprimindo o adversário no chão enlameado, e uma vez de pé protestou:
- Diretor, elas não fizeram nada. Isso é um assunto pessoal entre mim e a figura aqui...
- Foi ele que me agrediu – alegou Casimiro.
- Nós vamos agora para o meu gabinete, esclarecer...
- Senhor diretor – ponderou oportunamente Andréia – a Capitã Irina está lá no poço investigando mais um crime, o senhor vai se ocupar agora de uma briga de garotos?
Ele olhou-a com espanto.
- O que você quer dizer com isso?
- Como! – manifestou-se Lilian, a sardentinha que falara com elas na primeira noite. – O senhor não soube que o Aristeu apareceu morto, que a polícia está lá no poço...
- Ninguém me avisou! – e assim dizendo Curt apressou-se em se dirigir ao local, esquecendo a briga.
Fátima enlaçou o braço de George.
- Por favor, não brigue mais. Você já é o nosso herói, vamos passear um pouco nós quatro. É melhor do que se expor mais ao diretor...
- Está bem, vamos. Já dei uma lição no bigorrilhas...
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Bem mais tarde, no aconchego do quarto, Fátima finalmente atendeu ao pedido de Irina, pondo-se a consultar o caleidoscópio.
As peças móveis e coloridas iam se ajustando, formando lindas imagens geométricas, flores, estrelas, borboletas. Até aí coisas normais. Fátima, porém, concentrava a sua mente em descobrir a verdade.
E aí, após alguns minutos, imagens estranhas começaram a aparecer.
Primeiramente Fátima viu sangue, muito sangue. Ela interpretou isso como um sinal de que a matança iria continuar, que muita coisa estava por trás dos acontecimentos. Mostrou a visão às outras, que não tinham o poder de localizar as revelações por si mesmas. Depois continuou buscando. Apareceu um papel, aparentemente com uma relação escrita a mão. E por fim um lugar esquisito, com pilastras de madeira, bugigangas e traves no teto.
Andréia e Carol estavam perplexas.
- O que quer dizer tudo isso afinal? – quis saber Andréia.
- Pelo que eu entendi – respondeu Fátima – nós temos que ir no lugar mostrado pela visão, pegar aquele papel que vai nos esclarecer alguma coisa.
- Mas que lugar é esse, Fátima? – indagou Carol.
- Aí é que está. Eu não sei dizer. Vamos ver se a Irina sabe.
(Irina retornou ao seu gabinete em Teresópolis para estudar as plantas do castelo onde se encontra o colégio, deixando a equipe no local sob comando de Cosme. Porém algo inesperado acontece: entra em cena o Detetive Anselmo, um sujeito muito prosa, sobrinho do diretor da Polícia de Investigação e que chega para se intrometer no assunto. Anselmo parte para o Colégio Modelo, a partir daí Irina terá, a contragosto, um rival nas investigações.
Leia em breve:
CAPÍTULO 7
O CASTELO)
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