Síndico em Crise CAPITULO 03
"Síndico em Crise"
Escrito por Sidnei Nascimento
CAPITULO 03
“Barulho Noturno”
Vamos ao terceiro capitulo de "Síndico em Crise", Felipe finalmente
consegue uma noite tranquila no seu apartamento, até ser interrompido
por uma enxurrada de reclamações dos moradores sobre um novo
inquilino que decidiu montar os móveis tarde da noite.
Felipe está em seu apartamento, Ele está de pijama, relaxado no sofá,
assistindo televisão com uma xícara de chá nas mãos. Finalmente, uma
noite tranquila para ele. O ambiente é calmo, e pela primeira vez, Felipe
parece realmente em paz.
Felipe (sorrindo para si mesmo):
– É isso que eu precisava. Uma noite sem encrenca. Nada de portas
automáticas, reclamações... só eu e minha série.
De repente, o celular de Felipe começa a vibrar insistentemente. Ele olha
para a tela, vê várias notificações de mensagens e ligações. Suspirando, ele
pega o telefone.
Felipe (desconfiado, atendendo a ligação):
– Alô?
Dona Carmem (do outro lado, gritando):
– Felipe! Tem um barulho absurdo no andar de cima! Isso são horas de
fazer reforma? Já passou das dez!Felipe (tentando manter a calma):
– Dona Carmem, calma... Que barulho? Eu não estou ouvindo nada.
Nesse momento, um barulho forte de marteladas ecoa pelo prédio. Felipe
se assusta e derrama um pouco do chá.
Dona Carmem (ainda gritando):
– Tá ouvindo agora? Isso é um absurdo! Liguei pro Tonho e ele também tá
ouvindo! Você tem que resolver isso!
Felipe (limpando o chá, tentando disfarçar a frustração):
– Já estou indo, Dona Carmem. Fique tranquila.
Ele desliga o telefone e imediatamente recebe mais mensagens. Seu Pedro
e outros moradores também estão reclamando. Relutante, Felipe veste um
casaco por cima do pijama e sai do apartamento.
No corredor do prédio. Felipe caminha até o apartamento de onde vem o
barulho. Ao chegar à porta, ele ouve mais marteladas e barulhos de
furadeira. Ele toca a campainha repetidamente, até que o novo morador,
Caio, abre a porta, ele está suado, vestindo uma camiseta velha e calça de
moletom, segurando uma chave de fenda na mão.
Caio (surpreso, mas sorridente):
– Opa! E aí, beleza?
Felipe (tentando manter a compostura):
– Olá... Eu sou o síndico. Desculpa, mas você tá montando móveis agora?
Passou das dez da noite...Caio (rindo, sem perceber o problema):
– Ah, sim, tô montando o último armário. Mudança recente, sabe como é,
né? Pensei em adiantar pra não ficar tudo bagunçado.
Felipe (tentando ser gentil, mas já irritado):
– Eu entendo, mas os vizinhos estão reclamando do barulho. Não é
permitido fazer esse tipo de trabalho depois das 22h.
Caio (coçando a cabeça, sem jeito):
– Sério? Putz, nem me toquei disso. Só mais uns 20 minutinhos e acabo
aqui, pode ser?
Antes que Felipe possa responder, Tonho aparece no corredor, com cara de
sono e uma expressão de poucos amigos.
Tonho:
– Felipe, você vai resolver ou quer que eu resolva? Porque eu já não
aguento mais essa barulheira...
Felipe (sussurrando para Tonho):
– Tô tentando, Tonho. Dá um desconto, o cara é novo aqui.
Tonho (com sarcasmo):
– Ótimo. O síndico amigão dos barulhentos.
Caio (interrompendo, ainda sorrindo):
– Olha, se incomodou, foi mal mesmo. Eu juro que só mais 10 minutos e
paro.Felipe (suspirando, já sem paciência):
– Dez minutos. Depois disso, sem mais barulho. Pode ser?
Caio:
– Fechado! Valeu, cara!
Felipe e Tonho começam a se afastar, mas assim que viram as costas, o
som de furadeira volta ainda mais alto.
Tonho (olhando para Felipe com cara de incredulidade):
– Dez minutos, hein? Isso já virou 30!
No elevador Felipe e Tonho estão descendo, ambos irritados. O barulho
ainda ecoa pelo prédio.
Tonho (bufando):
– Eu falei pra você, isso aqui nunca dá paz. Se não é a porta que quebra, é
o vizinho furando parede no meio da madrugada.
Felipe (exasperado):
– E eu só queria assistir minha série em paz! Será que é pedir demais?
O elevador para no térreo, e os dois saem. Ao chegar na portaria, Dona
Carmem e Seu Pedro já estão lá, esperando.
Dona Carmem (cruzando os braços):
– Resolveu, Felipe?Felipe (tentando sorrir):
– Sim, sim. O morador vai parar o barulho em dez minutos.
Seu Pedro (reclamando):
– Dez minutos? Tá me dizendo que vou ter que aguentar mais dez minutos
dessa barulheira?
Tonho (olhando para o relógio, sarcástico):
– Dez minutos, a contar de quando?
Felipe (suspirando):
– Eu vou subir lá de novo. Não se preocupem, dessa vez eu resolvo.
Felipe volta ao andar de Caio, dessa vez, bate com força na porta. Caio
abre novamente, agora coberto de poeira, mas ainda sorrindo como se
nada estivesse errado.
Caio (rindo, sem jeito):
– Cara, mal te ver de novo, mas é que deu mais trabalho do que eu
pensava...
Felipe (agora sem paciência):
– Caio, o pessoal tá surtando. Se você não parar agora, vou ter que te
multar. São as regras do condomínio.
Caio (parando de rir, um pouco surpreso):
– Multa? Tá, tá bom, desculpa. Eu não queria arrumar confusão. Vou
guardar tudo e termino amanhã. Valeu pelo toque.Felipe (tentando recuperar o controle da situação):
– Ótimo. Obrigado. E qualquer coisa, me chama antes, beleza?
Caio:
– Tranquilo, tranquilo. Boa noite, cara.
De volta ao seu apartamento, Felipe finalmente se joga no sofá
novamente, exausto. Ele pega o controle remoto, suspira e aperta o "play"
na TV. Só que, segundos depois, o celular vibra de novo. Ele olha para a
tela e, com os olhos arregalados, vê uma mensagem de Dona Carmem:
"Agora tem outro barulho vindo do andar de baixo. Dá pra acreditar?"
Felipe solta um longo gemido e joga a cabeça para trás no sofá, o som dos
barulhos noturnos se intensificando, enquanto Felipe observa resignado.