Síndico em Crise. CAPITULO 02
"Síndico em Crise"
Escrito por Sidnei Nascimento
CAPITULO 02
“A Porta Automática”
Felipe ainda está tentando se firmar como síndico, mas as coisas só parecem piorar. Nesse capitulo, ele tenta implementar sua primeira "melhoria" no prédio e, como esperado, tudo sai de controle.
Área de entrada do condomínio. Felipe está em pé ao lado da nova instalação do prédio:
uma porta automática com sensor de movimento. Ele está orgulhoso, observando a porta abrir e fechar várias vezes enquanto Tonho o observa de longe, desconfiado.
Felipe (falando consigo mesmo):
– Tecnologia de ponta. Finalmente, algo que vai funcionar sem problemas. Sem chave, sem código. Só passar e, voilà!
Tonho (se aproximando):
– E você acha que o pessoal aqui vai gostar de uma porta que abre sozinha? Já tô até vendo a Dona Carmem achar que é bruxaria.
Felipe (confiante):
– Eles vão amar! É o futuro, Tonho! Nada de travar a porta ou esquecer a chave. É só andar e... ‘shwoop’... a porta abre. Simples, prático, sem dor de cabeça.
Tonho (cético):
– Sei... Até dar o primeiro problema.
Mais tarde, Felipe organiza um pequeno evento para "inaugurar" a nova porta automática. Ele preparou um pequeno discurso e há alguns moradores curiosos por perto, incluindo Dona Carmem, com seu inseparável caderno, e Seu Pedro, que sempre reclama de tudo.
Felipe(empolgado, em pé diante da porta):
– Senhores e senhoras, hoje é um grande dia para o nosso condomínio. Apresento a vocês a mais nova aquisição tecnológica que vai facilitar a nossa vida: a porta automática! Chega de trancas quebradas, chaves perdidas ou barulhos irritantes. Com esse sistema, basta se aproximar e... a porta abre magicamente.
Dona Carmem (sussurrando para Seu Pedro):
– Magicamente? Eu disse, é bruxaria...
Seu Pedro (balançando a cabeça):
– E quanto isso vai nos custar, hein?
Felipe (tentando ignorar os sussurros):
– Mas agora, vamos ao grande momento! Alguém quer testar?
Tonho (do fundo, com um sorriso irônico):
– Vai lá, chefe. Mostra pra eles como funciona.
Felipe caminha em direção à porta, com toda a confiança do mundo. Ao chegar perto, a porta não abre. Ele para, dá um passo para trás, avança de novo. Nada.
Ele começa a mexer os braços na frente do sensor.
Felipe (forçando um sorriso):
– Às vezes, só demora um pouquinho pra reconhecer o movimento...
Dona Carmem (irônica):
– Isso é o futuro, é?
Tonho (tentando não rir):
– Talvez o futuro precise de uma pequena manutenção, hein, chefe?
Felipe (nervoso, agora dando pequenos saltos na frente da porta):
– Só... só um segundo, gente. Tenho certeza que vai...
De repente, a porta abre com tudo, acertando Felipe na testa e ele tropeça para trás. Os moradores ficam em silêncio por um momento, até que Seu Pedro solta uma risada abafada, seguido por mais risadas dos outros.
Felipe (massageando a testa, tentando manter a dignidade):
– Viu? Funciona! Só precisa de... ajuste fino.
Algumas horas depois, Felipe está no elevador, ainda frustrado com o incidente da porta. Tonho entra e começa a rir.
Tonho:
– Ei, chefe, na boa, essa porta aí já é a nova sensação do prédio. Tem gente vindo só pra ver se você vai levar outra pancada.
Felipe (suspiro):
– Eu só queria fazer algo certo, sabe? Modernizar o prédio, facilitar a vida de todo mundo. Mas parece que quanto mais eu tento, mais dá errado...
Tonho (com um sorriso):
– Relaxa, Felipe. Esse pessoal gosta mesmo é de reclamar. Você pode instalar uma máquina de fazer dinheiro no corredor e ainda vão arrumar um jeito de criticar.
Felipe:
– É, acho que vou precisar de algo mais simples da próxima vez. Talvez... pintar o hall de entrada?
Tonho (com cara de dúvida):
– Pintar o hall? Boa sorte com as cores... A última vez que tentaram mudar a cor aqui, teve uma guerra de vizinhos.
Felipe (olhando para cima, exausto):
– O que eu tô fazendo aqui, hein?
Na manhã seguinte, Felipe encontra Dona Carmem na entrada do prédio. Ele tenta passar pela porta automática, que dessa vez abre normalmente, mas ela para de funcionar assim que Dona Carmem tenta passar.
Dona Carmem (gritando para Felipe):
– A porta não abre! Tá vendo? Eu avisei! Bruxaria!
Felipe (tentando manter a calma):
– Calma, Dona Carmem. Eu vou resolver isso...
Tonho (passando por perto, sorrindo):
– Acho que a porta não gosta muito da senhora, hein?
Dona Carmem (brava):
– Isso é uma conspiração contra os moradores mais antigos! Eu quero a minha chave de volta!
Felipe está sentado na recepção do prédio, observando a porta automática, que agora parece estar funcionando normalmente. Tonho se senta ao lado dele, com um refrigerante na mão.
Felipe:
– Talvez a porta não fosse uma boa ideia... Mas eu ainda acredito que a gente pode fazer isso funcionar. Só preciso de um novo plano.
Tonho (com um sorriso malicioso):
– Que tal um sistema de reconhecimento por voz? Aposto que Dona Carmem vai adorar gritar pra abrir a porta.
Felipe (rindo, exausto):
– Talvez eu só devesse colocar uma plaquinha de "empurre"...
Felipe e Tonho observam a porta, enquanto moradores continuam tendo problemas para passar.
Fim deste capítulo...