Síndico em Crise CAPITULO 01

"Síndico em Crise"

Escrito por Sidnei Nascimento

CAPITULO 01

“Bem-vindo ao Inferno”

Neste episódio de estreia, Felipe assume oficialmente o cargo de síndico e já enfrenta o caos durante sua primeira reunião com os moradores.

Felipe é um jovem de trinta e poucos anos, está no interior de seu apartamento. Ele está se olhando no espelho, nervoso, vestindo uma camisa social amassada.

Felipe (para si mesmo, tentando se acalmar)

– Ok, Felipe, é só um condomínio. São só... umas cinquenta pessoas... todas olhando pra você, te julgando... nada demais. Você consegue.

O telefone toca. É Tonho, o zelador.

Tonho (no telefone)

– E aí, síndico! Tá pronto pro seu batismo de fogo? A galera tá ansiosa pra ver o show de horrores na reunião de hoje.

Felipe(tentando soar confiante)

– Show de horrores? Nada disso! Eu vou mostrar pra eles que sou a pessoa certa pra modernizar o condomínio. Vai ser tranquilo.

Tonho (rindo)

– Tranquilo? Hah! Dona Carmem já preparou um dossiê sobre as "infrações" do mês. Boa sorte.

Felipe (suspiro)

– Dossiê? Ótimo... Valeu, Tonho. Preciso ir.

Na Sala de reuniões do condomínio. Felipe está na frente, com um projetor ligado, e os moradores estão espalhados pela sala. Dona Carmem, uma senhora rabugenta, está sentada na primeira fila com um caderno enorme.

Felipe (com sorriso forçado)

– Boa noite, pessoal! Primeira reunião do novo síndico, hein? Hoje vamos falar sobre melhorias no sistema de segurança do prédio. Pensei em instalar câmeras de segurança com reconhecimento facial. Top, né?

Dona Carmem (levantando a mão imediatamente)

– Câmeras de reconhecimento facial? Isso é invasão de privacidade! Não precisamos de nada disso aqui. Nos meus tempos, uma boa tranca de porta resolvia tudo.

Felipe (tentando ser diplomático)

– Entendo, Dona Carmem, mas essa tecnologia pode realmente ajudar. Vai garantir que apenas moradores e visitantes autorizados entrem no prédio.

Sr. Juca (morador mal-humorado do fundo)

– E quem vai pagar por essas câmeras, hein, gênio?

Felipe (mexendo nos papéis nervosamente)

– Bom, a gente pode fazer uma cota extra... Ou talvez tirar dos fundos de emergência.

Morador Aleatório 1:

– Fundo de emergência? E quando a piscina der problema de novo? Vai deixar todo mundo sem piscina?

Felipe:

– Ah, sobre a piscina, eu já estou com um projeto de automação. Um robô vai fazer a manutenção semanal! É super prático.

Dona Carmem (em tom sarcástico)

– Um robô, claro. Porque o que todo mundo precisa é de mais robôs controlando a vida deles...

O clima está ficando tenso. Felipe olha para Tonho, que está encostado na porta, assistindo tudo com um sorriso irônico.

Tonho (murmurando):

– Eu disse que ia ser divertido...

De repente, a porta se abre com força e entra Seu Pedro, outro morador, aos gritos.

Seu Pedro:

– Felipe! O cano do banheiro do meu apartamento estourou de novo! Tá tudo alagado! Eu avisei que essa encanação precisava de reforma!

Felipe (visivelmente abalado):

– Agora? Justo agora?

Dona Carmem:

– É claro que sim! Esse prédio tá caindo aos pedaços e você quer gastar dinheiro com câmeras futurísticas! Prioridades, Felipe!

Felipe tenta desesperadamente manter a calma.

Felipe (sorrindo nervoso):

– Ok, ok... Eu... vou dar um jeito no cano, vou pensar em algo sobre a piscina, e talvez... a gente possa votar nas câmeras na próxima reunião?

Tonho(rindo):

– É, tá indo bem, chefe... só mais uns 30 probleminhas pra resolver hoje.

Felipe (baixando a cabeça):

– Vai ser uma longa gestão...

(Felipe desliga o projetor e a tela desce, caindo direto na cabeça dele, encerrando a reunião com mais confusão.)

Felipe sai da sala de reuniões exausto. Tonho aparece ao seu lado.

Tonho (com um sorriso):

– Bem-vindo ao inferno, chefe.

Felipe:

– Isso foi só o começo, né?

Tonho (dando um tapinha nas costas dele):

– Ah, com certeza. O pior ainda está por vir.

Felipe fica olhando para o prédio, percebendo que sua vida acabou de ficar muito mais complicada.