Gatilho: O Anjo da Morte - Cap 2: Quinze minutos de fama
Capítulo 2: Quinze minutos de fama.
Às vezes, acordar é um porre! Um exercício de obrigação. Aguentar mais uma vez o inevitável, o inescapável. Ou você faz isso ou não faz mais nada. Ter que ter forças para abrir os olhos é um sério problema. É dar a mão para o nada.
Gabriel não queria dar a mão, queria se entregar ao nada. Frase de Cioran: "Morrer é se entregar ao nada."
Gabriel não tomou cuidado com a tristeza. Ela é viciante.
Está tudo errado, porra!
O que ele tinha? Por quê ele tinha? Por quê ele era assim?
Chega de perguntas! Seu cérebro já não aguentava mais. Seus neurônios iriam explodir. Às vezes, seria melhor assim…
No fundo, ele gostaria de ser mais um jovem idiota, que desperdiça as noites na balada e joga fora as oportunidades. Vive sem propósito. O único propósito é aproveitar o agora. Ser escravo do desejo. Não ouvir a razão. Não ter opinião. Não se preocupar, aproveitar.
Seria mais fácil assim… Evitaria muito sofrimento. Evitaria muita dúvida. Só teria uma certeza indolor: a paz de ser um idiota!
A infância é o auge da vida. Gabriel tinha vontade de não saber que vivia. Hoje, sabe que existe.
Gabriel tinha VONTADE DE GRITAR!
Mas o grito sempre ficava entalado na garganta. E a única coisa que gritava, era o seu silêncio.
Odiava filmes de terror, mas Um Lugar Silencioso viria a calhar. Qualquer barulho que fizesse, viria um monstro para destruí-lo.
Refém e carcereiro na mesma vida. Grande ironia. Vai entender…
Gabriel acordou, e dessa vez tomou café. Pão com requeijão e capuccino. Acordou mais cedo que o habitual para evitar o conflito com o pai e passada de pano da mãe. Caju não gostou de ser acordado tão cedo, ficou de mau-humor. Gabriel era humano de Caju, Caju não era seu gato.
Bateu a porta e foi para a faculdade.
Sua mãe, Marina, acordou com o estrondo que veio da sala.
-Gabriel? - Disse, assustada.
Ninguém respondeu.
Ela sabia que era ele. Sabia que era seu filho indo para a faculdade. Suspirou profundamente, triste. Se conformou com o único diálogo que estava tendo com o seu primogênito nos últimos tempos: a ausência dele. O sentimento de saudade do filho vivo, que parecia estar morto.
-Anjinho… O que está havendo com você?
Mais uma pergunta. Quando iriam avançar esse filme e partir para as respostas?
Mais uma pergunta, porra!
Gabriel não tinha respostas. Tinha dúvidas. Conflitos. Metades. Dores. Tinha tudo, menos a si mesmo.
Na faculdade, foi diferente dessa vez. A professora passou um trabalho para fazer. Em dupla. Todo mundo se juntou em pares, Gabriel sobrou. Novidade! Não havia mais ninguém para ser sua dupla. Mentira, havia sim: a solidão. Com ela, nunca estaria desamparado!
Toda ironia é abastecida de crueldade.
-Eu faço o trabalho sozinho, professora. Não tem problema.
Tradução: "Por favor, eu não aguento mais ficar sozinho! Alguém me ajuda! Eu só queria ser normal!"
Ele pensou, não disse. Ele fugiu, não enfrentou. Caminho mais fácil.
Caminhos fáceis cavam a nossa cova. Caminhos difíceis preparam a nossa glória. Nada que vem de graça é barato.
Prefira o suor do esforço do que a gordura da acomodação. Um queima calorias, o outro queima oportunidades.
O trabalho devia ser entregue na semana que vem. Escrever uma poesia conjunta onde as partes devem se harmonizar uma à outra. Como um casamento. Gabriel sempre foi solteiro, o fato logo correu em sua cabeça. Pior: nunca beijou na boca! Porra!
22 anos e seus lábios nunca tocaram outros lábios. O único peito que chupou foi o da mãe quando bebê! Virgem de 40 anos da vida real. Pelo menos, estava caminhando para isso…
Desse jeito, vai ficar cego quando vir uma mulher pelada!
A professora pediu um poema conjunto e ele pensou automaticamente em sua vida solitária. A professora fez alusão ao casamento, Gabriel lembrou que nunca esteve em um relacionamento e que nunca havia beijado em toda sua existência. A professora deu o prazo de uma semana, Gabriel sempre pensou que tempo era uma coisa que ele não tinha. Pelo menos, não muito.
Tudo o que a vida exigia, Gabriel dava falta. Tudo o que a vida tinha, era o que lhe faltava.
O amante traído, o jogador do gol contra, puta merda!
Em casa, chegou e foi para a sala ver televisão. Não tinha TV no quarto, não gostava. Quarto foi feita para dormir, amar e se masturbar. Sala foi feita para vagabundear.
Colocou no Netflix, Bojack Horseman. Uma sátira sobre um cavalo falante ex estrela de Hollywood que perdeu tudo e entrou em ostracismo. Humor e absurdo. Gabriel gostava desse tipo de coisa. Via beleza na própria tristeza. Ria da própria desgraça.
Não se preocupou com o trabalho, tinha uma semana ainda. Mas ele sabia, tinha a péssima mania de deixar as coisas para a última hora. Só desconectava a bomba quando restava um segundo para ela explodir. Só estudava faltando horas para a prova começar. Só se dava conta dos momentos felizes que vivenciava depois que a melancolia irrompia.
Sobre o que escrever, afinal? Um poema harmônico, mas se deveria ser em partes, como interligar dois pensamentos em uma única cabeça?
Como seus pais diziam, se vira! Não quer ser escritor? Pega a caneta e escreve a droga do poema!
Depois ele pensava nisso, suas forças estavam concentradas em rir do cavalo escroto com coração de latão.
O que é melhor: um coração de latão ou um coração entristecido pela vida?
Tudo igual! Desgraça é desgraça, sem mais.
Barulho de chave na porta. Era sua mãe chegando com seu irmão mais novo, Tomás. 16 anos. O favorito, o filho que não dava desgosto e seguia tudo o que diziam. Alienado sem opinião.
Gabriel desligou a televisão e foi para o quarto, às pressas. Não queria conversar. Se bem que, fazia meses que ele não queria conversar com ninguém.
Se escondendo na própria casa, é deprimente… Resta saber em quanto tempo seu corpo iria cansar da sua companhia.
Ninguém se suportava! Nem a sombra do Gabriel suportava pertencer ao Gabriel!
Deitou na cama e fingiu que estava dormindo para fugir de um eventual diálogo se batessem à sua porta. Quando se deu conta, acabou dormindo de verdade.
Até sua falsidade era mais real que ele!
Continuava sem saber o que escrever. Bukowski já disse que um poema pode ser a ausência de palavras, mas a professora não iria aceitar uma folha em branco - outra vez.
Gabriel estava lidando com um problema agora: combater a inércia ou se deixar ser devorado por ela.
Tédio é incuriosidade, disse Baudelaire. Todo francês é louco! Já era hora de sair da mesmice e criar curiosidade. Fazer alguma coisa é melhor do que fazer coisa alguma.
Vamos, Gabriel. Desperta.
Fugia dos pais, do irmão, das pessoas, da faculdade, das horas, das responsabilidades, das tarefas, do dia, da noite, da própria sombra, do próprio reflexo, fugia de si mesmo! Não gostava de carrinhos, preferia bolas de basquete na infância, mas já era de incorporar o espírito Hot Wheels.
"E aí, vai encarar?"
Não, ele se ocultava.
Perigo: quanto mais a gente se oculta, cada vez menos nos descobrimos. Quanto mais a gente se esconde, cada vez menos a vida se revela.
Não é errado revelar não saber quem você é. É cruel não querer se conhecer.
De novo, ele iria acordar em breve e voltar a fingir. Gabriel deveria tomar cuidado com o fingimento: quanto mais a gente finge, mais se perde na verdade. Até que eles se misturam e não reconhecemos nenhum dos dois.
Agora, seis dias para a entrega do poema.
Mais um dia em que a inércia venceu.
Algum escritor louco disse por aí que a desistência é um ato de coragem. Mas não fazer outra coisa a não ser desistir é ridículo. Não merece aplausos. Merece vaias e tomates atirados no palco. Desistir é coragem, não tentar ou não querer tentar é se sabotar.
Era só pegar um caderno e escrever a porra do poema. Mas o mais difícil é dar o primeiro passo, porque se der, você é obrigado a todos os outros que vêm em sequência. A diferença é que no decorrer do caminho fica mais fácil. Você pega o ritmo e engata. Complicado é girar a chave do carro e ligar a marcha.
Hora do jantar. Arroz, feijão, batata cozida e carne de panela. Sobremesa? O rosto enfezado do pai. Temperado pela piedade da mãe e a troça do irmão.
Um fantoche e seu títere era o caos.
Gabriel refletiu uma vez: se chamava Gabriel em alusão a um anjo, mas se sentia no inferno.
Grande ironia.
A vida é repleta de ironias maldosas. As melhores risadas acontecem através das piores piadas.
Ele queria evitar um combate com o pai. Nunca gostou de UFC, preferia WWE quando era criança. Os lutadores se espancam no ringue, mas se abraçam e se beijam nos bastidores. O vale-tudo que não vale nada. Pura farsa que conquista. Mas é verdade: tudo o que conquista é uma ilusão. O que é de verdade afasta.
Gabriel sabia que não ia dar para fugir, seu pai iria começar a falar, o interrogatório iria se iniciar e ele não poderia escapar. Não tinha nem advogado de defesa. Provavelmente era culpado do crime. Se tratava de apenas esperar a sentença para seu delito de "não saber o que está fazendo com a própria vida, com requintes de não compreender os próprios sentimentos."
Devemos tomar cuidado com as palavras. Ou você as fala, as escreve, ou elas te sufocam. Uma escritora gostosa, ucraniana ou austríaca naturalizada brasileira disse algo assim. Não muda nada não saber a nacionalidade exata, tudo a mesma merda, mas que ela era uma gostosa deve-se reconhecer!
Gabriel queria dizer as palavras, mas a ausência delas já expressava ele mesmo. Outra grande ironia: Tudo escapava de Gabriel, mas Gabriel não escapava de nada.
Nada de "se vou morrer, vou morrer atirando", e sim "se vou morrer, vou guardar as balas para acabar mais rápido."
E mesmo se tivesse coragem, cá entre nós: Gabriel não iria sobreviver. Não sabia manusear as sensações do corpo, que dirá uma arma? Só se fosse pistola de confete. Festa junina. Noivo manso, a mulher pede o divórcio na lua-de-mel.
A lua e uma nova fase: Choraminguante.
Gabriel não estava pronto para a Selva de Concreto. Não arrumava nem o quarto, tinha dificuldades para encontrar materiais da faculdade, que dirá achar atitudes?
Mais um ponto de interrogação.
Sócrates, empresta um pouco dessa ignorância boa! Maiêutica é uma tortura! Não diz a resposta, quer que você a encontre por conta própria. Não dá comida na boca, ensina a usar os talheres.
"Não dê o peixe, ensine a pescar", que mentira! É sempre mais fácil quando os outros fazem as coisas por você. Quando se encarregam do trabalho que você deveria fazer.
É mais fácil, não melhor.
Gabriel foi criado pelo mais fácil. Se deu mal: virou hábito. Se acostumou. Agora lidava com o mais difícil: enfrentar o ócio.
-Como foi a faculdade hoje? - Inácio começou.
- Normal.
- Normal? Como, normal?
- Foi apenas mais um dia de aula, pai. O que você quer ouvir?
- Eu ouvir tudo! O que você anda aprendendo, o que você pode me ensinar? Eu não pago uma faculdade cara para receber só "normal."
Está bem, pai, vamos jogar o seu jogo. - os ânimos estavam começando a se exaustar. Gabriel olhava Inácio com raiva. Inácio retrucava, fazia pose de general em quartel, intimidador. Gabriel sempre viu o pai como um Grande Ditador mesmo. Marina e Tomás apenas presenciavam a cena, sem nem tocar no jantar. Clima de merda mata a fome. E não queriam perder nenhum detalhe do que poderia estar por vir. Olhos no filho e no irmão, olhos no marido e no pai a cada sílaba. Haja torcicolo no pescoço.
-Você sabia que Kant provavelmente morreu virgem? Que Salinger demorou 10 anos para escrever O Apanhador no Campo de Centeio e depois se exilou completamente do mundo? Que o primeiro nome a ser sugerido por Gabriel García Márquez para Cem anos de Solidão foi A Casa, inspirado nas vivências do autor? Se bobear tem até guerra na história, não recordo agora. Que mais, pai? O que mais você quer saber? Sabia que Shakespeare demorou três anos para escrever Romeu e Julieta? Vai, o que mais você quer saber e não sabe?
- Você sabia que eu tenho um filho ingrato e estúpido, que tem tanto potencial para explorar, mas prefere escrever palavrinhas ao vento que nunca serão lidas, porque, segundo o que ele diz, é o sonho da vida dele?
- Talvez o seu filho não seja compreendido. O pai dele não deixa que a vida seja dele. Ele quer criar um clone, mas não enxerga que o filho não quer ser nada como o pai.
- Seu moleque! - Inácio avançou para bater em Gabriel, que levantou como Papa-Léguas da cadeira e se afastou.
- Gente, chega! Isso eu não admito! Você não vai bater no meu filho! E você não vai falar assim com seu pai! - o berro de Marina criou uma barreira invisível na cozinha, separando os dois.
- Não, chega! Eu estou cansado de você achar que tudo o que eu faço é um fracasso, porque eu não sou como você. A vida é minha também, eu sou capaz de tomar as minhas decisões! - Gabriel pegou o seu prato que estava na mesa e atirou no chão. Comida para tudo quanto é lado! As baratas agradecem. Rango está na mesa, quer dizer, no chão.
- Vai já para o seu quarto, Gabriel! - ordenou Marina - você, nem pense em ir atrás dele!
Gabriel obedeceu. No quarto, estava espumando de raiva. A mãe ficou para limpar a sujeira, Tomás ajudou. O pai saiu, não era tarefa dele limpar nada. Sua única tarefa era não ser contrariado.
Gabriel começou a gritar, estava insandecido. Chutes na cama, socos na parede, seu quarto ficou de pernas para o ar. Se sua cabeça sempre esteve fora do lugar, seu quarto perdeu o corpo da arrumação.
-Por que você me fez ser eu???? - Era ateu, mas nessas horas, até Deus tinha culpa.
Por que você me fez ser eu?
Começou a chorar. Sentado no chão, mãos na cabeça, cabelo molhado de suor. Retrato de um desesperado.
De repente, um momento de lucidez para Gabriel. Em meio a todo o caos, seu cérebro lhe proporcionou calmaria. Como um relâmpago, um pensamento nasceu em sua mente, tinha pressa, era fugaz, iria escapar. Se não fosse notado agora, não deixaria lembrança. Pegar ou esquecer.
Procurou caderno e caneta, precisava escrever.
Pegou.
Encontrou em fim o tema para seu poema.
No grande dia para a leitura da poesia, a professora foi chamando os alunos por ordem alfabética. Gabriel começa com G. Tinha a Ana, a Bruna, o Carlos, o Diego, a Ester, o Eric. Fábio, Fabiana, Fabrício. Gabriel seria o décimo a ler. Entre cinquenta alunos, o décimo. Ótimo. Assim tinha tempo para fingir lutar contra a ansiedade e perder com falsa sensação de bravura.
O primeiro aluno foi chamado.
O segundo aluno foi chamado.
O terceiro aluno foi chamado.
O quarto, o quinto, o sexto, o nono! Meu Deus!
-Gabriel, por favor. Se apresente, leia seu poema.
Fudeu geral! Porra!
Ele se dirigiu para o centro da sala. A perna tremia enquanto, parecia deficiente físico, o braço amolecido, a perna em tique nervoso. Olhando assim, por um segundo era plausível pensar que ele tinha paralisia cerebral.
Porra! Aí é para se matar mesmo… depressivo, frustrado, excluído, virgem e deficiente físico, era só o que faltava nessa vida de merda!
Chegou ao púlpito. Olhou para frente. Cinquenta alunos mais a professora o observando atentamente. Vinte seis pares de olhos e pernas. Cinquenta e uma bocas preparadas para dar risada de seu próximo mico!
Enfim compreendeu: era assim que Winston Smith se sentia no 1984. Com pavor dos próprios movimentos! Temendo o pensamento que já morreu e o que nem nasceu. Pensamento em absolutamente tudo para não pensar em nada.
-Quando quiser, pode começar.
Tradução: "Começa logo, a gente quer dar risada, porra!
Começou:
"Por que eu não posso ser meu próprio eu?
Porque, quando paro para pensar, minha vida nunca me pertenceu.
Por que eu sinto culpa por ter meus próprios desejos?
Porque o amor é uma forma de medo.
Por que eu vejo, mas não enxergo?
Porque sou manco de alma, mas às vezes queria ser cego.
Por que vejo garotas bonitas que não posso beijar?
Porque meu coração está proibido de se apaixonar.
Por que a única forma de afeto que conheço machuca?
Porque toda doçura é violenta.
Por que sexo é uma palavra proibida?
Porque todos têm vergonha do que concede a vida.
Por que os experientes são os mais inexperientes?
Porque a recompensa da vida é se tornar demente.
Por que tenho que rimar toda vez que escrevo?
Porque as palavras devem acasalar, se não elas morrem cedo.
Por que dizem que sou livre, mas me sinto preso?
Porque liberdade significa estar acorrentado a si mesmo."
Terminou de ler. Um minuto de silêncio.
Um aluno se levantou. Olhou fixamente para Gabriel. Ergueu os braços. Com certeza iria jogar tomate!
Gabriel fechou os olhos. Clac.
Palmas. Devia ser um engano.
Abriu os olhos. Todos os alunos e a professora estavam lhe aplaudindo. Não é possível! As palmas não eram para ele, não pode ser!
Se achava indigno até do que merecia.
Começou a chorar.
A professora não precisava nem falar, é óbvio que ele havia tirado dez! Havia mais quarenta alunos, mas o seu poema era o melhor de todos.
Por alguns minutos, finalmente todos o estavam vendo, não o espancando. Sorrindo para ele, não o ameaçando.
Gabriel conquistou seus quinze minutos de fama.
Mas alguma hora ou outra, iria voltar para os seus cem anos de realidade.
O bom é passageiro. O mal permanece. O que é bom é esquecido. O que é mal é lembrado e praticado.
Segundo capítulo do livro que estou escrevendo.
Sinopse: Gabriel é um jovem problemático e depressivo que por amizades falsas e decepções começa a usar drogas. Quando vê, mergulha no crime para sustentar o vício. Consegue fama, poder, mulheres, mas percebe que existem dois grandes perigos: não conseguir o que se deseja e conseguir o que se deseja.