A CRUZADA DE CATARINA introdução: Pacto com o demônio

 

(Damos início aqui à publicação em capítulos do romance "A Cruzada de Catarina", baseado na obra-prima da literatura de terror "O retrato de Dorian Gray", do genial Oscar Wilde. Veremos aqui como as mesmas tintas utilizadas no referido romance de Wilde reaparecem para um novo pacto satânico. A partir daí, um verdadeiro flagelo surge na sociedade de São Paulo.

Aqui começa um extraordinário confronto: a insólita guerra entre uma jovem que fez pacto com Deus e um homem que fez pacto com o diabo. Uma história plena de ação e reviravoltas, tendo como pano de fundo a sociedade paulista de um futuro indeterminado, onde a Luz e as Trevas travarão combate: Catarina Freitas contra o Barão Homer Nightgale, e cada qual contando com aliados surpreendentes.)

 

 

INTRODUÇÃO

 

 

PACTO COM O DEMÔNIO

 

 

Era um ambiente escuro e frio, mal iluminado por sujas velas de espermacete. Sobre uma mesa já meio esburacada de madeira, além das velas colocadas nas quatro pontas, encontravam-se diversos objetos de feitiçaria e alguns crânios sorridentes. Um personagem encapuzado, de voz rouca e cavernosa, fitava um homem de aparência muito jovem, rosto liso e imberbe, cuja grande beleza podia ser notada apesar da penumbra ambiental.

— Você compreende — dizia o encapuzado — os riscos inerentes ao seu propósito. Sem dúvida alguma, a extrema juventude do seu rosto e do seu aspecto geral poderá ser mantida... por tempo indefinido, mas não seria prudente prolongar isso indefinidamente, pois aí você acabaria se tornando um fenômeno que chamaria a atenção dos cientistas. Além disso alguma coisa poderia vir a suceder com o quadro, mesmo que você o guardasse a sete chaves.

— Eu jamais cometeria o erro de Dorian Gray — disse o jovem.

— Sei disso. Você não pode tentar destruir o quadro porque, se o fizer, destruirá a si mesmo. Você terá de preservá-lo sempre, por mais repulsivo que se torne com o passar do tempo; e terá sempre de contar com uma alcova secreta, onde nem a sua amante mais íntima poderá ter acesso.

— Isso não será tão problemático quanto foi para Dorian Gray.

— Somente porque o quadro é bem menor. Dorian Gray teve muita mão-de-obra para ocultar e armazenar o seu retrato. Além disso, o plástico especial que eu coloquei protegerá a obra de choques e do fogo.

— Mas diga então, Lúpus... qual a solução que você oferece... para o meu futuro?

— Muito simples, Homer. Quando você estiver com 45 ou 50 anos, simulará a própria morte. Seu corpo não poderá ser achado, e nem deve, pois apareceria horrivelmente desfigurado, como no caso de Dorian Gray.

— Não entendo. Eu vou morrer ou não vou?

— Você terá de escolher um rapaz de excelente aparência, matá-lo e assumir o seu corpo.

— O que? Isso é impossível!

— Não é não! Em livros secretos como o Necronomicon existem rituais que possibilitam tal coisa. Ou você pode transformar-se num vampiro, tornando-se assim, imortal... não é o que você deseja?

— Acho que vou pensar nisso. Terei tempo...

— Isso! Medite... e pense na infinidade de prazeres que esperam por você.

— Você garante a eficácia desse quadro?

— Eu usei as mesmas tintas que pertenceram a Basilio Hallward, que foram parar nas mãos dele por acaso...

— Acho terrível o poder que vocês têm...

Lúpus deu uma sinistra gargalhada.

— Nós, os Antiguistas, sabemos a quem servimos...

As luzes das velas bruxulearam lugubremente.

— E se alguma coisa não der certo? Vocês cobraram um preço muito alto! Muito, muito...

— Você duvida de mim em seu íntimo, Homer. Mas que sabe você sobre os arcanos do mundo? Que sabe você, por exemplo, sobre a mística matemática da pirâmide de Quéops?

— Eu ouvi falar sobre isso, mas nunca me enfronhei no assunto.

— Então eu lhe revelarei algumas coisas. Por exemplo: se você multiplicar o comprimento da antecâmara real, medida em polegadas piramidais...

— Polegadas o que?

— A polegada piramidal é quase igual à polegada inglesa. Melhor dizendo, mil polegadas piramidais equivalem a 999 polegadas inglesas.

— Bom. O que é que sucede?

— É o seguinte: multiplicando-se esse comprimento em polegadas piramidais por pi o resultado é a duração do ano até o terceiro dígito decimal: 365,242.

— Fascinante. Encantador — ironizou Homer.

— Mas você não percebe o que eu quero dizer? Existem ciências ocultas... conhecimentos secretos... você sabe que a história da Terra é muito maior do que oficialmente se diz? Ouviu falar dos personagens míticos do passado ultra-remoto, Conan, Kull, Hércules, Jasão e outros?

— Já li sobre muitas dessas tortuosidades. Minha mente chegou a ficar confusa.

— Certamente não é sua vocação estudar a fundo essas coisas, manipular as runas e coisa e tal. Mas você não precisa de nada disso por agora: o que você quer é a juventude eterna. E todos os prazeres que ela lhe trouxer, não é?

— Isso mesmo, Lúpus. Já fui demasiado longe. Vamos com isso... eu tenho compromissos.

— Está certo — Lúpus pegou um estilete e flambou-o na chama de uma das velas. – Precisarei de um pouco do seu sangue. Estenda a mão esquerda, a palma...

 

(imagem pinterest)

 

(Na sequência veremos um capítulo excepcionalmente tenso. Entra em cena Catarina Freitas, que surge na história com dez anos, quando se torna órfã do pai, e com a idade de doze anos, vivendo com sua mãe na penúria, travará conhecimento com o Barão Homer Nightgale.

As consequências do relacionamento entre Jéssica Freitas e Homer Nightgale serão trágicas. E levarão Catarina à decisão que mudará a sua vida para sempre: a guerra contra Homer Nightgale e todo o mal que ele representa e que está envenenando a sociedade paulista...

Homer, porém, dispõe de poderes sobrenaturais e financeiros, portanto um inimigo formidável.

Acompanhem o próximo episódio, em breve nesta escrivaninha:

CAPÍTULO 1:

GOLPE DO DESTINO)

 

 

 

 

 

 

 

 

Miguel Carqueija
Enviado por Miguel Carqueija em 10/06/2024
Código do texto: T8082427
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