A Saga de Godofredo Parte III – O Passeio

27.05.24

530

Godofredo se vestiu e saiu junto com o avô em direção ao salão de refeições dos tripulantes. Este, perguntou-lhe de forma capciosa:

-Ontem vi a sua conversa com a bela Frau Krupp. Ela se interessou por você, meu caro amigo – olhando-o com sorriso de canto da boca.

Godofredo ficou espantado, pois não imaginava que a linda moça fosse de família tão importante e poderosa. Ficou estupefato. Cons., como sempre, falou em seu cérebro:

-Não te falei para ficar longe de problemas. Agora só falta você se enroscar com essa moça e vir a ter um filho. Não faça isso, de forma alguma!

-Pois é, só me aparece encrenca! Eu não tenho culpa, pois elas se apaixonam por mim e depois eu sou o culpado.

-Então, mas um motivo para se distanciar dela – disse Cons. de forma imperativa.

O avô, vendo que Gotffried se mantinha distante, deu-lhe um toque no braço e falou:

-Está sonhando com ela, meu amigo? Ela é um ótimo partido, hein? Estão indo para os Estados Unidos, conhecer o país.

Godofredo voltou dos seus devaneios, e respondeu ao avô:

-Sim bonita, rica e poderosa. Mas, não tenho a mesma condição social dela, e com certeza não vai dar em nada. Ela está brincando comigo.

Entraram no amplo salão e foram ao bufê servirem o seu café da manhã. Olharam em volta e todas as mesas ocupadas, menos a do comandante, que os vendo a procura de lugar, acenou convidando-os a se sentar com ele. Foram à mesa do capitão.

-Bom dia, senhores, lindo dia de sol, o mar está calmo, estamos no Canal da Mancha, que sempre é traiçoeiro, e devemos atracar logo mais em Liverpool, no início da tarde. Sentem-se, por favor! – em um francês perfeito.

O comandante era um velho lobo do mar inglês, com cabelos e barba, muito bem aparada, totalmente brancos. Chamava-se Winston, e no mar, há mais de 40 anos. Comandara navios de casco de madeira e a vela; acompanhou a transição para os navios à vapor, movidos à roda, e agora, os de turbina a vapor movidos à hélices, usando o carvão como combustível para as caldeiras.

Conversaram amenidades, e Godofredo, curioso com o que vira no navio em que estavam seus antepassados maternos, o iceberg, perguntou ao velho marujo:

-Caro capitão Winston, na travessia do Atlântico Norte há muitos icebergs nesta época do ano, não? Eles podem causar naufrágios?

-Com certeza, caro Gottfried! Mas, iremos por uma rota mais perto do Trópico de Câncer, bem abaixo do Círculo Polar, pois não são tão frequentes nesse trecho. Vai nos prejudicar um pouco para tentarmos ganhar a “Flâmula Azul”. Quem sabe a sorte nos sorria, com mar calmo, sem tempestades e nevoeiros, e consigamos – respondeu o experiente comandante, já puxando o seu cachimbo.

Godofredo despediu-se ao término da sua refeição. O comandante pediu para que avô ficasse mais um pouco, que puxou o seu cachimbo também.

Foi ao salão, ver como estavam os preparativos para o desjejum dos passageiros. Eram 6:30h da manhã, e o salão abriria às 6:45h.

Ele correu as mesas, viu se os pratos, talheres, guardanapos e demais utensílios estavam de acordo, quando olhou sobre uma delas, junto a uma janela do navio, a da família Krupp, com um cartão indicando-a.

-Vou fugir da encrenca! – dirigindo-se para o outro extremo da sala, perfilando-se junto a uma coluna, meio escondido.

Abriu-se o salão, e surgiram os passageiros tomando seus lugares de praxe. A família Krupp não apareceu. Godofredo atendeu aos que necessitavam de alguma ajuda com o idioma, e não percebeu que Frau Laura chegou sozinha e sentou-se perscrutando a ele. Este, absorto com seus afazeres, não percebeu que ela o olhava com atenção. Então, ele virou para a direção da mesa dela e a viu encarando-o com um leve e sedutor sorriso nos seus lindos lábios vermelhos. Sorriu também! Era por demais insinuante. Não teve como evitá-la, pois o chamou com um olhar de pergunta. Seu avô, que voltava, acompanhou-o com os olhos e um sorriso nos lábios. Cons., apareceu na sua mente e disse-lhe:

- Não se empolgue!

-Bom dia Frau Laura! Teve um boa noite de sono? E seus pais e irmão, não virão fazer o desjejum? - com ela olhando-o fixamente com seus olhos azuis cristalinos, deixando-o "abobadamente" estático. Era impossível evitá-la.

-Bom dia Herr Gottfried, tive sim ótima noite de sono. Meus pais e meu irmão estão tomando o café da manhã na cabine. Vim sozinha para que possa me acompanhar, depois, em passeio pelo convés do navio e conversarmos. Já falei com o comandante Winston, que me disse que o liberaria para tanto - respondeu faceira e alegre. Godofredo ficou espantado com o convite. Olhou para seu avô inquisidoramente, que veio até ele.

-Algum problema, Herr Gottfried?

Frau Laura se antecipou, e disse ao avô de Godofredo que o capitão do navio o liberou para a acompanhá-la a um passeio pelo convés do navio, a seu pedido. Godofredo estático com a atitude da moça, permanecia parado sem palavras.

-Então, como diz Frau Laura, acredito que não haja nenhum problema, Herr Gotffried! - fazendo mesura à moça. Godofredo encarou o avô, que matreiramente lhe deu uma piscada, dizendo:

-Bom passeio!

Cons., falou novamente na mente de Godofredo:

-Isso não vai acabar bem, meu caro. Contenha-se!

Obra de ficção, qualquer semelhança é mera coincidência

Fernando Ceravolo
Enviado por Fernando Ceravolo em 27/05/2024
Reeditado em 27/05/2024
Código do texto: T8072893
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2024. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.