Quando Ele nos Encontra - Capítulo 9: O dia da verdade

Depois de saírem da agência de envios, Natália quis evitar conversa e por isso decidiu ir embora o mais rápido possível.

- Eu tenho algumas coisas para fazer... então vamos nos despedir por aqui.

- Tudo bem, nos vemos outra hora então! - Joseph tinha notado que ela não queria mais conversa.

Ele ficou acenando com as mãos e sorrindo, da mesma forma que antes.

Natália foi até uma papelaria que tinha perto dali, para disfarçar que tinha mesmo que ir para casa, mas queria evitar ir conversando pelo caminho (apesar de não saber se ele iria para o ponto de ônibus novamente).

Quando chegou em casa, se deparou com sua irmã.

- Ué, você está em casa hoje?

- Sim, hoje não tem aula. Vou aproveitar para aprender essa receita de bolo. - Júlia respondeu, mostrando a receita.

- Bolo? - Natália perguntou, duvidando do que tinha ouvido.

- Sim, vai ter um evento na Igreja e quero levar alguma coisa.

- Eu espero realmente que você acerte essa receita... bem, de qualquer forma, vou orar antes de comer mesmo.

- Ha-ha-ha.

Natália foi em direção ao seu quarto para continuar seu trabalho, quando Júlia a chamou de volta.

- Ah, mais tarde tenho que levar na Igreja algumas folhas que imprimi para divulgar o evento.

- Ok...

- E você quer ir comigo? Passear um pouco? - Perguntou, sorrindo.

- Eu saio de casa quase todo dia, mas não com você, então posso ir... vai ser bom.

Mais tarde elas saíram para levar as impressões. No caminho, Natália decidiu contar como foi sua manhã.

- Lembra do menino do ônibus?

- Ah, é mesmo! Ele falou com você? - Júlia se virou para ela, a assustando.

- Na verdade... eu que falei com ele primeiro.

- Não acredito! E o que você disse?

- Ele tinha vindo ao meu lado no ponto de ônibus, fiquei nervosa e disse que tinha namorado.

- Hahahaha, eu não sei se consigo parar de rir hoje. - Júlia respondeu, gargalhando.

Natália continuou andando, enquanto abraçava a pasta com as folhas impressas.

- Deixa eu me recompor. - Júlia disse, se abanando. - Mas você sabe que não deveria ter mentido, né?

- É, eu sei... mas não foi porque gosto de mentir ou porque quis... só aconteceu.

- Agora você precisa contar a verdade...

- Verdade? Se eu não quero nem falar com ele, com a vergonha que estou, imagina contar a verdade!? E não era você que chamava ele de criminoso há uns dias?

- É que depois de você ter dito uma coisa assim, eu não posso mais ficar contra ele. - Júlia respondeu, rindo.

- Mas é isso mesmo... - Natália disse, olhando para baixo. - Talvez daqui alguns dias, quando a vergonha já tiver passado, eu conto a verdade.

Chegando na Igreja, elas ainda estavam conversando, quando viram que na entrada tinha alguém em uma escada consertando as lâmpadas. Natália parou, desacreditada que já seria a próxima vez que os dois se falariam.

Júlia olhou para a irmã, vendo que estava olhando para o rapaz, e sussurrou:

- Você conhece?

- É o Joseph. - Respondeu, sussurrando também.

- E quem é esse?

- O rapaz do ônibus.

Quando terminou de responder, ele as viu. As duas pararam de falar, fazendo de conta que não estavam conversando.

- Você de novo? - Ele perguntou, rindo.

Júlia olhou para a sala ao lado e viu que seus amigos já estavam lá para fazer os preparativos para o evento. Então só saiu de fininho e deixou sua irmã na entrada.

- Pois é... - Respondeu Natália.

- Eu tenho mais algumas lâmpadas para trocar, você quer me ajudar?

- Tudo bem.

Natália ficou alcançando as coisas para ele enquanto pensava em como contaria que tinha mentido. E além disso, agora realmente não podia fugir da verdade, já que ele poderia descobrir uma hora ou outra.

"Que tipo de cristã ele vai achar que eu sou? Mentindo?" - Pensava.

Depois que ele terminou e ia organizar o local, Natália decidiu começar falar.

- Eu tenho que te pedir desculpas... eu menti para você dizendo que tinha namorado. Eu estava ansiosa por causa de algumas coisas e...

- Tudo bem. - Ele a interrompeu. - Eu acredito em você. E também... eu já tinha te visto há muito tempo nas fotos da página da Igreja porque minha mãe vem aqui. Sei que não foi por mal.

Natália continuou olhando para baixo, enquanto tentava sorrir, ainda com vergonha por ter mentido sobre algo tão irrelevante. Até que ele continou:

- Talvez você goste de mim, para ter ficado tão preocupada. - Ele disse olhando para ela. - Estou brincando.

Natália tinha ficado surpresa, mas só riu, sem saber o que dizer. "Sou tão óbvia mesmo como a Júlia disse?" - Pensou.