A CIDADE DO TERROR capítulo 12: A batalha nas alturas

 

CAPÍTULO 12

A BATALHA NAS ALTURAS

 

(No episódio anterior, de número 11, pudemos ver que as forças malignas dos Antiguistas, seguidores do Necronomicon, lançaram um ataque em massa nas partes baixas do Rio de janeiro do ano 3000. Objetivo: distrair as Centelhas para que elas não atrapalhem a contaminação da Rede Energética Mundial por energia diabólica. Porém, Limusine apresentou às Centelhas um plano B, reunindo um grupo de voluntários para defender a cidade por baixo, enquanto elas iriam diretamente para cima, para o nó da REM. A batalha decisiva contra o Espectro está para começar.)

 

 

 

Flutuando nos céus do Rio de Janeiro, sustentado por grandes tirantes de magiplast, o Depósito Aéreo de Reposição da Prefeitura era como um imenso barril derivante, que se movia lentamente dentro dos limites impostos pelos seus suportes. De lá os engenheiros retiravam peças de reposição para os canais da REM e instalações das torres. Naquele dia, porém, o acesso fora proibido, e somente um grupo seleto pudera entrar. Quilômetros abaixo a batalha se intensificava, numa verdadeira guerra civil, e as pastilhas incendiárias das gangs ameaçavam alastrar um catastrófico incêndio na Cidade Baixa. Os bombeiros agora haviam acorrido, unindo-se à população na luta contra o agressor. Lá em cima, Camilla, diante da janela panorâmico-televisiva que mostrava os acontecimentos no Baixo Rio, ergueu o báculo com a cruz de Hitler e exclamou:

— Sua vez, Espectro! Inicie o feitiço!

Dentro de um pentagrama de fogo, com três exemplares do Necronomicon em estantes de maestro, Coutinho bradou:

— Pelo poder dos Grandes Antigos — que a energia maligna flua! Escorpião, acione o ultra-ciclotron! A hora é essa! A hora da escuridão!

O Escorpião, um senegalês gigantesco de manto roxo, digitou no computador os comandos que puseram o colossal aparelho, acoplado ao depósito, em funcionamento; dutos que do teto e da parede apontavam para o centro do aposento (uma espécie de salão quase vazio, paralelo às salas onde se encontravam as peças de reposição) despejaram os feixes de micro-energia que iriam ativar as forças contidas nos livros... e direciona-las para fora. Já toda uma tubulação partia do pentagrama. Os três livros, em meio a cânticos macabros no idioma de Valúsia, foram rodeados por fulgurações azuis, roxas e até cinza-claro, e logo um fluxo luminoso seguia pelo tubo, mas do lado de fora; ele simplesmente atravessou o espaço, atingindo a rede. Os cabos de magiplast da Teia foram adquirindo uma coloração brilhante, cor de vinho; o fenômeno propagou-se rapidamente em direção ao nó central.

Nas cornijas do grande Farol das Alturas, quatro figuras de capa e máscara identificaram a ameaça:

— Vamos, amigas — disse Cindy. — A brincadeira começou!

 

 

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A configuração da Cidade do Terror era sombria, gótica e desesperante. À proporção que crescia a altura diminuía a densidade dos prédios, até só restarem as gigantescas e exorbitantes torres que dominavam tudo e onde se apoiavam os oscilantes cabos e tirantes da teia energética que cobria o Rio de Janeiro. Pontes e mais pontes, em geral fechadas com paredes e tetos, ligavam os prédios formando vias de tráfego em vários níveis, e aviões e dirigíveis moviam-se nos espaços mais abertos. A cidade parecia demente em sua exorbitância, e até afigurava-se natural que abrigasse a conjuração dos príncipes do mal.

As quatro Centelhas partiram em vôo em direção ao nó central da REM, juntaram as mãos em círculo, rodeando a conecção, e uniram os seus poderes.

A descarga maligna chegou a impactar contra a aura das garotas. Produziu-se um imenso clarão amarelo-arroxeado e as pequenas, embora sacudidas, aguentaram bravamente. A energia maligna recuou visivelmente, retornando ao barril oscilante que era o depósito.

— Vamos lá! — comandou Eliana, tomando a frente de Cindy.

O conselho das trevas saiu para a varanda do depósito. Uma mulher gorda, de longo vestido vermelho e segurando um báculo também vermelho, brandiu a este como uma arma e fez surgirem faíscas, que lançou contra o quarteto. As meninas se dispersaram e voltaram a atacar; o Mestre Lin, o Escorpião, o Mestre do Enxofre, a Guardiã da Cruz de Ferro e o Espectro juntaram-se à Áspide. Todos usavam báculos ou bastões com os quais atiravam seus raios. Cindy, Rosa, Celeste e Eliana, movendo-se com a agilidade de Peter Pan, revidaram com seus próprios raios, que saíam diretamente das suas mãos; entretanto, a inferioridade numérica pesou e as quatro foram derrubadas. Eliana caiu diante de Camilla e, ao tentar se erguer, foi agredida na cabeça com a cruz de ferro usada pela mulher.

A Centelha Verde pôs-se de pé com decisão.

— Bastarda!

Com esse xingamento Eliana atacou para valer, acertando uma cutelada de caratê no rosto da adversária. Camilla se desmanchou; os outros então atacaram em massa e algo espantoso aconteceu: o embate entre as energias opostas gerou uma explosão, como no encontro entre matéria e antimatéria, e todos foram projetados a distância. Só que a área dava diretamente para o vazio...

— Meu Deus! — exclamou Celeste, quando se recompôs.

Rosa balbuciou: — Eu acho... minhas amigas... que eles podem ser muito poderosos, mas esqueceram de aprender a voar!

— Menos um deles, é claro! — notou Cindy. — Vejam!

Pelo menos o Espectro fora previdente naquele ponto: por trás do imenso manto usava um aparelho voador, anti-gravitacional. Desceu célere, apanhou Camilla e a trouxe de volta, mas dirigindo-se apressadamente para os fundos da construção. Os outros quatro despencaram sem remissão.

— Tomara que não caiam em cima de ninguém, já pensou? — disse Rosa, ingenuamente.

— O que ele pretende? — indagou Eliana, indignada. — Vamos atrás dele!

Rapidamente elas contornaram a construção, mas já o Espectro e Camilla haviam entrado, cerrando a passagem; as Centelhas acossaram o magiplast e o arrombaram, deparando com uma cena abracadabrante; Camilla e Coutinho no centro do pentagrama, absorvendo a energia do ultraciclotrón; parecia um gesto de desespero, não isento de riscos; Cindy tentou imaginar se o metabolismo humano aguentaria aquilo, se o protoplasma não se desagregaria... Camilla tornou-se de um feio azul-aniz e ergueu o seu bastão de poder, onde se viam entalhados antigos símbolos de velhas religiões cartaginesas e sumerianas.

— Vá, Espectro! Eu lhe darei cobertura!

Com as faíscas saindo do Necronomicon em seu peito o Espectro, como se estivesse com a bateria carregada, transbordando de poder, levantou vôo na direção da saída. As Centelhas Azul, Verde e Amarela atacaram Camilla, num incrível combate energético; pareciam fadas numa batalha de luz. Girando o corpo Camilla varreu-as contra as paredes, enquanto Cindy se lançava sobre o Espectro, alcançando-o antes que ele chegasse à porta. O nicromante aparou o golpe mágico da garota e com um sacolejão do báculo da caveira derrubou-a violentamente ao chão. Saiu à varanda e constatou, com um palavrão, que os cabos que levavam ao nó central estavam obliterados pela contra-carga das Centelhas.

— Acabou, Espectro! Mesmo repleto dessa energia, você não a passará à REM!

Coutinho se voltou. Cindy pulou sobre ele — só para receber um brutal pontapé que a arrojou no chão, muito magoada. O prefeito olhou para cima — a uma distância de trezentos metros havia o nó de reserva, e Cindy enxergou-o simultaneamente.

— Pela Flor de Kisenian!

Com essa exclamação blasfema o Espectro ascendeu e a garota compreendeu a sua intenção. Mesmo caída ela tornou a atacar, estrugindo seus raios contra Caetano Coutinho. Este hesitou; a garota alcançou-o, puxando-o de volta ao chão, atracando-se com ele. Coutinho deu-lhe um bofetão no rosto, jogando a pequena no chão, dolorosamente. Então ele a atingiu com seus raios, fazendo-a gritar de dor e aflição.

— Marafona! — exclamou ele, e chutou-a cruelmente.

A Centelha Negra viu-se rodeada pelas outras, enquanto o líder antiguista tornava a voar para cima. Cindy escutara os gritos de Camilla.

— O que houve? — indagou pateticamente. E foi a Centelha Amarela quem respondeu:

— Matamos Camilla. Ela não nos deu alternativa.

Celeste observou: — E o padrão lá dentro está muito instável. Vamos nos afastar!

Ajudaram Cindy a se erguer e pularam para longe, pois a construção se esboroava rapidamente; as paredes se desmontaram, o chão soltou, e o pentagrama com os três livros em flamas caiu, desparzindo suas luzes pelas alturas.

— Nós não temos tempo a perder! — berrou Cindy, alarmada. — Vocês três, desçam logo e detenham essa queda ou haverá um grande desastre no Rio! Vão lá!

— Mas Cindy, e você? — lembrou Eliana.

— Vão logo! Vai morrer muita gente, não entendem?

Celeste respondeu: — Nós vamos, Cindy, nós vamos! Mas e você?

E Rosa repetiu: — Sim, o que você vai fazer, Cindy?

— Vocês ainda perguntam? Eu vou pegar aquele desgraçado!

 

imagem pinterest

 

(E assim, por força das circunstâncias, o conflito pelo futuro da Terra se resolverá num duelo final - o duelo entre uma adolescente justiceira e um adulto corrupto: Cindy contra o Espectro.

Clifford D. Simak (1904-1988), notável escritor norte-americano de ficção científica, assim definiu esta situação emblemática:

 

"O destino do mundo pode, em dado momento, repousar nas mãos de uma única pessoa. Se esta pessoa falhar, o mundo poderá se perder." (ÚLTIMO GENTLEMAN)

 

Não percam, brevemente nesta escrivaninha:

 

CAPÍTULO 13

 

O DESTINO DO MUNDO NAS MÃOS DE CINDY

 

ÚLTIMO CAPÍTULO DA NOVELA "A CIDADE DO TERROR")

 

"A Cidade do Terror" é uma fanfic cruzada com os universos Sailor Moon (Naoko Takeushi, Japão) e Necronomicon (Estados Unidos),

 

 

Miguel Carqueija
Enviado por Miguel Carqueija em 19/11/2023
Reeditado em 20/11/2023
Código do texto: T7934985
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