A CIDADE DO TERROR capítulo 11: O ataque à Catedral
CAPÍTULO 11
O ATAQUE À CATEDRAL
(No episódio anterior vimos como Vanessa, a esposa do Prefeito Coutinho, procurou Gipsy Green e Virgil Limusine para avisar sobre os planos dos Antiguistas de contaminar a Rede Energética Mundial com uma infecção de energia maligna capaz de perverter as humanidade. O ataque visa inclusive o reino de Sailor Moon em Tóquio. Para evitar isso, Virgil irá chamar as Centelhas. Mas o ataque em massa das forças do Mal contra a Catedral do Rio de Janeiro, para distrair as Centelhas dos acontecimentos das alturas, não poderá ser evitado...)
Virgil tinha lá os seus meios de contactar com as centelhas, mas não queria envolver Gipsy Green. Tentou despacha-la; ela resistiu e fincou pé, recusando-se a ser posta de lado.
— Meu querido, você tem que confiar em mim. Ou acha que casarei com você se não confiar?
— Mas não se trata disso... é um conhecimento perigoso.
— Eu não sou nenhuma criança! Além disso já estou envolvida: a denúncia foi feita a você e a mim.
Vendo que não podia convencê-la, Limusine acedeu em fazer tudo na presença da cantora. Chegou à janela e, com hábil manipulação de um giroscópio holográfico, fez aparecer um “v” luminoso, azul, nas alturas.
— O que é isso? — admirou-se Gipsy.
— Ela me disse... a primeira Centelha... que o meu sinal luminoso seria monitorado. Agora vamos ver se isso é verdade.
— E se elas não vierem?
— Teremos de avisar ao cardeal.
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Eliana, a pintora; Celeste, a romancista; Cindy, a jogadora virtual; Rosa, a lingüista. Estavam todas lá, no espaçoso quarto de Eliana, planejando as próximas ações.
— A minha sugestão — disse Eliana — é começarmos uma rigorosa auditoria da teia energética, para descobrir como é afinal o esquema do prefeito. Podemos fazer isso a noite que vem?
Cindy, porém, notou que Celeste choramingava.
— O que há com você?
— Cindy, Rosa, Eliana... minhas amigas... será, enfim, que não podemos ser felizes? Todas nós, as quatro, perdemos os namorados!
— Não exagera, Celeste — observou Rosa. — A felicidade não consiste só em namorar!
— Ah, não? E é mais o que?
— Nós não podemos nos preocupar com isso agora — lembrou Cindy. — Não somos libertinas e podemos muito bem esquecer um pouco que existem homens. Vamos pensar em salvar a humanidade que é melhor!
— Acho que você tem razão. Desculpe, Cindy. Uma centelha não tem o direito de fraquejar.
— Esperem! Vejam!
A exclamação partira de Eliana. No computador da garota um ícone verde aparecera piscando, no meio da tela, uma espécie de besourinho.
— O sinal de Virgil! — murmurou Cindy. — Ele deve estar chamando a gente!
A visão seletiva do holograma de Virgil era feita através do satélite geoestacionário, que os comps das moças estavam programados para sintonizar com esse objetivo. Uma difícil triangulação, mas que Cindy conseguia executar.
Celeste, mordendo uma trufa amarga, lamentou:
— Puxa! Sair a essa hora... sem nem comer direito...
— Nós temos um dever a cumprir, e precisamos entender isso — sentenciou Eliana.
Ainda mastigando, Celeste se ergueu. Rosa enxugou as lágrimas e fez o mesmo.
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Gipsy abraçou-se à Centelha Negra, com afeição, e murmurou:
— Jamais me esqueci de você e da maneira como me salvou, provavelmente a vida. E temo por você e suas amigas... o perigo é grande!
— Nós estamos prontas a dar nossas vidas, minha amiga. Mas pretendemos viver para dar um fim a este mal.
Virgil, pela fresta da cortina, observava preocupado o exterior;
— Vocês têm certeza de que não foram avistadas?
— Isso é um risco que temos de correr — disse a Centelha Verde. — Portanto é bom contarem logo o que se passa.
Limusine referiu as revelações bombásticas de Vanessa, com ênfase na iminência do golpe energético.
Rosa, a centelha Amarela, observou:
— Será ruim se nós nos dividirmos... precisaremos de toda a nossa força. O que você acha, Centelha Negra...
— Eu acho — respondeu Cindy — que teremos de agir rapidamente. Teremos de salvar a catedral e o cardeal, e em seguida subir.
— É melhor avisarmos o cardeal — observou judiciosamente a Centelha Azul. — Nós não podemos nos dividir, e se retardarmos a nossa subida poderá ficar muito tarde. O cardeal deve ter meios de se proteger.
Rosa observou: — E separadas não poderemos concentrar nossos poderes, uni-los, como fizemos naquele dia...
— Vocês não podem se comunicar com Sailor Moon? – sugeriu Gipsy Green.
Cindy foi taxativa:
— Não vamos incomodar as marinheiras-guerreiras. Elas têm mais o que fazer. Vamos resolver isso no âmbito do Brasil e do Rio de Janeiro.
Limusine tomou um gole de malsibier e arriscou:
— Se vocês confiarem em mim... creio que posso organizar uma resistência aos terroristas.
— O que quer dizer?
— A ameaça sobrenatural estará lá em cima, não é? É lá que vocês deverão estar desde o início. Eu tenho vários amigos decididos, e há tempos resolvemos que os cidadãos do Rio de Janeiro devem se organizar para defender o seu patrimônio. Temos armas e valentia. Vocês façam o que tiverem de fazer.
Eliana animou-se: — Se você realmente puder nos dar esse apoio... mas poderão ser presos!
— Por defender a catedral? De qualquer forma, se vocês vencerem a parada na teia, não restará muita cancha para o Espectro.
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E veio o Halloween. As brumas cobriam uma grande parte do Baixo Rio, de onde, com intervalos de quilômetros, partiam para cima as grandes torres, num panorama algo à “Metrópolis”. (*)
Por sorte era quarta-feira, assim pensou Limusine, e não haveria grande frequência à igreja.
Pelas sete da manhã o trânsito aéreo interpavilhonar foi perturbado pelo aparecimento de diversos dirigíveis-agulha que, barbeirando os outros veículos, convergiram para a Praça da Catedral de São Sebastião, situada sobre um outeiro artificial a pouca distância da base da Torre de Berilo. Na verdade, por conveniência da Igreja, a catedral fora montada na Cidade Média, que não era geograficamente contínua pois se baseava numa série de platôs e torres baixas.
Junto a um poste no Beco do Cristal, Virgil Limusine ergueu a sua atiratriz e falou pelo intercomunicador:
— OK, gente. Estão chegando. Vamos ao ataque!
Os projéteis de magiplast partiram. De janelas e outros locais estratégicos a milícia de Limusine atacou com decisão a esquadrilha de dirigíveis, derrubando-os um a um. Somente um, antes de explodir em pleno ar, ainda esbarrou no torreão do sino da catedral, derrubando-o por sua vez. Perto dali o Empório Continental era palco de uma encarniçada batalha. A Primeira Igreja Batista foi atingida por uma bomba incendiária, mas os autores do atentado foram logo acossados por membros da milícia popular, homens e mulheres.
Como se não houvesse mais necessidade de fingimento, os Macacos Negros foram surgindo em toda parte, unindo-se aos Anjos Negros e disparando nos milicianos. A batalha encarniçou-se e cadáveres foram juncando o solo. A essa altura, tendo-se entrincheirado por trás de uma das gárgulas da fachada do templo, Virgil e Gipsy Green dispunham-se a vender caro as suas vidas... e a morrer juntos.
— Você acha, meu amor — disse Gipsy — que temos alguma chance contra a tropa da Mercia?
— Depende... se as Centelhas forem rápidas lá em cima.
— Que Deus e Nossa Senhora as protejam... espere! Veja lá adiante, na avenida!
Uma multidão se aproximava. Alguns veículos policiais se acercaram e avançaram sobre as formações dos Macacos Negros.
O povo e a parte sadia da polícia vinham defender Dom Ratisbone e o Cabido Arquiepiscopal, cercados na igreja.
Limusine, tenso, observou:
— Querida, prepare-se porque a luta vai ser dura...
(*) filme visionário alemão, de 1926, realizado por Fritz Lang.
(As Centelhas Negras, livres da responsabilidade pela defesa da Catedral, puderam se posicionar nas grandes alturas do Rio de Janeiro do século 30. Nas torres incrivelmente altas, onde se encontra um grande nó de distribuição da REM: o alvo do Espectro. No próximo capítulo tem início a luta decisiva entre as Centelhas e os Antiguistas para decidir a Questão do Futuro: se o futuro da Humanidade será de luz ou de trevas...
Em breve no Recanto:
A BATALHA NAS ALTURAS
CAPÍTULO 12 DE A CIDADE DO TERROR)
IMAGEM PINTEREST
"A cidade do terror" é uma fanfic cruzada mesclando os universos de Sailor Moon (Naoko Takeushi, Japão) e do Necronomicon (H.P. Lovecraft, Estados Unidos).