A CIDADE DO TERROR capítulo 9: A infecção energética
CAPÍTULO 9
A INFECÇÃO ENERGÉTICA
(Vimos no capítulo anterior como Cindy, Rosa, Celeste e Eliana começaram a ter problemas banais se comparados com sua luta contra as forças do crime e do terror que atuam no Rio de Janeiro do século 30: o relacionamento com seus namorados. Não é fácil serem super-heroínas em segredo e manterem ao mesmo tempo uma vida social. Agora veremos o que está havendo no lado oposto... na irmandade dos seguidores do Necronomicon...)
A Irmandade Ocultista dos Seguidores dos Grandes Antigos possuía um reduto no alto da Torre Cósmica, na região norte do município. Neste endereço, numa noite de 7 de setembro (correspondia a um feriado histórico), ocorreu uma reunião no Salão Roxo. Em meio a uma tétrica iluminação de tochas, uma figura corpulenta e embuçada, segurando um báculo com uma imagem de caveira na extremidade, caminhava pelo círculo cabalístico desenhado no chão. Em seu peito, um enorme livro aberto com a lombada para fora, de cor negra, sustentava-se sem cair no chão.
— A hora está chegando — dizia ele às seis pessoas ali presentes. — Como se poderia esperar, as forças que se opõem a nós através do Grande Oceano Dimensional suscitaram seus agentes para nos combater. Esses agentes são, no Rio, as quatro Centelhas, que pretendem, sem a menor dúvida, impedir que a energia negra se espalhe pela REM, rodeando o mundo e encurralando a Tóquio de Cristal. Não podemos identificar as Centelhas, mas elas devem ser mortas o quanto antes para não comprometerem os nossos planos.
Uma mulher alta e magra, de vestido negro com a figura ominosa de Cthulhu estampada no peito, ergueu-se e declarou:
— Veja bem, Espectro. O Conselho precisa de resultados. O Rio de Janeiro estava amadurecido para ser o baluarte das forças do mal — até surgirem as Centelhas. Você mesmo foi desmoralizado pela ação delas. A derrota de suas milícias comprovou isso.
— Não importa! — berrou Coutinho. — Tudo o que elas fizeram, foi só porque a energia maligna não foi liberada.
— E o que você está esperando?
— No próximo Halloween o gerador subespacial estará pronto para entrar em ação. Ele já foi montado no grande depósito flutuante de reposição, junto ao nó principal da REM. Vocês todos terão de ir para lá.
Um homem de manto negro e longa barba negra observou:
— Cuidado, Espectro. O Conselho Ancestral dos Antiguistas se reunirá num local perigoso. Se houver um ataque organizado das Centelhas, nós correremos risco de vida.
— Organizarei um ataque à Catedral de São Sebastião, por parte das gangs que ainda posso controlar. Usarão pastilhas de fogo instantâneo e, se possível, matarão o Cardeal-Arcebispo. Não posso mais me moderar, tudo valerá para atrair a atenção. Quando a energia maligna impregnar a REM, as Centelhas não poderão fazer mais nada. Entendeu, Lin?
— Tenho as minhas dúvidas.
— Eu sou o Manipulador do Necronomicon. Estarei com o livro em aderência ao meu uniforme. O poder do Livro dos Nomes Mortos é incomensurável e vocês sabem disso.
A mulher magra voltou a falar:
— Eu sou Camilla, a guardiã da Cruz de Ferro que o grande Adolf Hitler usou. Eu gostaria de encontrar essas guerreiras e medir forças com elas.
— Você terá sua oportunidade. Elas certamente serão atraídas pelos acontecimentos nas alturas.
— Mas você não vai distraí-las lá por baixo?
— É certo. Mas eu penso que, quando o fenômeno se manifestar, elas subirão de qualquer jeito.
— Então você as distrairá para ter tempo de infeccionar a rede — disse o Mestre do Enxofre, por trás de sua máscara verde.
Coutinho bateu com o seu báculo, verticalmente, no centro do pentagrama luminoso do chão, e figuras monstruosas, derivadas de nuvens de fumaça de incensos, esvoaçaram ao seu redor.
— O Princípio do Mal está maduro. Quando juntarmos a energia de três exemplares do Necronomicon, o tecido espaço-temporal deste universo já não oferecerá resistência à passagem dos Grandes Antigos. Se isso não foi feito antes é porque não possuíamos o controle sobre um Nó de REM, como agora. Eu espero... dentro de poucas semanas... ter condições de enforcar Sailor Moon com as minhas próprias mãos.
— Enforcar a Rainha da Tóquio de Cristal? Isto será necessário?
Coutinho voltou-se para a pessoa, até então apagada, que acabara de falar:
— Você tem medo das guerreiras “sailors”, Vanessa? Se tivermos medo, jamais venceremos esta guerra.
— Caetano... ela não pode se render e até colaborar conosco? Afinal, ela tem coisas para oferecer... o cristal de prata... ela pode colaborar com a gente.
Camilla alisou a cruz de ferro em seu peito e observou em tom de desprezo:
— Sua esposa está achando que é possível um acordo com Sailor Moon. Quem conhece Sailor Moon sabe que ela não faz alianças com o Mal. Não, será preciso matá-la.
— E o cristal de prata, eu o tomarei. Será muito útil para os Grandes Antigos — concluiu o Espectro.
(Como pudemos ver, aparentemente se aproxima um confronto decisivo no Rio de Janeiro do futuro. Um confronto que se estenderá das partes subterrâneas da cidade até o alto das torres altíssimas. Irá o Rio de Janeiro se tornar o epicentro de uma tempestade de energia maligna desencadeada pelo Livro dos Nomes Mortos (Necronomicon) que atingirá o reino da Tóquio de Cristal, governado pela Rainha da Serenidade (Sailor Moon)? Haverá uma guerra mundial no século 30? Ou Cindy e suas companheiras conseguirão agir?
Em seguida, porém, veremos como Virgil Limusine e Gipsy Green recebem uma visita que lhes traz uma informação importantíssima.
Em breve nesta escrivaninha:
CAPÍTULO 10
A DENÚNCIA)
"A CIDADE DO TERROR" é uma fanfic cruzada que une os universos antagônicos do Necronomicon (H.P. Lovecraft, Estados Unidos) e Sailor Moon (Naoko Takeushi, Japão). São dois universos ficcionais simétricos: em Lovecraft o Mal metafísico, o Mal em estado puro, simbolizado pelo livro das trevas (Necronomicon) e seus manipuladores, é onipotente e invencível, enquanto em Sailor Moon o princípio do Bem é mais forte e a bondade tem em si mesma a força para proteger a humanidade. Nesta novela os dois universos são confrontados.
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