A CIDADE DO TERROR capítulo 8: Heroínas também têm problemas

 

CAPÍTULO 8

 

 

HEROÍNAS TAMBÉM TÊM PROBLEMAS

 

(No episódio anterior vimos como as Centelhas, após impedir vários assaltos das gangues, acabaram sendo perseguidas pela milícia da prefeitura - os violentos agentes apelidados de Macacos Negros por causa de seus uniformes - o que resultou numa verdadeira batalha da qual as garotas, unindo seus poderes, saíram vencedoras. Agora veremos como elas passaram a ter dificuldades em suas vidas sentimentais.)

 

 

 

Eliana chegou no jardim-de-inverno, afagou uma glicínia e sentou-se à mesa, e Rafael observou:

— Por que essas olheiras? Você parece que já não dorme!

— Ora, papai, estou bem. Não tenho muito tempo para dormir.

— Nós estamos preocupados com você — disse Dercy. — Há qualquer coisa errada na sua vida! Eu quero ser avó, mas não desse jeito...

— Do que você está falando, mãe?

— Ora, esses seus sumiços prolongados... se não é para transar, é para fazer o que?

“Aposto que o Batman não tinha esses problemas”, pensou Eliana.

Ela achou melhor ser evasiva; bocejou e falou displicentemente:

— Papai, e o museu? Houve mais alguma encrenca por lá?

— Não, e eu troquei o segredo da sala do monólito. Chega de confiar em guardas incompetentes!

— Esse monólito... como podia estar flutuando no espaço? Puxa, pensar que não pode ser estudado...

— Não se pode contrariar uma ordem do primeiro-ministro. Já lhe falei isso vinte vezes!

— Você nem devia ter contado a ela — observou Dercy.

— Foi você quem contou, lembra?

 

 

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Cindy também tinha os seus problemas.

— Gilson ligou para você. Ele está furioso porque você desliga o seu comunicador.

Ela encarou a mãe:

— Não aceito que o meu namorado fique furioso comigo.

— Mas o que você anda fazendo, se não está com ele? Esta cidade é muito perigosa!

— Nem tanto, mamãe. Até que melhorou ultimamente...

— Por causa das Centelhas? E você acha que isso irá durar?

— Não sei, mamãe. Mas eu preciso descansar!

— De que? Desses jogos de Cosmonet que você leva horas...

Ela sorriu.

— Pagamos os nossos impostos com eles, não foi?

— Quero ver quanto tempo a sua sorte vai durar! Por que não tenta ser médica ou advogada? São profissões honradas!

— Ou freira, mamãe...

— Como? Não zombe de mim!

— Mamãe, que há de mal em ser freira? É profissão muito honrada! E se eu quisesse ser?

— Acho que eu deixaria de falar com você! Uma moça tão nova e bonita...

Cindy encaminhou-se para o seu quarto, pensativa.

“Mamãe ainda é muito preconceituosa. Se ela soubesse que eu sou a Centelha Negra... provavelmente ficaria tão chocada que chamaria um psiquiatra. E o segredo iria por água abaixo.”

 

 

 

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— E é isso. Não posso mais aceitar esta situação — afirmou Carlos, taxativo.

Celeste, cortando a omelete de azeitonas, sentia furtivas lágrimas nos dois olhos:

— Você não pode fazer isso comigo. Afinal, eu te amo!

— Se você me amasse tanto, andaria mais comigo que com essas três amigas estranhas. Aliás, esse quarteto está ficando uma coisa muito estranha.

Ela arregalou os olhos:

— Mas afinal o que é que você quer dizer com isso?

— Não tenho certeza, é melhor nem pensar muito nisso. Porque, se eu começar a pensar...

“Ele está achando que eu sou lésbica”, pensou a garota. “O que posso fazer? Se fizer muita questão do namoro acabo me desviando de uma missão sagrada. E eu e as minhas amigas não podemos falhar. A Terra depende de nós.”

Celeste permaneceu em silêncio, ocupada em mastigar e deglutir.

Carlos de repente se ergueu, desprezando o próprio prato:

— Quer saber? O seu silêncio é uma confirmação. Por que esse olhar baixo? O que tem a esconder?

— Modere-se — pediu ela.

— Vá tentar namorar o Eleutério! Ele parece que gosta das quatro... mas eu já perdi a minha paciência. Se você não me procurar e me pedir desculpas, está tudo acabado!

Ele se afastou sem olhar para trás e Celeste não se levantou para segui-lo.

— Sem-vergonha! Deixou a despesa para eu pagar! E pelo jeito, terei de comer também a refeição dele!

 

 

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Deitada em um sofá, com uma folha amarelecida nas mãos, Rosa pensava no amor perdido — também seu Johnny, o Johnny Guitar como ela o chamava (ele era músico) dera-lhe o fora.

“Nosso destino é ficar sozinhas?”

Ela descobrira em suas pesquisas arqueológicas um velho manuscrito, conservado em plastificação de magiplast, assinado por Valquíria Cruz, a lendária “Pesquisadora dos Arcanos”. Lá estavam os sinais cuneiformes da antiga escrita de Valúsia, uma nação perdida no tempo e não reconhecida pela ciência oficial.

Mas Rosa não conseguira se concentrar no estudo, como não se concentrara no romance “Rosa exangue” (curiosamente com o seu nome), assinado por Celeste Delfim Marinetti, a Centelha Azul.

“Eu tenho amor no coração, e uma missão sagrada que o exclui da minha vida. Se contasse a verdade a Johnny, comprometeria o nosso segredo. Como ele reagiria?”

Lá fora, no corredor, seus irmãos pequenos brincavam, alheios à ameaça do mal.

Ela ficara muito magoada com a pergunta do namorado:

— Você está envolvida em algum negócio escuso? O seu comportamento é muito estranho!

— Prove o que está dizendo — foi a resposta seca da garota.

E daí por diante não houve mais entendimento...

 

 

No próximo episódio o Espectro convoca uma reunião da Irmandade Ocultista dos Seguidores dos Grandes Antigos para ultimar o ataque definitivo à REM (Rede Energética Mundial) afim de contaminar a humanidade inteira com influência maligna e consolidar o domínio das entidades demoníacas conhecidas como os Grandes Antigos (Cthulhu e outras). Sailor Moon, que neste século 30 reinará em Tóquio de Cristal, terá de enfrentar esta nova ameaça? Ou as Centelhas Negras, agindo no Rio de Janeiro, darão conta?

Breve nesta escrivaninha:

 

CAPÍTULO 9

A INFECÇÃO ENERGÉTICA

 

Esta novela é uma fanfic cruzada de dois universos ficcionais: Sailor Moon (Naoko Takeushi, Japão) e os Mitos de Cthulhu e do Necronomicon (H.P. Lovecraft, Estados Unidos).

Imagem freepik.com.

 

 

 

 

Miguel Carqueija
Enviado por Miguel Carqueija em 03/11/2023
Código do texto: T7923379
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