A AMPULHETA QUEBRADA capítulo 6: O nome do assassino

 

CAPÍTULO 6

 

O NOME DO ASSASSINO

 

 

Uma grande mesa de mogno na sala de jogos foi utilizada para a reunião proposta por Lotar Camarral. Estavam presentes o Inspetor Ardósio , a detetive Elisberta, o agente de seguros Paul Conrado, o Doutor Lacustre, o Presidente da Irmandade da Sombra Persistente, além de Orpanto Ologumes e Ariel Lux, e ainda o proprietário do Castelo Iguatemi, Conde Odivaldo Ariosto. Os três anões, Uuk, Fitoshi e Gulpliss, também lá se encontravam, sentados juntos e trocando olhares ferozes com a elfa.

— Você está querendo dizer — resmungou Lux Everanto, com sua habitual arrogância — que essa joça aí vai nos dizer o nome do assassino?

— Perfeitamente, e vou demonstrar isso agora.

— O senhor não é um mago, a não ser que seja um mago secreto, o que é ilegal.

Lotar estava se esforçando para ter paciência com o homem da Irmandade da Sombra Persistente:

— Parece-me, senhor Lux, que eu expliquei que quem fez a magia foi o falecido...

— Conversa fiada. Ártemis estava agonizando, portanto a possibilidade de realizar uma tal magia...

— Não subestime o seu colega, Senhor Presidente — e Lotar escandiu as últimas palavras dando a elas, sem dúvida, sentido bastante irônico.

— Pois bem — Lux cruzou os braços. — Eu pago para ver.

O Conde Odivaldo, impaciente, andava de um lado para outro.

— Resolvam logo. Faça a sua demonstração, seu detetive.

Lotar não se fez de rogado. Pegou a ampulheta quebrada e cautelosamente derramou parte do seu conteúdo sobre a toalha da mesa. Derramou bem no centro.

Aproximou-se daquele montículo de areia dourada e pronunciou:

— Pois bem areia, diga por favor quem matou Ártemis Olovino!

— Patético — murmurou Lux Everanto.

No entanto a areia começou a se movimentar e avançou até formar uma linha reta de alguns centímetros. Então, parou.

Lotar pareceu ficar espantado. Olhou em volta. O médico cofiava os bigodes amplos; Ariel, com os dedos da mão direita pensativamente nos lábios e queixo, parecia observar o Presidente da Irmandade da Sombra Persistente, que por sua vez mantinha as mãos nos grandes bolsos e parecia acompanhar tudo atentamente; os anões resmungavam irritados e olhavam raivosamente para a elfa; Orpanto parecia suar frio; os dois policiais, Ardósio e Elisberta, pareciam estátuas; Paul Conrado tomava notas num bloquinho; o Conde Odivaldo coçava a cabeça, nervosamente.

Lotar voltou a observar a ampulheta. Nada.

— Então, senhor detetive? A sua areia está preguiçosa hoje?

— Não sei o que aconteceu... ela já havia se movido antes...

— Lamento, mas se a magia não se completa, nada feito. Não acredito que o culpado se chame “I”, simplesmente. Agora, permita que eu trate de coisa mais séria.

— Como assim?

— Já que estamos todos reunidos, vou pedir às testemunhas que digam o que sabem sobre a Princesa Elfa... mesmo que por enquanto tenha imunidades, nada impede que a polícia, aqui presente, anote os depoimentos para adiantarmos as coisas.

O detetive começou a protestar, mas Ariel pôs a mão no seu ombro.

— Isso é comigo, Lotar. Deixe que eu quero saber o que eles têm a dizer.

Uuk se ergueu e começou:

— Fomos nós que encontramos o corpo, lembra, Inspetor Ardósio?

— Isso me foi dito e eu interroguei vocês. Não me disseram muita coisa útil.

— É que estávamos em dúvida — disse Fitoshi. — Nós escutamos o que ele disse antes de morrer.

— Ele disse “Peguem a elfa”. Repetiu isso várias vezes e morreu — completou Gulpliss, torcendo a barba cinzenta e embolada como pelo de “poodle” que não é tosado.

— Ele só disse isso? — indagou Elisberta.

— Não, senhora; ele acrescentou: foi ela quem me atingiu. E roubou a espada!

— Isso é mentira deslavada — respondeu Ariel. — Eu não estou com espada nenhuma, só o meu florete.

— Perdão, mas a senhora se ausentou e foi na casa do Senhor Lotar, que é longe daqui, teve tempo de esconder a espada e até de entregá-la a estes senhores — e assim dizendo Lux indicou Lotar e Orpanto.

— A acusação está se desmembrando — ironizou Lotar.

— Iremos até o fundo da questão — foi a arrogante resposta de Lux.

— Senhor — interveio o Conde Odivaldo — de minha parte, tudo o que eu quero é a verdade completa, para que o Castelo Iguatemi não venha a sofrer danos em sua reputação...

— O senhor só se preocupa com a reputação do seu castelo? Um homem importante e respeitado foi morto — interrompeu Orpanto, irritado.

Ariel aproximou-se da mesa e chamou o detetive:

— Lotar, tente de novo.

— Tentarei.

Ele repetiu a ordem em voz alta, depois em voz mais alta, depois quase gritando. Isto só serviu para os anões caírem na gargalhada e o Conde reclamar daquela “palhaçada”.

— Desistiu, senhor detetive? — perguntou ironicamente Lux Everanto.

— Lotar, agora é a minha vez! Deixe-me tentar!

— Mas o que poderia você...

— Eu sou uma elfa, lembra?

— Sim, mas...

— A magia também perde a força com o tempo. Eu tentarei, com meus poderes.

— Está bem. Esteja à vontade e boa sorte!

Ariel então repetiu a mesma ordem que Lotar dera à areia. E desta vez ela se pôs em movimento.

E rapidamente, diante dos olhos assombrados de todos os presentes, apareceu o nome:

LUX EVERANTO

 

 

imagem pinterest/freepik

 

 

Brevemente nesta escrivaninha o epílogo desta novela policial.

Miguel Carqueija
Enviado por Miguel Carqueija em 30/10/2023
Código do texto: T7920215
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