A CIDADE DO TERROR capítulo 6: A Centelha Negra
CAPÍTULO 6
A CENTELHA NEGRA
(No capítulo anterior as quatro garotas, por sugestão de Eliana, voltaram a penetrar clandestinamente no museu para dar outra olhada no monolito negro, em busca de um esclarecimento sobre sua missão. Para sua surpresa, viram-se envoltas numa névoa e a entidade cósmica conhecida como a Esfinge falou com elas e declarou que as mesmas eram as pessoas escolhidas para resolver a Questão do Futuro - se a Terra pertenceria à Luz ou às Trevas. Mas antes que terminassem de conversar os guardas do museu apareceram.)
Passado o choque inicial, Eliana comandou:
— Fujam!
— Para onde? Não tem para onde! — falou Celeste.
— Tirem essas máscaras! – gritou uma das mulheres. — E sem demora!
— Nunca! Para trás do monolito! — comandou Eliana.
Os guardas sacaram suas pistolas anestésicas. Quando dispararam, o efeito foi surpreendente. Atingido por projéteis, o monolito revidou com uma descarga espantosa que arrojou ao chão a meia dúzia de guardas; ao comando de Eliana, as garotas pularam por cima dos esbirros e se precipitaram corredor afora. Pegaram a escada mais próxima e perderam-se naquele labirinto, com os guardas em seu encalço. Um dos lances de escada estava interditado por uma porta metálica; elas pegaram outro corredor e correram como papa-léguas, esfogueadas, perseguidas pelos gritos irados da equipe de segurança. Passaram por salas imensas, repletas de esqueletos de megatérios e titanossauros, múmias sumerianas, celacantos embalsamados, por uma concepção holográfica do demônio-polvo Cthulhu (a sala do Necronomicon), uma exposição de minerais da Lua, uma reprodução do cetro de Sailor Moon, uma sequóia petrificada estendida pelo meio de um imenso corredor, um vasto salão de quadros e grandes retratos de vultos históricos (Ptolomeu, Hans Staden, Touro Sentado, Rainha Elizabeth II, Cleópatra, Semíramis e outros), uma coleção de quinquilharias diversas que elas derrubaram na corrida e uma exposição “artística” de pneus, que Cindy e Eliana lançaram rodando no caminho dos seus perseguidores. Finalmente viram-se numa sala que terminava em portas trancadas e sólidas.
Celeste se desesperou:
— Eliana, que está esperando? Transforme-se na Centelha Negra!
— Que está dizendo? Eu não sou a Centelha Negra!
— Tem que ser! Por favor, se transforme e nos salve!
— Isso! — juntou-se Rosa. — Você tem que nos salvar!
Uma outra voz interrompeu aquilo, subitamente:
— Ora, acabem com isso! Ela não é a Centelha Negra! A Centelha Negra sou eu!
As outras três se voltaram, espantadas:
— Cindy!
— Não pode ser! — exclamou Rosa. — Você não sabe caratê!
— Talvez não como Cindy. Mas como a Centelha... agora rápidas, me dêem as mãos!
— Mas... — balbuciou Eliana.
— Não discutam! Não ouvem os gritos? Eles estão chegando!
Fizeram uma roda: Eliana à esquerda, Rosa à direita, Celeste à frente de Cindy.
— Repitam comigo!
Ela pronunciou algumas estranhas palavras:
— Pelo poder do monolito negro... eu me transformo!
O mundo novamente se transfigurou ao redor delas. Uma espécie de ampulheta diagramática as envolveu, num universo em negativo, girando com elas cada vez mais vertiginosamente. Um vento misterioso levantou nuvens daquela poeira dos séculos, envolvendo-as sem engasgá-las, enquanto as quatro meninas giravam de mãos dadas. Toda a roupa e todos os acessórios sumiram de repente e a súbita nudez das quatro foi envolvida por um estranho uniforme, idêntico em todas, com exceção dos alamares de cores diferentes nos ombros.
Rosa, assustada, olhou para si própria:
— O que houve com a gente?
Cindy esclareceu: — Eu passei os meus poderes para vocês! Agora vamos agir!
Os guardas chegaram em tropel — e estacaram de espanto.
— O que?
— Que é isso? Quem são vocês?
— Onde estão aquelas quatro?
Cindy adiantou-se:
— Vamos. Ataquem comigo!
Arrojou as centelhas de suas mãos e as outras, a princípio com timidez, a acompanharam. As armas dos guardas não puderam funcionar; eles entraram em pânico e fugiram em polvorosa. De brincadeira, elas ainda os perseguiram por alguns corredores, mas depois Cindy achou melhor comandar a retirada.
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— Nós todas somos Centelhas Negras — disse Rosa, já na privacidade do seu apartamento e do seu quarto. — Ou só você é realmente?
— Eu diria que vocês são as Centelhas auxiliares. Eu mesma não entendo de todo a lógica disso.
Celeste, contemplando uma estatueta de grifo, ajuntou:
— Pelo que entendi, nós teremos que salvar o mundo. Quem diria, hein? Afinal, somos só quatro garotas...
— Nada de nos subestimarmos — ponderou Eliana. — A Esfinge não nos teria escolhido se não pudéssemos... se não valêssemos.
Cindy encarou Eliana. Sabia que aquela sua amiga era mais despachada que as outras:
— Sabíamos desde o princípio que havíamos sido iluminadas pelo monolito. Sabemos que coisas terríveis estão acontecendo nesta cidade. Se nós não pudermos deter este mal, ele se expandirá pelo mundo... pela rede mundial energética... contaminará a rede satelítica... e a Tóquio de Cristal terá de agir. Ou seja, poderá ocorrer uma guerra mundial.
— Mas Sailor Moon detesta guerras — objetou Celeste.
— Ela fará tudo o que puder para defender a humanidade. Mas nós podemos impedir que a coisa chegue a esse ponto. Vamos pelo menos tentar.
Eliana se ergueu e estendeu a mão com a palma para baixo:
— Façamos um pacto. Vamos nos dar as mãos e nos comprometer a agir, a lutar até a morte contra as forças do mal.
Todas elas estenderam as mãos e formalizaram o pacto.
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A equipe das Centelhas esta´agora definida e Cindy Darling revelou ser a Centelha Negra, a líder natural do grupo. A missão do quarteto também foi definida, na guerra espiritual que se trava no mundo: combater os magos das trevas conhecidos como os Antiguistas, seguidores da doutrina do Livro dos Nomes Mortos (Necronomicon).
No próximo episódio o embate de Cindy, Eliana, Rosa e Celeste contra os bandidos da gang dos Anjos Negros deriva para um grande confronto com a polícia especial do prefeito: os Macacos Negros.
Breve nesta escrivaninha
A CIDADE DO TERROR
CAPÍTULO 7
A BATALHA DO RIO DE JANEIRO
"A Cidade do Terror" é uma fanfic cruzada que se passa nos universos do Necronomicon (H.P. Lovecraft, Estados Unidos) e de Sailor Moon (Naoko Takeushi, Japão).