Estação felicidade

Capítulo 1

O sol nasceu no horizonte, com seu brilho estonteante, anunciando um novo dia. os pássaros entoavam suas mais singelas melodias, como que agradecendo a Deus por mais um lindo amanhecer. O verde das árvores sopravam sua mais suave brisa, sentida pelas pessoas que habitavam na moderna cidade de Estação felicidade.

Pedestres iam e vinham, assim como ciclistas e automóveis, cada um realizando suas tarefas rotineiras.

O ônibus estacionou no ponto, perto da praça.

- Filha, filha... - tio Adamastor cutucou carinhosamente sua sobrinha, que abriu os olhos. - É aqui. Chegamos!

A jovem Selena desceu e olhou em volta, respirando o ar puro, com um sorriso angelical nos lábios.

- Estação felicidade! - murmurou.

- Nosso novo lugar! A cidade feliz. - seu tio completou. - Como mudou tudo por aqui! De uma simples aldeia, se transformou em uma bela área urbana.

Um carro luxuoso passou por eles. Os olhos de Selena se cruzaram com os do motorista, um belo rapaz, que lhe correspondia ao olhar, extasiado. Alef se concentrou no volante , quando viu que Eugênio, seu sócio e amigo de infância, no banco do passageiro, percebeu seu embaraço. Disfarçou com um pigarro, vendo o sorriso nos lábios do companheiro.

Selena permanecia parada, com ar sonhador.

- Que príncipe!

Um garoto, que se aproximara para pegar a bola que viera parar perto deles, bradou:

- Acertou na mosca, moça! Aquele ali é o doutor Alef Guerra, o príncipe da cidade. Homem mais rico da região!

Selena sorriu.

- Sério?

- Viu só, filha? Agora você conhece um príncipe. E pelo jeito ele passou na sua interpretação. - tio Adamastor lhe sorriu, matreiro.

- O que o senhor está querendo dizer? - Selena deu de ombros.

- Nada. Vamos embora!

- Tem uma pensão logo ali. A melhor da cidade! - o garoto voltou a falar.

- Obrigado, filho. Já temos nosso lugar. - tio Adamastor tirou umas moedas e ofereceu a ele. - Tome, Isso é pela sua gentileza!

- Obrigado, senhor!

- Pepeu, Pepeu! - uma garota de cachinhos loiros correu até o menino, com um livro nas mãos.

- O que foi, Belinha? Você parece que viu um fantasma!

- Você nem sabe. Está uma confusão daquelas na pensão da dona Marieta. O Rick, você nem imagina o que ele fez. - Belinha suspirou.

- Será que ... a gente pode ajudar? - Selena se adiantou, preocupada.

***

- Isso é uma lástima! Olhe que horror! - dona Marieta se lamentava. - Ah, mas eu mato aquele pivete!

A vidraça da porta da frente da pensão estava só os cacos no chão.

- Um estilingue! Aquele menino quase acerta uma pedra em um cliente. Uma tragédia podia ter acontecido.

- Precisamos chamar a polícia. Aquele fedelho precisa ir para um reformatório. - o garçon opinou.

- Ora, Conrado! Eu não posso fazer isso. A pobre mãe dele não merece esse martírio. Mas infelizmente, terá que saber disso. Ainda por cima a cozinheira desmaiou de susto. Isso atrasará o almoço dos clientes.

- Por isso que esse pestinha apronta todas! Todo mundo fica com peninha da mãe.

Dona marieta olhou-o com repreensão para o garçon.

Selena se adiantou a frente da pequena multidão de curiosos e falou:

- Eu sou boa em fazer pratos. Se quiser, posso ajudar no almoço.

- Eu não a conheço.

- Selena. Cheguei a pouco na cidade. Esse é meu tio Adamastor.

- Bem, sejam bem-vindos! Você faria o serviço de cozinheira?

- Mas é claro! Eu aprecio muito a arte de cozinhar.

- O garçon olhou-a, encantado. Dona marieta sorriu, arqueando uma sobrancelha.

***

Na empresa Iogurtes estação, tudo corria normalmente. Em sua sala, Alef rodopiou na poltrona giratória.

- É, Eugênio ... você sabe me falar a respeito dos novos moradores de Estação felicidade?

- O que é isso? Alguma pesquisa de governo ou algo parecido? Você agora pertence ao grupo do IBGE?

- Não. Como o príncipe dessa cidade, eu preciso estar informado. É, chega muita gente nova ultimamente por aqui?

Eugênio piscou.

- Ah já entendi.

- O quê? Não há nenhum enigma a ser decifrado.

- A garota!

- Que garota? Do que está falando?

- Não finja, Alef! Você acha que não percebi como olhou para aquela ... princesinha?

- Ora, não seja ridículo, Eugênio! Aquela ... criatura esfarrapada! Pare de falar besteiras!

- Um banho de loja transforma qualquer gata borralheira em princesa. Essa história toda de interesse sobre novos moradores ... isso tem nome. Caça a uma determinada princesa!

Alef se levantou e andou pela sala.

- Acho que esse seu noivado está mexendo com seus neurônios. Você vê tudo em formto de coração.

- O amor deixa tudo mais colorido, meu amigo.

- Eu tenho mais com que me preocupar. - ele voltou para sua mesa e começou a assinar papéis. - Isso aqui é o amor da minha vida. A iogurtes estação!

- Sei - Eugênio assentiu, irônico.

- E por falar nisso, como vão os preparativos para o casamento?

- Tudo encaminhado. Salão de buffet, igreja, flores! Só falta chegar as alianças!

- As algemas, você quer dizer. -Alef brincou.

- Algemas do amor! Como é bom estar algemado!

- É, quando se é correspondido. - Alef olhou para a parede, melancolicamente.

***

Aconteceu que o almoço preparado por Selena foi um sucesso. Elogios reinaram na pensão.

- Você tem maos de fada, menina! - Dona Marieta falou.

- Essa menina herdou esse dom. Deve ser por isso que sou assim tão gordinho. - tio Adamastor brincou.

- O senhor está em ótima forma. Não se preocupe. Agora você, menina, se quiser trabalhar conosco, saiba que será muito bem aceita.

Selena arregalou os olhos.

- Eu? Trabalhar?

***

- Eles vão morar perto da floresta? - Pepeu quis saber ao certo.

- Claro! No casebre. Eu ouvi ela falando para dona Marieta. Você sabe o que isso quer dizer? - Belinha balançou os cachinhos.

- Que eles são malucos! A gruta ... a luz que foi vista nessse últimos dias. Eu hein? Me arrepia só de imaginar viver perto de um lugar assim. - o garoto se encolheu.

- Medroso! Não era isso que eu ia dizer. Os magos do livro!

- Denovo essa história? Isso já é fixação! Espera aí! Você não está querendo dizer que ... - ele riu.

- Ela tem jeito de ... ah, eu não vou mais falar! Mas eu vou descobrir tudo.

- Está maluca!

***

O casebre era magnífico. Haviam muitas tralhas velhas e empoeiradas, que com muito trabalho e um toque de mágica, Selena conseguiu ajeitar. Como estava cansada, tanto ela quanto seu tio, ela se deu ao direito de usar seus poderes. Poderes que pretendia descobrir de onde se originara. Esse era o motivo de estar ali.

- Você precisa evitar isso. - seu tio avisou. - Você quer começar uma nova vida, precisa aprender a viver como simples humana.

- O senhor tem razão. Eu já cansei de ser tratada como se fosse um ET por isso. Deus me livre de alguém aqui saber desse meu ... segredo! Mas é que nossas forças já não suportavam mais tanto peso.

- Venha, vamos até a cachoeira!

A cachoeira era imensa. A água era cristalina . Tio adamastor pulou.

- Vem, filha! Está fresquinha.

Selena pulou e os dois brincaram como crianças.

***

- Doutor Alef, chegou essa correspondência hoje cedo! - a secretária lhe entregou um envelope pequeno.

- O que pode ser? Sem remetente? Que estranho! Obrigado, Ruth! Ah, e não esqueça de fazer a lista de produtos que estão faltando para nossa produção. Nossos iogurtes não podem faltar e as vendas estão indo de vento em polpa.

- Sim, senhor!

Alef abriu o envelope e desdobrou a folha, que estava escrito com letras de reistas recortadas: "Teu pai te chama".

- O que é isso? - Murmurou, empalidecendo.

***

Selena andava em volta da cachoeira.

- Ai meu Deus! Eu preciso de uma luz. peciso de uma pista para decifrar o segredo desses poderes.

Selena se concentrou e luzes coloridas se formaram a sua volta.

- Que o caminho para a descoberta se abra a minha frente.

Andando mais um pouco, viu-se diante de uma grande pedra.

- Que pedra enorme!

Tio Adamastor veio mais atrás, sem perceber Belinha, quem vinha se esquivando por detrás das árvores.

- Aiiii! - ela pisou em um espinho que lhe furou o chinelo.

Tio Adamastor voltou-se para trás.

- Quem está aí?

Selena, diante da pedra, a tocou e fechou os olhos. Sentia uma forte energia.

- É você. Em você se esconde o segredo. O segredo que pode mudar a minha vida.

De repente, uma forte luz veio do interior da pedra e a iluminou por inteiro. Selena sentia-se vislumbrada, como se seu corpo flutuasse. Sentia-se como se fosse um vagalume.

- Fale comigo! Fale quem sou eu?

A luz se tornou ainda mais brilhante.

- Há muito tempo eu espero por uma resposta. Eu sou uma ... maga?

Uma voz estrondosa se fez ouvir.

- Oh, minha doce maga!

Selena abriu a boca, atônita e meio confusa.

- Selena!

A voz de seu tio fez com que a luz se apagasse e Selena caiu para trás, desmaiada.

- Filha, filha, o que aconteceu? - Tio Adamastor correu, pegando-a nos braços, - Acorde, Selena!

- O que aconteceu com ela? - Belinha veio correndo.

Tio Adamastor a olhou, espantado.

- Ah, era você, menina? Você estava me seguindo?

Belinha engoliu em seco.

Continua...

Célinho
Enviado por Célinho em 18/04/2023
Reeditado em 11/07/2023
Código do texto: T7767228
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