GATO PEGANDO UM PÁSSARO — PICASSO (1939)

GATO PEGANDO UM PÁSSARO — PICASSO (1939)

A FUNÇÃO MACRO NA sociedade é exercida por políticos e demais autoridades dos principais poderes. As personagens legislativas do Congresso, por exemplo: os cortesãos ladinos, malandros, corruptos e astuciosos, membros dos demais poderes republicanos. O caro leitor talvez esteja mais interessado na narrativa da unidade Micro, relativa aos “micróbios” da sociedade: as pessoas de poder aquisitivo menor, que votam nos finórios pseudocivilizados para que lhes roubem o dinheiro dos impostos em conluios que canalizam as verbas secretas em direção às suas contas pessoais bancárias.

AS SEÇÕES PROTOCOLARES da burocracia oficial, roubam, de todos os lados, a sociedade em seu escalão Micro: milhões de crianças e adolescentes jogados no lixão da manipulação das verbas secretas danosas à falta de investimentos em cultura: educação, dramaturgia, cinema, editoras, formação escolar e universitária. Os deficientes do SUS, salários de professores suficientes para que se mantenham cansados, revoltados, carentes de incentivos profissionais.

NO INTERIOR DO LAR DE Paizão Coisinha e de sua mulher, reinava a educação para a subordinação de corações e mentes ao ideário do capital mercantil. Seus filhos e filhas serviriam ao poder político, econômico e social de forma ampla e inquestionável. Seriam metáforas do que foram eles próprios no cenário de uma sociedade devastada pela sodomização precoce de suas crianças e adolescentes. A descendência eles condenaram de antemão à manipulação fácil de hierarquias da ordem e do progresso de uma autocracia civil e militar dedicada à subordinação das conveniências de mando e do desmando de seus subordinados. Civis e militares.

A CRIATURA À QUAL EU deveria chamar de mãe, me puxava o tapete por todos os meios possíveis. Chegou um momento em que ela me chamou para me convencer a não insistir em fazer uma viagem que eles programaram para o Rio de Janeiro. Não adiantou eu reivindicar meus direitos de filho e irmão mais velho, porque ela e o marido os aboliram completamente, devido ao fato de que qualquer investimento em minha educação, ou vestiário, significava um dramático:

— “Tirar o pão da boca dos irmãos menores”. Estes, em total acordo com ela.

ELES FODERAM À vontade meu futuro. Ela pariu um filho atrás do outros durante vinte e cinco anos. Lamentou insistentemente os quinze abortos que suas barrigadas não seguraram. E eu, seria a vítima principal de sua Família Trapo, por ser o primeiro de dez pequenas assombrações que para eles cresceriam em problemas que mal conseguiam ir empurrando com a barrigada. Passavam muitas vezes os sábados e domingos jogando cartas, num jogo de “buraco negro” com vizinhos e conhecidos de novenas e amizades forjadas na proximidade de conhecimentos aleatórios.

A EDUCAÇÃO DOS OUTROS noves tinha por padrão o incentivo deles em me estigmatizar como sendo uma criança e um adolescentes que não merecia nada, exceto a execração de todos, simplesmente pelo fato de que havia nascido anteriormente a todos os outros, e por isso mesmo não merecia senão a execração deles. Eu reivindicava meus direitos, mas ela sempre afirmava que eu não tinha direito algum. E que devia aceitar, sem questionamentos, ser o “cordeiro do sacrifício”. O “bode expiatório”.

O MARIDO DELA, ELA subordinou e amontoou de necessidades. Para ela, ele servia de prisioneiro subjugado às necessidades cada vez mais prementes da precária sobrevivência familiar. O pascácio Paizão Coisinha vivia atrelado às solicitações dela. De nada adiantava ele chegar por vezes a ela e, trêmulo de raiva contida e explícita revolta por estar vinte e quatro horas por dia sob a tensão de atender pacientes do então Inps, reclamar dela que não era possível que ela não estivesse vendo que ele não aguentava mais uma boca a mais por ano para alimentar, vestir, calçar, promover a educação escolar com todas as despesas que daí estavam advindo e se acumulando, “tirando o couro” dele. Explorando ao máximo sua mais valia de trabalho escravo. Além do que suas energias esgotadas poderiam aguentar. Mãezona Brunilda não estava nem aí.

SUA BRUNILDA CÔNJUGE havia se transformado numa carniceira fanática. Ela tirava o couro dele, como se dizia na gíria dos trabalhadores escravos explorados até o estertor. O argumento dela era sempre o mesmo e não tinha nada de refrescar suas solicitações e protestos. Todo ano lá estava ela parindo mais uma boca para o serviçal escravizado alimentar. Futuramente, quando eu já estava adulto, uma psicóloga me disse, em conversa pós sessão de terapia:

— “Ela nunca quis outra coisa que não fosse um lugar para dormir, fazer suas necessidades básicas e se alimentar”.

— Um lugar de cama, banheiro e cozinha.

— Os filhos serviam para algemá-lo, cada vez mais atrelando-o a um esquema no qual ela pudesse alegar as dificuldades que teria se fosse por ele abandonada. — Completei a avaliação dela, dizendo:

— O marido era um fraco, sem força moral e intelectual. Um demônio menor na hierarquia do inferno social. Ela aproveitava suas fraquezas ao grau máximo que poderia extrair dele. Ela o escravizava mentalmente por saber controlar sua mente, devido a algum trauma ou lesão psicológica que ela conhecia dele, e usava para manipular seu psiquismo raivoso, revoltado e amedrontado.

— Mas quem arcava com as consequências de todas essas falhas de caráter de ambos, era eu. Os demais filhos e filhas eram mais poupados. Uma maneira covarde de torná-los, a todos, incondicionais aliados deles.

O MIX DE CÃO, HIENA e gato escaldado em que Paizão se transformou, mordia cada pássaro preso entre seus maxilares, na “gaiola das loucas” de seus familiares. Cada filho ou filha cativo da intimidade de seu colo de pederasta pedófilo na rede de tucum da sala de jantar. Mas as pessoas da sala de jantar... São as pessoas da sala de jantar...

DECIO GOODNEWS
Enviado por DECIO GOODNEWS em 20/02/2023
Código do texto: T7724005
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