PRIMEIRO LIVRO DE URIZEN (PLANILHA 15)
PRIMEIRO LIVRO DE URIZEN (PLANILHA 15)
MÃEZONA CANTAVA e encantava dezenas de canções de ninar. Dentre elas, esta que dizia: “Dorme, oh meu anjo lindo/Bem calmo sorrindo/Que eu velo por ti/Dorme, e sonha com a lua/Dorme sossegado/Que minha´lma é tua/Dorme que esse dia é findo/E a lua está sorrindo/A brilhar por ti/Dorme que meus lábios cantam/Esperam meu amado/Você dormir/A noite chega, a lua sorrir/Meus lábios cantam/Cantam por ti/Dorme, que a noite é da lua/Como minha´lma é tua/E eu canto por ti”.
A SONORIDADE emocional dessa canção soava pela casa como se fosse o hino entoado por um anjo do Senhor em homenagem a alguma divindade. Um anjo, que em certas comemorações que envolvem adoração e emoção daqueles que cantam em sua homenagem. Cantam por sentirem no fundo de suas mentes, a amorosidade intensa de seus corações. Eu me emocionava a ouvi-la. Não por muito tempo. Afinal de contas, ela agia no dia a dia, como se eu fosse alguém muito distante dela.
EU NÃO ERA mais uma criancinha. Eu não era mais um bebê. Ela cantava para todos os recém paridos, no berço de cada um deles, por algum tempo. Quando crescessem, saíam todos do interesse sentimental dela. E minhas necessidades de criança crescida, ela fazia dormir, quando eu mais precisava dela para me ajudar a investir em minha educação e me despertar em direção às reponsabilidades da vida adulta.
ELA CANTAVA canções de ninar, como se seu canto fosse um acalanto, quando, realmente, era uma atração emocional profunda, que conduzia cada criança, desde o berço, em direção ao Inconsciente Pessoal dela, que representava o buraco negro da escuridão. Seu canto soava como se da garganta de um Anjo do Senhor. Anjo do Senhor tenebroso das trevas, que mantinha vivo seu DNA através do tempo. Das gerações, das eras. A criança quando crescesse, não mais seria uma atração para ela. Então, ela se dedicava a seus bonecos e bonecas. Os quais podia moldar conforme sua insana vontade.
A ÁRVORE DA Vida para Paizão Coisinha, era um sapotizeiro. Uma árvore frondosa, plantada na área de serviço da casa no bairro Ilhotas. O sapoti, fruto do sapotizeiro, originário da Ásia, América Central e Oceania. Fonte de vitaminas A, C e do complexo B, que funcionam como aliados da imunidade. Altas temperaturas e umidade favorecem seu crescimento que pode atingir até 15 metros. O sapotizeiro atrai morcegos e problemas decorrentes de colônias destes. Três dessas espécies se alimentam de sangue.
PAIZÃO SE orgulhava de ter plantado o sapotizeiro. Distribuía seus frutos abundantes a vizinhos. Paizão era, ele mesmo, um morcego. Um morcego humano que controlava o sistema nervoso central dos filhos que haviam sentado em seu colo de pedófilo. Uma vez crescidos, já adultos, ele gostava de magnetizar suas mentes a partir de seus traumas. Uma vez silenciadas na infância. Elas tinham medo, mas, que podiam fazer para sair da dependência anímica nefasta que ele criava nelas??? Lembro-me ainda daquela energia que de seu corpo e mente emanava quando tentava me fazer absorver por pelo negror de uma neblina que me envolvia a alma infantil. Eu berrava desesperadamente. Tanto, que ele perdia a paciência e por vezes me lançava no solo frio da sala da casa antiga.
EU FICAVA coberto de escoriações. E continuava berrando, até que, finalmente, Mãezona vinha em meu socorro. Aquele morcego humano se alimentava da alma singela de suas crianças para infundir um princípio de dominação anímica macabra, que se prolongava pela vida adultas. Ele sabia atrair na alma adulta da prole, a alma infantil que nela, memória astral, ainda estava lá, disponível.
PAIZÃO SABIA como acessar a espiral de DNA de suas crias. A árvore da vida de Paizão Coisinha, era um lugar de reunião de morcegos familiares que tinham a mesma tecnologia de acesso à alma infantil de seus filhos. O Inconsciente Coletivo Familiar Mundial, de uma enorme colônia universal de morcegos que haviam induzido os filhos pequenos, à entrega de suas almas ingênuas, uma vez dominadas pela infiltração das trevas da pedofilia nelas. Ele sabia como atraí-las ainda tanto tempo depois de escravizadas.
O ATO SEXUAL possui uma sensibilidade especial, uma expressão intencional de busca de prazer e reciprocidade. Uma criança exposta às taras de um pedófilo, não tem como fugir da empatia forçada à qual é submetida. Uma vez submersa nessa intencionalidade, fica nela presa e exposta aos malefícios da intenção adulta. A memória dessa experiência traumática não é facilmente recuperada pelo adulto que a sofreu quando criança. Paizão fazia parte desse Inconsciente Coletivo Traumático Universal, que de há muitas gerações vem impondo suas mazelas e problemas, através do ato libidinoso covarde, com intuito de aproveitar-se futuramente desse crime para o qual não há punição.
NÃO HÁ PUNIÇÃO porque perpetrado pelo criminoso nos mais subterrâneos nichos do “lar amargo lar”, onde ninguém mais tem acesso a um pai que traumatiza o filho ou a filha com atos de pedofilia, como se estivesse a brincar de satanizar sua alma e, posteriormente a ela ter acesso, a partir do gatilho de uma memorização PSI da qual nem a criança nem o adulto vitimado sabem como dela sair.
AS CRIANÇAS esperam dos pais amorosidade e empatia à sua condição de ingenuidade. A pedofilia não respeita essa condição. Essa paternidade criminosa sabe, tem plena consciência, de que as crianças têm medo do que não conhecem. Não há amor nem afetividade no sexo com crianças. Há maldade que traumatiza sua fragilidade. Crianças carecem de respeito enquanto seres humanos indefesos às taras de seus pais que não sentem obrigação de respeitá-las.
O ÓDIO, A raiva, a ira que subjaz no Inconsciente Pessoal dessas crianças traídas, acompanham os adultos que se tornarão futuramente, seres frustrados, que não conseguem fazer fluir harmoniosamente a energia vital contaminada na aquisição de suas experiências na escola, nos grupos de conhecidos, vizinhos, nos relacionamentos com outras crianças e jovens também vitimadas. Essas crianças e jovens não sabem como sair da arapuca em que seus tutores inseriram em suas semiconsciências malbaratadas. Transformam-se, grande maioria deles, em fantasmas de seus fantasmas.